"A CAMINHO DO FUNDO"
Os mercados estão cada vez mais eloquentes na "análise política" da situação portuguesa. Negociando ontem num máximo histórico (a bater nos 7 por cento, a tal fronteira que chama o FMI) [Entretanto a taxa de juro da dívida portuguesa a 10 anos ultrapassou os 7 por cento. Porém, contrariando anteriores declarações do ministro das finanças nesse sentido, o ministro da economia foi à A.R. esclarecer que afinal não existe nenhum limite máximo, para além do qual seja necessário e obrigatório solicitar a ajuda do FMI e da U.E. É a orquestra governamental em plena desafinação. Nota de Tomar a dianteira], a mensagem transmitida é muito clara: ninguém acredita no Orçamento para 2011, nem que ele venha a ser executado com rigor. Traduzindo no plano político, esta catástrofe significa tão-só que os mercados financeiros internacionais, por mais maléficos que possam ser, são hoje determinantes na sustentabilidade dos próprios Estados, e no que respeita cá ao burgo ninguém acredita em nós.
Recordando o recente optimismo caricatural de quem estava satisfeito por ver Portugal no Conselho de Segurança, e a selecção nacional a sair da enrascada em que se metera, a verdade é que o prestígio internacional de que gozamos é igual a zero. Os nossos políticos não valem um chavo, nem dentro nem fora do País. Todos nós enquanto sociedade não valemos um chavo prque não exigimos mais a quem nos governa e não exercemos uma cidadania activa.
Agora que a bancarrota é uma vertigem cada vez mais próxima, que a terapia agressiva do FMI bate à porta, talvez fosse a hora de limpar o balneário do sistema político, impondo regras draconianas às contas dos partidos [e dos independentes, adenda nossa] . Há que começar por algum dos muitos cancros que minam o corpo da democracia."
Eduardo Dâmaso, Director adjunto, Correio da Manhã de 09/11/10, página 2, com a devida vénia e os nossos agradecimentos ao jornal e ao autor. Negritos e azuis de Tomar a dianteira.
3 comentários:
" Os nossos políticos não valem um chavo, nem dentro nem fora do País. "
Não querendo contrariá-lo, pois considero que tem razões para continuar com o seu "medina-carreirismo" (*), deixo-lhe apenas três nomes:
a) Durão Barroso
b) António Guterres
c) Jorge Sampaio.
(*) - novo sinónimo para "bota-baixo"
Num dos meus últimos comentários neste prestigiado blogue, contrapunha, a uma visão algo pemssimista de um artigo citado, uma outra, de um "jovem" cientista português, biólogo, que patenteava com factos o nascimento de um Portugal Moderno, que era preciso acreditar, e que íamos ser capazes.
Dizia ele que agora tínhamos "dois" países, um velho e outro novo; há 30 anos tínhamos apenas um, que continua, obviamente, a manifestar-se na nossa imprensa (e na nossa vida).
Mas hoje mesmo, no "Público", podemos ler um conjunto de páginas (suplemento de 8 páwginas sobre reunião REDE PME INOVAÇÃO COTEC),onde se divulgam, para além da PME portuguesa mais inovadora, cerca de 70 novas empresas inovadoras na área das novas tecnologias direcionadas para a exportação, e um surpreendente aumento das nossas exportações no último trimestre e que a inovação garantiu um crescimento médio de 50% ao ano.
Sem dúvida, estas notícias são veiculadas através de agências de informação, bem pagas, como o são (por outras formas indiretas de retribuição...) os "angelicais aqui d'el-reis que nos rogam", frase com que termina um artigo de Luís Lima no mesmo jornal, com o título "Os aqui d'el-reis de quem sonha com o regresso do FMI A pORTUGAL".
Há de facto uma outra parte de Portugal que convém divulgar, o Portugal Novo que está a surgir.
Qual deles vai vencer? É o que veremos nos próximos anos se por cá andarmos ainda.
Mas há agora uma "cidadania activa" e outra reactiva, o que é bom.
O momento é de realçar mais o positivo e, sem dúvida, a nossa fraqueza está, no meu entender, numa miserável "classe" política que tomou a golpe o nosso sistema partidário, salvaguardando muitas boas exceções. É urgente escorraçar de lá as ervas daninhas, culpabilizá-los por parte da dramática situação que vivemos, dizer-lhes que chegou a hora de desaparecerem da vida política e o melhor seria fazerem-no pelos próprios pés. Mas eles estão aí outra vez gulosos pelo poder para a tradicional restauração do velho.
Gostamos muito do nosso país, devemos gostar muito do nosso povo, pois fazemos parte dele, temos todos as virtudes e defeitos dele. Pessoalmente não conheço outro melhor e com mais dignidade.
Como diz o outro: YES, WE CAN!
Para anónimo em 11:51
Pode contrariar quando lhe aprouver, desde que o faça em termos urbanos, como é o caso, e respeitando a realidade, o que não é o caso. Se bem reparar, a prosa não é minha, mas do director adjunto do Correio da Manhã. Limitei-me a citá-lo e a acrescentar pequenos esclarecimentos.
Cordialmente,
A.R.
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