quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A CIDADE, O CONCELHO E O MUNDO

Em dia de greve geral, talvez valha a pena abordar alguns aspectos locais, relacionados com as liberdades e com a actual situação. É ponto assente que todos aqueles que nunca viveram fora do país e se limitam a ver o mundo através da TV, têm dele uma ideia errada, além de extrema dificuldade para aceitar a sua contínua e imparável evolução sociológica. Gostaria por isso de focar aqui três aspectos: as liberdades e a cidadania, a situação económica e a evolução a longo prazo.

1 - As liberdades e a cidadania

Por essa Europa fora, está fora de discussão que as chamadas liberdades fundamentais só fazem algum sentido quando efectivamente são utilizadas. Basta pensar, por exemplo, na liberdade de informar e ser informado, ou na liberdade de reunião. Qual a sua utilidade, quando não há ninguém para informar ou para se reunir e debater? Aqui pelas margens nabantinas, séculos de inquisição e quase 50 anos de ditadura deixaram marcas e hábitos, que nem por poderem passar algo despercebidos aos leigos são menos nefastos. 
Conformismo, intolerância e egocentrismo são três dessas verdadeiras chagas sociais tomarenses. Habituados a um dia a dia sem história, cidadãos há que ficam muito abespinhados com acções cívicas, de exercício de cidadania, em prol da colectividade. Sucede com as informações solicitadas por Tomar a dianteira, sobretudo junto da autarquia, mas não só. Alguns tomarenses parecem convencidos de que estamos a abusar das liberdades democráticas e a incomodar os eleitos. Puro engano!
Por um lado, uma Lei aprovada pela Assembleia da República, que é o órgão com legitimidade e funções legislativas, garante a qualquer cidadão o acesso a qualquer documento dos organismos públicos (governo, câmaras, empresas públicas), sem qualquer obrigação de explicar para quê. Por outro lado, é suposto que cada eleitor exerça os seus deveres cívicos, entre os quais avulta o de participação nos assuntos da comunidade. É mesmo para isso que os projectos importantes são colocados à disposição dos cidadãos, para apreciação. Assim sendo, como poderiam os eleitores exercer os seus direitos cívicos e os seus deveres de cidadania, se não pudessem ter acesso às informações que a todos dizem respeito? Afinal, todas as despesas da administração são custeadas com os nossos impostos, directos ou indirectos.
Nestas condições, quer lhes agrade ou não, os tomarenses mais formatados pelos hábitos inquisitoriais e/ou pelo meio século de regime salazarista, terão de admitir que, nos casos em que é pedida informação, por mais sensível que seja, nem o cidadão que a solicita está a abusar dos seus direitos, nem o presidente da autarquia faz qualquer favor ao facultá-la, conforme determina a lei. O cidadão cumpre o seu dever cívico, exercendo a sua cidadania. É também para ter esses direitos que paga impostos. O presidente da autarquia está a cumprir a sua obrigação enquanto eleito, sendo também para isso que lhe pagam.
Ainda restam dúvidas sobre o tema? Então aqui vai a opinião de José Junqueiro, Secretário de Estado da Administração Local: "Tudo o que é informação deve ser do conhecimento público." (Jornal i 24/11/10, página 28)

2 - A situação económica

Falo da situação económica local, muito influenciada pela nacional e internacional, mas com vida própria. No contexto actual, quanto mais se insistir no improviso e no desenrascanço, mais grave se tornará o nosso problema e mais negro o nosso futuro. Não faz qualquer sentido, num clima de generalizada penúria, insistir em obras esparsas, cuja real utilidade nunca foi demonstrada. A sua única utilidade seria a criação de emprego, o que nem sequer acontece, sabido como é que não há por estas bandas mão de obra realmente qualificada, mas desempregada. Nem empresas de construção civil com dimensão suficiente. Já houve, mas faliram, ou emigraram. Como o resto.
Nos sectores do turismo, da cultura e do desporto, neste clima de cada vez mais acentuada penúria, só fazem sentido as manifestações que pelo menos não acarretem prejuízos. Continuar a financiar eventos socialmente dispensáveis sobretudo para tentar angariar as boas graças dos eleitores, a pretexto de promoção, é um erro crasso e extremamente perigoso para o concelho, que todos teremos de vir a pagar com língua de palmo.
Até ver, a palavra de ordem deve ser: Poupar! Poupar! Poupar!

