quarta-feira, 17 de novembro de 2010

ALVITRES PARA A COMISSÃO DE TOPONÍMIA


Comecemos por esclarecer, por clarificar, que isto do português (e não só...) vai muito mal, ao que se diz por aí. Comissão Municipal de Toponímia é um grupo de cidadãos que se reúne para atribuir nomes aos sítios = topónimos.
Pois acontece que, nesta nossa adorada mas desgraçada terra (até quando?) muitos nomes oficiais cairam em desuso, enquanto outros nem nunca chegaram sequer a ser usados. Quem sabe, por exemplo, onde fica a Ponte Arantes e Oliveira ou a Avenida da Horta de El-Rei?
Antigamente, em tempos que também tiveram coisas boas, mas não nos deixaram saudades, quando Tomar era administrada a partir do Café Paraíso, havia uma série de comissões municipais, escolhidas a dedo, já se vê. Tivemos a Comissão Municipal de Turismo, a de Trânsito, a de Arte e Arqueologia, a de Feiras e Mercados, a de Toponímia... Dado que nos tempos que correm, apesar de votarmos de quando em vez, ninguém sabe se há ou não Comissão de Toponímia, e verificando-se que muitas designações oficiais são agora praticamente absurdas, ou pelo menos inadequadas, resolvemos alvitrar, que é como quem diz aconselhar ou sugerir, novos topónimos para os lugares públicos da urbe. Alguns poderão não gostar. Acreditem, porém, que foram todos maduramente ponderados, o que nem sempre acontece aqui pelas margens do Nabão. E está à vista de todos...
Abramos com a obra de todos os problemas -a Rotunda, cujo nome oficial é de Alves Redol, um respeitável escritor comunista do período literário do neo-realismo, que agora quase ninguém sabe quem seja, quanto mais ler-lhe as obras. Impõe-se, por conseguinte, um rebaptismo. Tanto mais que o topónimo actual nunca foi consensual, pois o impoluto cidadão nem sequer era tomarense, nem cá viveu.
Tudo devidamente pesado e amadurecido, o nome mais indicado será Rotunda das Obras de Santa Engrácia, ou Rotunda das obras que nunca mais acabam.
Mesmo ao lado, a até agora Ponte Nova, ou Ponte Eng. Arantes e OLiveira, em linguagem oficial. Com a construção da Ponte Paivina, oficialmente do Flecheiro, deixou de fazer sentido usar "Ponte Nova", que as pessoas confundem imediatamente com a citada Paivina, o que implica urgente rebaptismo da Arantes e Oliveira. Atendendo ao novo enquadramento paisagístico,  Ponte dos Paredões parece-nos o topónimo mais adequado.
Lá mais abaixo, no seguimento da Ponte Paivina e de ambos os lados da Av. da Horta d'El-Rei, temos apenas a Rua de Santa Iria,à esquerda, a Estrada de Marmelais, à direita, e a Av Dª Maria II, em frente. Falta portanto um nome para todo aquele vazio. Que tal descampado da Torre Sineira? Ou até descampado do Paiva?
A ponte dita Velha, à falta de melhor designação, é outro caso de carência de rebaptismo, tanto mais que velha não soa nada bem aos arautos da eterna juventude e da modernidade por encomenda. Tendo em conta as onerosas obras ali realizadas, não para a alargarem, como seria lógico, mas exactmente para o oposto, o topónimo mais indicado será agora "Ponte da banda gástrica". Ou preferem "Ponte do espartilho"?
Segue-se, do lado esquerdo, a popular Levada, dita Rua Everard, em termos oficiais. Visto que em política convém fazer  como no futebol, antecipando-se sempre que possível, meditando sobre a gigantesca empreitada prevista para os ex-Moínhos da Ordem de Cristo, a nova designação aflorou imediatamente: Rua do Museu Megalómano.
Subindo agora a Corredoura, a nossa Rua das Vaidades, ou Serpa Pinto para os carteiros, chegamos à antiga Praça de D. Manuel I, agora Praça da República, que os tomarenses sempre abreviaram para "a Praça". Visando tornar o local mais conhecido em virtude das suas funções reais, alvitramos três hipóteses: A - Largo dos armazéns de funcionários; B - Largo da central de telemóveis; C - Largo dos instalados à mesa do orçamento. O leitor fará o favor de escolher aquele de que gostar mais.
Restam-nos mais 4 topónimos disponíveis e prontos a utilizar: 1 - Largo do Hotel Retrete, em vez de Largo de S. Gregório; 2 - Praceta do guarda florestal, em vez de do Infante D. Henrique; 3 - Mata nacional das obras doidas, substituindo "dos sete montes"; 4 - Pinhal das antenas, e não de Santa Bárbara, como até agora.

