sábado, 6 de novembro de 2010

MEDROSOS E MANHOSOS

Hesitei entre três títulos para este texto: Medrosos e manhosos, Semear e colher, Quem semeia ventos, colhe tempestades. Ficou o primeiro. Já verão porquê.
Após dezenas de anos de porfiadas observações, penso estar em condições de dizer que, em geral, salvo algumas honrosas excepções que confirmam a regra, os tomarenses são medrosos e manhosos, ou vice-versa. Contemplados com uma democracia pela qual nunca se bateram e da qual só gostam quando dela recebem benesses, mantêm práticas do regime anterior -Nunca se expôr, nunca arriscar, nunca inovar, dar-se bem com todos, Deus é bom mas o diabo também não é mau... Naturalmente que este tipo de tralha ideológica arrasta consigo uma confrangedora falta de autoconfiança e, por conseguinte, de autonomia. Para além dos supra-referidos traços de comportamento passivo, raros são os nabantinos com pensamento próprio. Funcionam com frases feitas, colhidas por aqui e por ali.
Sem autonomia, a generalidade das famílias transmite implicitamente à descendência, sem disso se aperceber, os valores comportamentais que lhe mostra. Basta passar à hora da saída por uma das escolas do 1º ciclo do ensino básico, para aí encontrar dezenas de encarregados de educação que vêm buscar os rebentos, não vão eles perder-se, fazer malandrices, serem tentados ou até raptados, no regresso a casa. "O mundo está tão perigoso..."  "Anda por aí tanta malandragem..." "A polícia não faz nada..."
Se alguém tem a audácia de lhes dizer "Mas olhe que os meus sempre andaram sozinhos entre a casa e a escola, e sem telemóvel", leva logo com um sonoro e categórico desmentido: "Isso era noutro tempo! Agora nem pensar! Vai lá vai!"
Dentro de alguns anos, estes mesmos pais e encarregados de educação, que até julgam estar a proceder da melhor forma possível, indo levar  e buscar as crianças, e mantendo-as sempre ligadas à família (geralmente à mamã...) pelo novo cordão umbilical chamado telemóvel, serão os primeiros a lastimar-se de que a juventude não tem autonomia, só quer viver em casa e à custa dos pais, apesar de raramente ou nunca ouvir o que estes lhe dizem. Se os valores que lhe transmitiram foram esses mesmos, haverá razão para estarem surpreendidos? Afinal, é do saber popular, desde há séculos, que "quem semeia ventos, colhe tempestades". Versão tradicional de "Se semeaste abóboras, não esperes colher melões".
Da mesma forma, no âmbito da política local, numa terra onde parece haver tantos cidadãos preocupados com "O que é que esse gajo já fez por Tomar?", já vamos em 6 presidentes e 36 vereadores eleitos livremente pela população, desde o 25 de Abril, sendo que a cidade e o concelho estão cada vez mais combalidos.
 A coisa é tanto mais estranha quanto é certo que cada um dos referidos autarcas, bem como todos os outros beneméritos não citados, consideram ter feito excelentes mandatos, de total empenhamento em prol da urbe gualdina. Só não fizeram o que as difíceis condições da época não permitiram. Conclusão: Tomar tem tido  os melhores médicos à cabeceira, mas está a morrer aos poucos, por causa dos remédios que tem vindo a tomar. Exagero? Então quem nos explica de forma cabal qual é a enfermidade de que padece?
Convinha que a resposta viesse enquanto o doente ainda sobrevive.

5 comentários:

Anónimo disse...

Mais um texto para,sibílinamente,induzir ao génio,ao homem providencial que está disponível,ávido de poder,com um projecto de iluminado salvador.

Parece estarmos perante um esforço titânico para realizar "a missão suprema da sua vida".

Parece um "contra-relógio" desesperado para,em final de "tempo útil",alcançar a satisfação das mais profundas ambições de um super-ego que não consegue parar o movimento inexorável dos ponteiros do relógio.

Acredito que se esteja a transformar em algo de dramático,de desesperante para quem interiorizou ser a única reserva de salvação da edilidade.

