sexta-feira, 5 de junho de 2009

AS COISAS COMO ELAS SÃO...

António Rebelo
Termina daqui a duas horas a campanha eleitoral para as eleições europeias, a qual não vai deixar boas recordações a ninguém. Para os diferentes partidos e agrupamentos, foi um evidente martírio, face ao manifesto desinteresse dos eleitores. Para os cidadãos, foi mais uma maçada, tanto nas ruas como na TV, com praticamente todos os intervenientes a esconderem o jogo o mais possível. Enquanto os partidários da UE com Portugal tiveram o cuidado de nada dizerem sobre o modelo de Europa Unida que defendem, os que já anteriormente eram e votaram contra a nossa adesão, assim como os que agora são realmente contra, acharam mais conveniente, em termos eleitorais, nada dizerem sobre o assunto. Por isso, tivemos uma campanha para eleições europeias com intervenções exclusivamente, ou quase, sobre assuntos da nossa política interna. Numa frase popular: Sobre a Europa todos meteram a viola no saco. Curioso!
Conforme já escrevemos, vamos votar PS no próximo Domingo, porque é a única maneira digna de mostrar agradecimento pelas substanciais ajudas vindas de Bruxelas, mas igualmente porque há no Parlamento Europeu dois grupos realmente influentes - O Partido Popular Europeu e o Grupo dos Socialistas Europeus. Um é a direita, o outro é a esquerda. Pela nossa parte continuaremos a votar na esquerda. E o bloco de Esquerda e a CDU? Simples animadores de bancada, nos intervalos das intervenções realmente decisivas dos dois grandes agrupamentos citados. Ou acham que têm algum peso real os que tencionam para lá ir defender a soberania, porque votaram contra a adesão ou querem simplesmente acabar com a UE e a moeda única?
Seguem-se as Legislativas, previsivelmente em 20 de Setembro, e as Autárquicas, a 11 de Outubro. Más datas para o PS a nível local, se entretanto de mantiver a tendência de voto indicada por várias sondagens, segundo as quais, em qualquer das hipóteses, Sócrates perderá a maioria absoluta, apesar de poder continuar a ser o partido mais votado. A ser assim, o PSD, revitalizado por resultados encorajadores, fará render a fruta até depois das autárquicas, para delas vir a tirar dividendos. Em Tomar, salvo sobressalto imprevisto, o PSD manterá a Câmara e a maioria, num cenário de PS sem maioria a nível nacional e com a lista neste momento previsível para a autarquia. Isto porque, raramente quem detém o poder o perde, sobretudo quando em igualdade de circunstâncias com as outras candidaturas, em termos programáticos, e com um cabeça de lista considerado pouco firme e activo, mas igualmente educadíssimo, dialogante, sensível, diplomata, acessível e de uma extrema simplicidade, em contraste com os outros. Vamos aguardar Setembro, para afinar ou corrigir esta análise. Até lá votem em quem quiserem ou como quiserem, mas votem! Fortaleçam a democracia que nos foi dada de bandeja há 35 anos!

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