3 - A evolução a longo prazo

É agora consensual entre os economistas portugueses que, uma vez iniciada a recuperação económica, a chamada retoma, só dez anos mais tarde conseguiremos estar de novo na mó de cima. Se entretanto não forem cometidos erros, comparáveis aos que têm ocorrido. Como as previstas medidas de austeridade vão provocar recessão durante pelo menos dois anos, na melhor das hipóteses, se tudo correr bem, lá para 2022 haverá outra vez vacas gordas. Se houver! Afinal, o futuro nunca é a mera repetição do passado.
Entretanto, em cada terra, em cada família, a atitude mais conveniente será procurar governar-se o mais possível sem recurso ao Orçamento de Estado, e/ou aos fundos europeus. Isto porque cada vez haverá menos transferências, menos subsídios diversos, menos prestações sociais, menos fundos europeus e menos empregos públicos. Mais cedo que tarde, com ou sem FMI e comparsas, haverá despedimentos significativos na função pública, como já está a acontecer na Grécia, na Irlanda e em Espanha, apesar das greves, gerais ou não. É praticamente inevitável.
Agora façam o favor de não confundir a mensagem com o mensageiro, numa terra onde ter razão antes de tempo é sempre prejudicial. Tenham a bondade de não me transformar em ave agoirenta ou em bode expiatório. Digo o que penso que se vai passar. Não digo que estou de acordo. Não tenho mais culpa do que vocês por as coisas irem acontecer assim. Tratem mas é de se precaver, na medida do possível. Comecem a poupar quanto antes, se puderem. Quem vos avisa...

7 comentários:

Anónimo disse...

REBELO dixit:

"Entretanto, em cada terra, em cada família, a atitude mais conveniente será procurar governar-se o mais possível sem recurso ao Orçamento de Estado"

100% DE ACORDO!

E o que vai acontecer a essa "ferreirada" que por aí abunda?

É que já se diz por aí que dos 700.000 funcionários públicos,200.000 são boys rosa(resmas),laranja(ainda muitos) e uns tantos azul/amarelo.

Parece que vermelhos/amarelo e vermelhos/preto cabem todos em dois ou três autocarros.

Isto está mesmo PODRE,FÉTIDO!

Anónimo disse...

Bom, se em 2022 estivermos em tempo de vacas (de preferência gordas...), é porreiro porque estou eu nos trintas e muitos, no auge da carreira, portanto. Nesse momento, há que usufruir...das vacas !

O janado da roda do môchãum.

Anónimo disse...

Poupar, poupar no que? Outro tontinho aqui a pensar que manda na economia. Ainda há pouco foram anunciados mais aumentos de impostos. Chegamos à Idade Média. Quer mais? Não lhe basta? Ou quer que as pessoas comam folhas de eucalipto ou platano? Tenha juízo! O aforro particular para sobrevivencia não faz evoluir uma economia mas sim o aforro entre todos os particulares. E como vão poupar se para comer já é dificil. Não sejam unidos não que vão ver.

O Polvo do Nabão!

Anónimo disse...

Rebelo chupista acólito do Ferreira.

Anónimo disse...

FAÇO GREVE

«Hoje faço greve. Porque me angustia o rumo que o país leva, a deterioração crescente do nível de vida dos portugueses. O crescimento do desemprego, a manutenção de salários de miséria, a par do aumento de impostos, transformaram a vida dos mais necessitados num inferno. Há frigoríficos vazios em muitas casas, rendas por pagar, famílias insolventes. Centenas de milhar estão numa agonia, reféns dos malfadados créditos ao consumo a taxas de 30 por cento. Aumentam os sem-abrigo nas ruas das áreas metropolitanas, cresce o consumo e tráfico de droga. Com mais assaltos e até mais suicídios, o ambiente social é explosivo. Só por isto faria greve.» [JN]

Autor: Paulo Morais.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O JUMENTO

Anónimo disse...

"É que já se diz por aí que dos 700.000 funcionários públicos,200.000 são boys rosa(resmas),laranja(ainda muitos) e uns tantos azul/amarelo."

Qualquer análise mais atenta saberá que a maior franja de funcionários públicos (e não se fala como foram admitidos ou não, não é o que está em causa), particularmente nas câmaras e no sector da educação que são as percentagens maiores, são simpatizentes e militantes do PC e do BE.
É o que explica como as greves (que são grandemente só da função pública) são tão massivas, mas depois nas eleições os mais votados sejam aqueles contra quem as greves se manifestam, PS e PSD.

Anónimo disse...

ATENÇÃO!

A esmagadora maioria dos professores,dos funcionários das autarquias e,no geral,da administração pública,são profissionais admitidos em concursos públicos.(+- 500.000)

Os outros - amigos,amigos dos amigos,amantes das irmãs dos amigos,cunhados da amante do amigo,boys em geral e restante escumalha mamona é que já representa cerca de 200.000.

E estes 200.000 custam mais ao Estado que os outros 500.000.

NÃO HÁ IMPOSTOS QUE VEDEM ISTO!
NÃO HÁ ORÇAMENTO QUE RESISTA!

Secret Agent