Neste contexto,a ajuda especializada e urgente de um clínico do foro das perturbações emocionais pode ser a solução para nos poupar ao discurso da angústia em directo.

Até porque,enquanto deputado municipal,nunca mostrou qualquer rasgo,nem deixou qualquer marca,mesmo que indelével.

Passou por lá e ninguém deu por ele.

Pode crer que este meu comentário apenas tem como objectivo fazê-lo "descer à terra",perceber que abraçou uma "cruzada" que não resulta do chamamento dos seus concidadãos, mas apenas de um (talvez mórbido) auto-convencimento de ser o homem predestinado para a grande missão.

Por isso,este seu útil blogue se está(amíude)a tranformar num instrumento ao serviço de uma causa pessoal e não de causas colectivas.

E é pena,é triste para aqueles que,como eu,o respeitávamos,independentemente de estar ou não de acordo com as suas análises e opiniões.

Reflicta e resista à tentação de transformar um bom blogue de opinião num "jornal" de campanha de autopromoção de que o episódio de autopromoção a "Comissário da roda do Mouchão" é bem paradigmático.

Uma sugestão derradeira :

Desconfie dos bajuladores,dos amorfos,dos "situacionistas",mas ouça sempre a vozes que têem a coragem de ser críticas,de ser frontais,às vezes até contundentes e sarcásticas.
Valorize mais o conteúdo do que a forma.

CAVALEIRO TEMPLÁRIO

Anónimo disse...

-Sobre nós:
Oito séculos de unidade nacional e outro tanto de poder político central, 300 anos de Inquisição, situados no extremo do continente europeu, longe das migrações de massas populacionais e das suas ideias, longe dos conflitos ideológicos do centro europeu, com o último grande conflito interno há 200 anos (quase tanto como a idade dos EUA) queríamos o quê? Até o Estado Novo é uma gota de água no oceano da nossa pacatez e conformismo.
Como muito bem dizia Eduardo Lourenço, não temos outra história a não ser aquela que nos fez!
-Sobre os filhos:
Segundo dados estatísticos recentes os "jovens" portugueses são dos que mais tarde abandonam a casa dos Pais. Fazem-no aos 34 (trinta e quatro)anos!
"Tá-se bem".
-Sobre telemoveis:
Concordo e confesso que deixei de usar enquanto tive fihos pequenos e colegas telefono-dependentes.
Também pude fazê-lo porque não sou vendedor nem pertenço a equipas de emergência.
-Sobre Tomar e seus políticos:
Qualquer observador independente e racional concluirá que todos (ou 90% deles) falharam nas opções tomadas. A única dúvida é se foi incompetência ou erro de avaliação.
-Sobre o Dia de Hoje:
Considerando até a proximidade do Papa, no norte da Península, e dada a situação financeira do País e de Tomar, convido os tomarenses a rezarem uma oração para que o Presidente da R.P.da China não se tenha esquecido de trazer o livro de cheques...E não é manha, é "fé" acompanhada pela aflição!
Pedro Miguel

Bravura Lusitana disse...

Era o que mais faltava, sermos comprados pelos chineses. Não estamos à venda, caro Pedro. E não precisamos de ajuda deles para nada. Se nos metemos sozinhos no buraco, é sozinhos que temos que sair dele. Mas primeiro é preciso que o povo abra os olhos e veja para lá dos partidos do sistema...

PNR SEMPRE PRESENTE.

Anónimo disse...

Eu gostava de saber como é que o Gualdim Paes conseguiu fazer o que fez sem telemóvel. O mesmo digo do sr. Manuel Mendes Godinho que ergueu um império (para os filhos mais tarde destruírem) sem o bendito apetrecho...

JOSE FAUSTINO disse...

culpado número um o aldeão Carrão que à boleia do pasquim do Madureira conseguiu sair do Freitas Lopes onde fazia caixas para a fruta e da Assembleia de Freguesia de Casais ( onde era carregador de pianos) para VEREADOR e escolhe presidentes. Escolheu tão bem que apostou no ditador lá de cima que arrasou isto tudo

Agora esse Carrão engana os comerciantes do MERCADO