E pronto! (Ou prontos, com diz agora a juventude). Não têm nada que agradecer! Sempre as vossas ordens, escravo da minha condição de cidadão...

PS (abreviatura de Post sciptum = depois de escrito; nada de confusões com o outro PS) - Já me ia a esquecer do Mouchão! Esta cabeça!!! Tendo em conta o desabafo do nosso amigo Bento Baptista -que não gosta nada de comer na Estalagem, porque dos Correios conseguem lobrigar qual foi a ementa escolhida- só vejo dois novos topónimos realmente adequados: Descampado António Paiva, ou Terreiro da barraquinha misteriosa. O leitor fará o favor de optar, que isto não é só aproveitar o trabalho alheio!

4 comentários:

Anónimo disse...

As Comissões quando bem geridas (e sobretudo quando não possuem carga política nem interesses financeiros adjacentes - por isso era bom que todos elementos trabalhassem "pro-bono") são úteis e podem contituir uma forma de contornar o marasmo reinante e promover o envolvimento de cidadãos válidos e interessados na coisa pública.

P.M.

Anónimo disse...

Pois é, senhor PM, o pior é que agora preferem dar lugar aos assessores. E estes não 'trabalham' por amor à camisola...
AG

Anónimo disse...

Um jovem de 26 anos, sem currículo profissional nem formação de nível superior, foi contratado, em Dezembro, como assessor técnico e político do gabinete da vereadora Graça Fonseca na Câmara de Lisboa (CML). Remuneração mensal: 3950 euros ilíquidos a recibo verde. Desde então, o assessor - que estava desempregado, fora funcionário do PS e candidato derrotado à Junta de Freguesia de Belém - acumulou esse vencimento com cerca de 41.100 euros de subsídios relacionados com a criação do seu próprio posto de trabalho.
Filho de um funcionário do PS que residiu até 2008 numa casa da CML com uma renda de 48 euros/mês, Pedro Silva Gomes frequentou o ensino secundário e entrou muito novo para os quadros do partido. Em 2006 foi colocado na Federação Distrital de Setúbal, onde se manteve até meados de 2008, ano em que foi reeleito coordenador do secretariado da secção de Santa Maria de Belém, em Lisboa. Entre os membros deste órgão conta-se a vereadora da Modernização Administrativa da CML, Graça Fonseca.
Já em 2009, Gomes rescindiu por mútuo acordo o contrato com o PS - passando a receber o subsídio de desemprego - e em Outubro foi o candidato socialista à Junta de Belém. No mês seguinte, perdidas as eleições, criou a empresa de construção civil Construway, com sede na sua residência, no Montijo, e viu aprovado o pagamento antecipado dos meses de subsídios de desemprego a que ainda tinha direito, no valor total de 1875 euros, com vista à criação do seu próprio posto de trabalho.
Logo em Dezembro, o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) aprovou-lhe também um subsídio, não reembolsável, de 57.439 euros, para apoio ao investimento na Construway e para a criação de quatro postos de trabalho, incluindo o seu. Deste valor Pedro Gomes recebeu 26.724 euros ainda em Dezembro, sendo 4086 para investimento e 22.637 para os postos de trabalho. No dia 1 desse mesmo mês, porém, o jovem empresário celebrou dois contratos de prestação de serviços com a CML, para desempenhar funções de "assessoria técnica e política" no gabinete de Graça Fonseca. O primeiro tem o valor de 3950 euros e o prazo de 31 dias. O segundo tem o valor de 47.400 euros e o prazo de 365 dias. O segundo destes contratos refere que os serviços serão prestados no gabinete de Graça Fonseca e no Gabinete de Apoio ao Agrupamento Político dos Vereadores do PS.

Anónimo disse...

E quantos milhares há como este por esse país fora,incluindo Tomar?

Vejam as coincidêcias de curriculum entre este pardalão e o senhor vereador Luís Ferreira.

Basta ir ao blogue dele e ver a sua vasta carreira profissional e fazer o exercício de quanto lhe terá valido em $ e €.

E quantos milhares de sobreviventes boys do PS e do PSD ainda espalhados pelo aparelho do Estado,pelas empresas públicas,institutos,fundações,autarquias,etc,etc.

São um sorvedouro,um poço sem fundo por onde se escoam muitos milhões ou até milhares de milhões de euros.

E viva a República!