quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ANÁLISE DA IMPRENSA REGIONAL DESTA SEMANA


Abrimos com uma notícia desagradável. Mário Cobra, conhecido e apreciado redactor e cronista de Cidade de Tomar, resolveu deixar de colaborar no semanário dirigido por António Madureira. Contactado por Tomar a dianteira, confirmou o seu voluntário afastamento por razões pessoais, alegando ter chegado o tempo de gozar a aposentação. Há já algum tempo que o autor da habitual "Crónica de campanha" se vinha queixando de que a actividade jornalística lhe roubava cada vez mais tempo livre, impedindo-o de viajar ou de se ausentar de Tomar durante mais de duas semanas.
Em termos de conteúdo, o decano da imprensa local destaca os gastos municipais com a iluminação de Natal, que aumentaram 3 mil euros em plena crise, a entrada em funcionamento da tenda-mercado e uma entrevista de página e meia a José Gusmão, deputado eleito pelo Bloco de Esquerda no distrito de Santarém. Questionado acerca de "Sugestões aos portugueses sobre formas de se defenderem da actual crise económica e social", foi claro à sua maneira: "A primeira linha de defesa é a derrota desta política. Este é um momento em que é fácil cair no desespero, na resignação ou na indiferença. E é precisamente nestes momentos em que é mais importante a mobilização de todos os que querem um país e uma política governados por outras prioridades. A prioridade ao crescimento e ao desenvolvimento integrado de todo o nosso território, a prioridade à criação de emprego e a um estado de direitos. Essa mobilização é indispensável, não apenas para resistir, não apenas para protestar, mas para construir uma perspectiva de esperança, que é fundamental para o país."
Destaque também para um trabalho de António Freitas, sobre o olival português e os seus problemas, bem como meia página relatando a sessão com o escritor Lobo Antunes, na biblioteca municipal.
Crise chega à Misericórdia, Seis assaltos em Tomar, Tenda do mercado já abriu, titula O TEMPLÁRIO. Nas páginas interiores temos, sucessivamente, três páginas com "Assaltos não param", duas com a reportagem da abertuda da tenda-mercado provisório, uma com os vinhos dos Templários, outra sobre a vinda de Lobo Antunes e a subsequente sessão na biblioteca. A Feira da Golegã tem direito a uma reportegem de sete páginas, enquanto que na página 14, J.A. Godinho Granada apela claramente à insurreição ou mesmo ao golpe militar: "... ... Ou arrepiamos caminho imediatamente, ou nos perdemos. Já. Quem o assume? Quem pela força militar ou pela autoridade civil mete isto na ordem, impõe disciplina, restabelece princípios e valores, redime Portugal não com discurso supérfluo, inconsequente e demagógico, mas com a força moral do exemplo impoluto?" Após tão inflamado apelo, resta aos leitores a leitura das crónicas de João Simões, sobre o megalómano museu da Levada, e de Appio Sottomayor sobre o desaparecimento do reaklizador italiano Dino de Laurentis, para recuperar alguma calma interior.

O semanário de J.A. Emídio, que na nossa tosca opinião já esteve melhor, mantém contudo uma das suas virtude cardinais -tal como os bons cães de guarda, quando fisga uma perna só a larga a muito custo. É o que está a acontecer com o folhetim CMT/Luís Ferreira/João Fiandeiro. Está semana lá temos novamente direito -em manchete e tudo- ao protocolo celebrado entre o a autarquia tomarense, representada pelo citado vereador, e a Associação Portuguesa de Turismo Cultural, presidida por João Fiandeiro, ex-empregado d'O MIRANTE, que posteriormente o accionou judicialmente, acabando por chegar a acordo. A questão do dito protocolo já começa a ter barbas, pela que a sua elevação a manchete esta semana, cheira um bocado àquela célebre frase de Salazar: "Deus Nosso Senhor manda perdoar, mas não manda esquecer."
Quanto ao fundo do requentado tema, subsistem dois aspectos nunca até agora tidos em conta: 1- Os membros da citada associação não dispõem de qualquer título legal que lhes permita exercer as funções de guias turísticos, uma actividade tutelada pelo Estado, que apenas pode ser desempenhada por detentores da indispensável carteira profissional. Dada a circunstância de não haver em Tomar qualquer guia oficial nessas condições, a associação presidida por João Fiandeiro nunca teve qualquer problema com as autoridades. 2 - O facto dos membros da APTC serem licenciados ou mestrados em turismo cultural, não lhes confere, nos termos da legislação em vigor, qualquer habilitação para guiar turistas. Só os diplomados pelos cursos de Guias-intérpretes têm esse direito, não se percebendo qual ou quais os motivos que levaram a autarquia tomarense a nunca ter contratado qualquer profissional devidamente habilitado nessa área.
Ao ponto a que as coisas chegaram, quer-me parecer que à autarquia só restam duas opções: A - Carregar com a cruz até ao Calvário, que é como quem diz honrar o protocolo firmado até ao fim; B -  Mandar avaliar, por profissionais habilitados, as reais capacidades dos improvisados guias turísticos locais, denunciando depois o acordo em vigor com justa causa, no caso de se verificar que há motivos para tal. Caso assim não venha a ser feito, vamos ter assunto para meses e meses, podendo até suceder que os serviços prestados pelos membros da referida associação, em vez de cativarem os turistas, tenham nalguns casos o resultado inverso. Quem sabe?

