ASSIM VAI A POLÍTICA LOCAL

Os amáveis leitores aqui do blogue continuam a prendar-nos com as suas mensagens, o que muito nos agrada e alegra. E há muita variedade. Um deles, disse para nos irmos catar. Outro, alertou para a situação pouco confortável de Corvêlo de Sousa, cuja oratória, na sua opinião, não está à altura das circunstâncias. Outro ainda, adiantou que o problema não é a oratória do candidato PSD, mas sim o facto de o PS não ter ninguém capaz para o enfrentar. Se a estas três posições juntarmos a opinião do Dr. Bento Baptista, que disse ao Mirante ser Corvêlo de Sousa sensível, com uma certa cultura e boa pessoa; e os outros boas pessoas; temos de convir que o panorama não é nada animador. E torna-se ainda mais lúgubre quando se pensa que o Dr Bento Baptista nunca foi, nem é, um extremista, foi fundador do PSD, onde ainda está inscrito, e faz parte da camada média-alta do microcosmo tomarense. Se até aí, na auto-designada boa sociedade nabantina, usualmente tão conformista, reina um certo desânimo e muita angústia, que podemos esperar do escrutínio de Outubro, caso não ocorram mudanças importantes entretanto?

Seriamente preocupados com tal situação, ao contrário do que possa pensar o nosso amável contraditor, que nos acha lerdos, ou mesmno estúpidos, metemo-nos ao trabalho, de forma a apresentar uma peça essencialmente política, conquanto infelizmente ainda sem abordar os graves problemas do proletariado tomarense, numeroso e esclarecido, como se sabe. Adiante...

Obedecendo ao que nos ordenaram, fomo-nos à cata (catar é ir à cata) de piolhos, pulgas, percevejos, carraças e outros parasitas. Idenfiticámos vários, mas todos bípedes e muito mais evoluídos que os mencionados acima. Paciência! Fica para a outra vez. Quanto aos tais parasitas bípedes, mais ou menos evoluídos, há várias sub-espécies -tomarenses, tomaristas, tomarudos, tomarecos e metecos. Os tomarecos, geralmente contracção de tomaristas+tomarudos+metecos, são os mais difíceis de suportar. Embora habitando há pouco tempo nas margens do Nabão, e sempre dispostos a viajar sem regresso para outras paragens onde lhes paguem melhor, proclamam alto e bom som que são mais tomarenses do que os nativos de Tomar. E, segundo dizem, até já fizeram mais por esta terra que os tomarenses todos juntos, apesar de ninguém agradecer nada. Ingratos, é o que é!

Terminada a busca dos piolhos e outros parasitas, apareceu-nos a ideia de abordar um assunto delicado -as autárquicas de Outubro próximo e os candidatos actualmente no terreno. Tudo devidamente pesado, os coisas poderão não vir a ser tão trágicas como agora parecem. Bastará continuar a pressionar, mencionando a abstenção, o voto branco ou nulo, no sentido de que haja mudanças, tanto no que toca a cabeças de lista como a programas eleitorais. Afinal, até ao lavar dos cestos ainda é vindima, e ainda faltam quase sete meses.

Agora sobre os candidatos em liça, impõe-se uma apreciação mais fina e mais justa, partindo naturalmente do que já foi dito anteriormente e é, por isso, do domínio público. A saber -são todos boas pessoas e o actual presidente até é sensível e tem uma certa cultura. Então e os outros dois, não têm também qualidades? Pois claro que têm, como adiante se demonstrará. Antes porém, pareceu-nos conveniente precisar que todos (Corvêlo, Pedro e Victorino) são diplomados do ensino superior, são tomarenses e fazem parte da tal camada média-alta. Corvêlo nasceu na Praça da República, filho de um ilustre advogado goês e de uma senhora da alta sociedade, igualmente goesa. Pedro é filho de um negociante de leitões, originário das faldas da Serra da Estrela, e um membro da antiga fraternidade de Fábricas Mendes Godinho, que lhe facultou todas as condições para se formar em direito, em Coimbra. Victorino é também tomarense, filho de um oficial da Força Aérea, do tempo em que ainda havia aviões em Tancos, e de uma senhora espanhola. O pai foi igualmente um importante construtor civil, nas horas vagas, bem entendido.

Sendo certo que ninguém escolhe a família de sangue, nem o local de nascimento, ainda que significativos, porque esclarecedores de certos detalhes, os elementos acima valem o que valem. Vamos, por isso, ao que interessa e depende essencialmente dos próprios candidatos, tendo em atenção que, designadamente em questões comportamentais, nada é absoluto, tudo é relativo. Ninguém é inteligente em absoluto, mas sim inteligente ou não relativamente a outros. Nestes precisos termos, passemos à apreciação humana dos candidatos, naturalmente subjectiva e a aguardar melhores opiniões eventuais, devidamente fundamentadas.

Corvêlo de Sousa, já o sabemos, é relativamente culto, relativamente honesto e relativamente sensível. Pedro Marques é relativamente credível, relativamente prático e relativamente sensato. Victorino é relativamente empreendedor, relativamente previsto e relativamente eficaz.

Se nada de extraordinário ocorrer daqui até lá (e era bom para a cidade e o concelho que

ocorresse), os leitores dirão se são ou não qualidades suficientes. Para já, a opinião dominante nos cafés citadinos é a de que os três juntos dariam um presidente médio. Vamos aguardar.