quarta-feira, 10 de novembro de 2010

TAIS GOVERNANTES, TAIS AUTARCAS...

"A CAMINHO DO FUNDO"

Os mercados estão cada vez mais eloquentes na "análise política" da situação portuguesa. Negociando ontem num máximo histórico (a bater nos 7 por cento, a tal fronteira que chama o FMI) [Entretanto a taxa de juro da dívida portuguesa a 10 anos ultrapassou os 7 por cento. Porém, contrariando anteriores declarações do ministro das finanças nesse sentido, o ministro da economia foi à A.R. esclarecer que afinal não existe  nenhum limite máximo, para além do qual seja necessário e obrigatório solicitar a ajuda do FMI e da U.E. É a orquestra governamental em plena desafinação. Nota de Tomar a dianteira], a mensagem transmitida é muito clara: ninguém acredita no Orçamento para 2011, nem que ele venha a ser executado com rigor. Traduzindo no plano político, esta catástrofe significa tão-só que os mercados financeiros internacionais, por mais maléficos que possam ser, são hoje determinantes na sustentabilidade dos próprios Estados, e no que respeita cá ao burgo ninguém acredita em nós.
Recordando o recente optimismo caricatural de quem estava satisfeito por ver Portugal no Conselho de Segurança, e a selecção nacional a sair da enrascada em que se metera, a verdade é que o prestígio internacional de que gozamos é igual a zero. Os nossos políticos não valem um chavo, nem dentro nem fora do País. Todos nós enquanto sociedade não valemos um chavo prque não exigimos mais a quem nos governa e não exercemos uma cidadania activa.
Agora que a bancarrota é uma vertigem cada vez mais próxima, que a terapia agressiva do FMI bate à porta, talvez fosse a hora de limpar o balneário do sistema político, impondo regras draconianas às contas dos partidos [e dos independentes, adenda nossa] . Há que começar por algum dos muitos cancros que minam o corpo da democracia."

Eduardo Dâmaso, Director adjunto, Correio da Manhã de 09/11/10, página 2, com a devida vénia e os nossos agradecimentos ao jornal e ao autor. Negritos e azuis de Tomar a dianteira.

3 comentários:

Anónimo disse...

" Os nossos políticos não valem um chavo, nem dentro nem fora do País. "

Não querendo contrariá-lo, pois considero que tem razões para continuar com o seu "medina-carreirismo" (*), deixo-lhe apenas três nomes:
a) Durão Barroso
b) António Guterres
c) Jorge Sampaio.


(*) - novo sinónimo para "bota-baixo"

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

Num dos meus últimos comentários neste prestigiado blogue, contrapunha, a uma visão algo pemssimista de um artigo citado, uma outra, de um "jovem" cientista português, biólogo, que patenteava com factos o nascimento de um Portugal Moderno, que era preciso acreditar, e que íamos ser capazes.

Dizia ele que agora tínhamos "dois" países, um velho e outro novo; há 30 anos tínhamos apenas um, que continua, obviamente, a manifestar-se na nossa imprensa (e na nossa vida).

Mas hoje mesmo, no "Público", podemos ler um conjunto de páginas (suplemento de 8 páwginas sobre reunião REDE PME INOVAÇÃO COTEC),onde se divulgam, para além da PME portuguesa mais inovadora, cerca de 70 novas empresas inovadoras na área das novas tecnologias direcionadas para a exportação, e um surpreendente aumento das nossas exportações no último trimestre e que a inovação garantiu um crescimento médio de 50% ao ano.

Sem dúvida, estas notícias são veiculadas através de agências de informação, bem pagas, como o são (por outras formas indiretas de retribuição...) os "angelicais aqui d'el-reis que nos rogam", frase com que termina um artigo de Luís Lima no mesmo jornal, com o título "Os aqui d'el-reis de quem sonha com o regresso do FMI A pORTUGAL".

Há de facto uma outra parte de Portugal que convém divulgar, o Portugal Novo que está a surgir.

Qual deles vai vencer? É o que veremos nos próximos anos se por cá andarmos ainda.

Mas há agora uma "cidadania activa" e outra reactiva, o que é bom.

O momento é de realçar mais o positivo e, sem dúvida, a nossa fraqueza está, no meu entender, numa miserável "classe" política que tomou a golpe o nosso sistema partidário, salvaguardando muitas boas exceções. É urgente escorraçar de lá as ervas daninhas, culpabilizá-los por parte da dramática situação que vivemos, dizer-lhes que chegou a hora de desaparecerem da vida política e o melhor seria fazerem-no pelos próprios pés. Mas eles estão aí outra vez gulosos pelo poder para a tradicional restauração do velho.

Gostamos muito do nosso país, devemos gostar muito do nosso povo, pois fazemos parte dele, temos todos as virtudes e defeitos dele. Pessoalmente não conheço outro melhor e com mais dignidade.

Como diz o outro: YES, WE CAN!

Unknown disse...

Para anónimo em 11:51

Pode contrariar quando lhe aprouver, desde que o faça em termos urbanos, como é o caso, e respeitando a realidade, o que não é o caso. Se bem reparar, a prosa não é minha, mas do director adjunto do Correio da Manhã. Limitei-me a citá-lo e a acrescentar pequenos esclarecimentos.

Cordialmente,

A.R.