9 comentários:

Luis Ferreira disse...

Estimado Prof.Rebelo

Acho de extremo interesse, mesmo relevante sobre a compreensão das reais motivações da avaliação que é feita sobre a colaboração entre a Associacao do turismo cultural e a Autarquia, desde 2008.

Ora vejamos: quando cheguei há um ano, encontrei um protocolo, que depois de duvidas e analises circunstanciadas, se concluir não estar na legalidade adequada e que eu reformulei, de forma a não estar enquadrado como "prestação de serviços" encapotada. Quando cheguei o trabalho essencial dos colaboradores dera Associacao era darem "apoio administrativo/técnico" a um colaborador permanente da autarquia, o qual funcionava num bunker autónomo e desagregado do resto dos seviços, situação que assim que pude terminei, como seria natural numa perspectiva de boa gestão publica.

Comigo esta Associação passou a colaborar com a comunidade tomarense, no âmbito de um protocolo tripartido, com o politécnico e com o município, melhorando a apoio ao visitante e ao turista, contribuindo de forma decisiva para o sucesso, apoiado nos números que tenho divulgado, que foi o ano de gestão no turismo, sob a coordenação da minha equipa de vereação.

Percebo o trauma e a inveja, pois usei exactamente os protocolos que já existiam e obtive muito melhores resultados do que anteriormente. Azarito!

Mas que Tomar tem estado a ganhar com esta colaboração, não tinha antes de chegar à Vereação, nem tenho hoje, depois de durante um ano com eles ter colaborado.

O sucesso de Tomar, com capacidade de acolhimento e acompanhamento a visitantes e turistas, especialmente no centro histórico, muito a eles já se deve.

O que é bom deve perdurar, o que é mau deve ser extinto. E se há alguma coisa a extinguir, só me recordo mesmo dos maus hábitos.
Mas reconheço que isto é apenas uma mera opinião, que vale o que vale.

Cumprimentos do Vereador Socialista até 2013

Anónimo disse...

O Sr. Vereador só não disse que levou ao executivo da câmara uma proposta de protocolo com esta Associação até 2013 - final do mandato - e que depois alterou para um ano.

Realmente contar a verdade toda pode incomodar!

Meia verdade ou menos já satisfaz os objectivos!

Anónimo disse...

Questões:
- A Rádio Hertz desenvolveu, ao longo da semana, a situação na Misericórdia de Tomar;
- O Jornal O Templário fez um muito bom trabalho sobre a situação na Misericórdia de Tomar;
- O Jornal Cidade de Tomar não publica uma linha sobre a situação na Misericórdia de Tomar, nem de discriçãp do Plano e Orçamento para 2011, apesar do seu Director, António Madureira, e o Garcia Esparteiro terem estado presentes na Assembleia geral daquele Irmandade:
Porquê ? A situação na Misericórdia,o terceiro empregador no Concelho, não interessa ?
Madureira como Provedor ? Alexandre como Provedor ?
Maria da Caridade

Anónimo disse...

E quanto custa por ano essa mancebia com o tal Fiandeiro que "meteu a mão no alguidar" do Mirante ?

E qual a relação custo/benefício - concreta,objectiva?

E mais: não havia alternativa local,mais económica e eficaz?

Ele chegou a acordo com o Mirante para evitar a condenação por ladrão,mas teve de repor a "massa" com que abusivamente se tinha locupletado,e ao que parece o sr. vereador pretenderá branquear - o acto e o carácter.

Cheira-me a esturro...

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

DESFERREIREM-SE...

Unknown disse...

Informação aos leitores:

O comentário anterior foi eliminado após publicação, por se ter constatado que constituía ofensa ao visado -o vereador Luís Ferreira- ao afirmar que não tem profissão. Segundo informação do próprio, continua a ser técnico de informática na Câmara Municipal de Alpiarça, o que pode ser verificado por qualquer interessado.

Anónimo disse...

Já agora,em nome da verdade e da transparência,pergunte ao vereador Luís Ferreira o seguinte:

1º - Quando entrou para a Função Pública,concretamente em que ano,onde,e através de que concurso?
2º - Entre que datas desempenhou funções efectivas,como técnico de informática,na Câmara Municipal de Alpiarça?
3º - Qual a razão porque interrompeu essa carreira?
4º - Que profissões desempenhou antes de ser funcionário público,onde,durante quanto tempo?

A resposta a esta pergunta não tem de ser dada por si,António Rebelo.

Pode e,digo eu,deve ser dada pelo próprio.

Tomarense Atento

Anónimo disse...

A propósito. Constava no seu (LF) próprio blogue que foi aprendiz de tecelão. Uma cidadã até dizia que era como que "um operário em construção". O texto fez-me lembrar a secção das cartas ao "Querido Comandante" que se podem ler no jornal Granma (Cuba, para quem desconhecer o título). Mais, até achei que era o próprio LF que respondia e comentava os seus próprios escritos.
Sendo técnico de informática cumpriu um trajecto de sucesso da classe operária...