UMA IDA AO MERCADO EM MANHÃ DE NEVOEIRO

Levantei-me cedo e bem disposto, como é usual. Fiz a higiene pessoal, enquanto ia matutando que o Mourinho tem razão. Devemos fazer tudo com alegria, afinco e boa disposição. Como os jogadores do Real Madrid. Como os trabalhadores da AutoEuropa. Com cara e disposição de quem acaba de acompanhar um irmão à cova, como é costume aqui em Tomar, não vamos a lado nenhum. Avida nem sempre é fácil, mas também não é nenhum calvário, nem uma coisa chata e trágica.  

De forma que, olhei para o nevoeiro matinal e cogitei: -É hoje! É hoje que nos vai chegar o sempre aguardado e tão desejado D. Sebastião, com sacos e sacos de notas para nos dar. Que isto de trabalhar é uma grande maçada. E então poupar, nem se fala! Nosso Senhor tem lá muito para nos dar! E o Estado também. Mas é tudo uma cambada de invejosos...

Ali na Rotunda, contemplei novamente os candeeiros encavalitados uns nos outros, e fiquei a saber que resolveram enfim mandar cortar três choupos. Os outros quatro ficam para a semente - os dois que se vêem na foto e mais dois junto à moagem. Critérios...

No mercado, ao cabo de quatro meses de "seca", tudo vai voltando ao normal.  Aqui o mercado das flores.

Aqui o das leguminosas (grão, feijão, chícharos, lentilhas, favas secas...)

Aqui o do pão e dos bolos.

E aqui o da fruta e legumes, cá fora.

Dentro da barraquinha, que lá abriu passados quatro meses e perto de 400 mil euros (80 mil contos), um comerciante conhecido aproveitou para se queixar da burrice da câmara. Segundo disse, insistem em sobrecarregar os comerciantes instalados no interior (renda mensal, contribuições, taxas, descontos, contabilidade, impostos), mas deixam andar à vontade os que só vêm vender às sextas e aos sábados. Pagam uma miséria de terrado, não têm contabilidade organizada, não pagam renda , nem contribuições nem impostos; e alguns nem liquidam o terrado. Vão dando umas coisas aos funcionários, que vão fazendo vista grossa. O costumeiro porreirismo à portuguesa... Os ricos que paguem a crise! Se houver ricos que cheguem!

Apesar da falta de luz, pois a instalação não aguentou e foi-se logo abaixo, naturalmente por falta de potência, como acontece a muito boa gente, também encontrei comerciantes satisfeitos e até galhofeiros. Um deles disse-me que era tudo muito apertadinho, o que lhe fazia lembrar as meninas novas de antigamente...que as de agora já vai tudo esbeiçado. Fiz de conta que não percebi.

Quanto à barraquinha, opinou um outro que aquilo não chega à primavera. É demasiado acanhado, carecendo de espaços de circulação, não tem arejamento, nem está devidamente isolado. A ASAE vai muito provavelmente mandar encerrar outra vez "E então uma das inspectoras até é do concelho..."

Mesmo que a ASAE tenha dó e feche os olhos, mal chegue o calor ninguém vai aguentar lá dentro. Terão de instalar ar condicionado. Mais uns milhares de euros em perspectiva. Detalhe sem grande importância, que "a ordem é rica e os frades são cada vez menos". Gastam é cada vez mais, os malvados!