Reina grande e pouco habitual animação nalguns círculos da urbe. Tudo indica que seja provocada pela aproximação das eleições autárquicas e pelas respectivas listas de candidatos. A julgar pela abundância de pretendentes, dir-se-ia que a autarquia nada na abundância. E no entanto... a crise continua! Pareceu-nos por isso oportuno citar alguns textos especializados, pois sendo certo que "com o mal dos outros podemos nós muito bem", não é menos verdade que "quando vires as barbas do vizinho a arder, trata mas é de pôr as tuas de molho".
Na sua habitual crónica, Martin Wolf, editorialista do Financial Times, conclui assim a peça de ontem: "Em 2008, a economia mundial entrou em recessão. A resposta política foi de uma amplitude sem precedentes. Mas aqueles que pensam que estamos no início de uma sólida retoma, impulsionada pelo sector privado, estão quase de certeza a ser vítimas de uma ilusão. O caminho para uma retoma durável será provavelmente longo, difícil e incerto."
Sigifica isto que, logo a seguir às eleições, devemos estar preparados para mais sacrifícios. Qualquer que venha a ser o partido vencedor das legislativas, das autárquicas, ou de ambas. Porque algum dia alguém terá de começar a pagar o rosário de asneiras cometidas ao longo dos anos. De momento, que nos sirva de incentivo para alguma boa disposição o facto de não estarmos entre os piores da Europa, como mostra o texto seguinte. Sinal de que o governo que temos, não sendo muito bom nem isento de erros, afinal também não tem governado assim tão mal. Basta comparar. Ora façam o favor de ler com atenção.
Nota prévia: A Letónia faz parte da União Europeia, mas não integra a zona euro. É uma das três repúblicas bálticas, que anteriormente fizeram parte da ex-União Soviética, ou URSS. A população de cada uma delas é inferior a 5 milhões de habitantes.
"Na Letónia multiplicam-se os protestos contra as medidas de austeridade. As pensões de reforma foram amputadas de 10%, o salário mínimo de 20%, e os vencimentos dos professores de 50%. O desemprego está nos 17,4% e o PIB deverá recuar de 18% em 2009."
"Mais de 5 mil pessoas desfilaram no passado dia 18 em Riga para manifestar contra as medidas de austeridade que se vão acumulando para tentar estancar uma crise de uma amplitude extraordinária. Os sectores da saúde e da educação são os mais atingidos. Quarta-feira passada, o ministro da saúde apresentou a sua demissão, após ter constatado que o estado já não consegue assegurar os cuidados médicos à maior parte da população. "Como médico, não posso aceitar uma coisa dessas", declarou.
A situação no país é cada vez mais tensa, após o voto pelo parlamento, a 16 de Junho, de um novo plano de austeridade, o qual prevê uma redução orçamental de 500 milhões de lats (718 milhões de euros), equivalentes a 10% do orçamento. "O país foi salvo da bancarrota", declarou o primeiro-ministro no dia seguinte. Mas a que preço e por quanto tempo? O salário mínimo foi reduzido em 20%, passando a ser de 140 lats (200 euros).
Para poder obter a ajuda do FMI e da Comissão Europeia, cuja próxima entrega de 1,2 biliões de euros deverá ocorrer em meados de Julho, o governo acedeu a amputar as pensões de reforma de 10% , apesar de se ter antes comprometido a não o fazer. Este gesto do governo foi visto pela generalidade da população com algo de desesperado.
A partir de 1 de Setembro, os vencimentos dos professores serão reduzidos em 50%. Em Março passado, recorde-se, a ministra da educação tinha-nos declarado que esperava que os professores mais velhos se reformassem. "As reformas não são muito altas, disse-nos, mas no campo podem ter uma horta e desenrascar-se."
Nestes últimos tempos, algumas comunas (juntas de freguesia) começaram a tomar medidas que parecem de outro século. Distribuem lotes de terreno cultivável aos desempregados, para que possam plantar legumes e fazer conservas antes do próximo inverno.
O aumento do desemprego, que já atinge os 17,4%, adicionado à redução dos salários, torna a economia cada vez mais frágil, prevendo-se para este ano uma contracção do PIB da ordem dos 18%.
Perante os rumores de uma desvalorização da moeda, lançados sobretudo a partir do estrangeiro, o governo optou pela desvalorização interna. Redução de salários, redução da despesa pública e das pensões de reforma. O responsável local do FMI declarou em Estocolmo estar convencido de que a desvalorização da moeda não seria uma boa solução. Com efeito, acrescentou, perderia muito do seu interesse, pois os países susceptíveis de importar os produtos letões tornados assim mais baratos, estão eles próprios com graves dificuldades de liquidez.
Cerca de 20% dos letões obtiveram empréstimos em euros, pelo que seriam fortemente penalizados no caso de uma desvalorização, o que colocaria os bancos suecos, grandes credores da região, em apuros. Do outro lado do Báltico, na Suécia, os banqueiros, essencialmente Sewdbank e SEB, continuam extremamente nervosos. De acordo com os testes de solidez financeira, no caso de uma deterioração da conjuntura, divulgados em 10 de Junho pela Inspecção Sueca das Finanças, os bancos citados deverão poder resistir a perdas importantes nos países bálticos, da ordem dos 15%, desde que as perdas na Suécia não ultrapassem 1,5%. As perdas dos bancos suecos nos países bálticos e na Ucrânia poderão atingir 200 biliões de coroas suecas (18,5 biliões de euros) entre 2009 e 2011.
A onde de choque atinge igualmente os outros dois países bálticos, Estónia e Lituânia, ambos a braços com crises graves. A situação degradou-se muito na Lituânia, cujo ministro das finanças anunciou, quarta-feira passada, que o PIB poderá contraír-se em 18,2% este ano. O IVA vai ser aumentado de 2% e os vencimentos da função pública reduzidos em 9,5%. Ao lado, a Estónia, com uma prevista contracção do PIB de 12% em 2009, adopta igualmente gravosas medidas de austeridade."
Olivier Truc, Le Monde 23/06/09, pág. 14 -Tradução e adaptação de António Rebelo
9 comentários:
"...o governo que temos, não sendo muito bom nem isento de erros, afinal também não tem governado assim tão mal. Basta comparar."
Que belos exemplos que nos trouxe...
Já dizia o meu avô: Guia-te pelos maus, serás como eles. Guia-te pelos bons, serás melhor que eles.
Se continuamos a nivelar a nossa situação pelos que conseguem estar pior que nós (o que, de facto, é um feito digno de guiness), continuaremos sempre na mediocridade. Percebo que estas comparações sejam do seu agrado, caro senhor Rebelo. Afinal, visto os seus post`s serem claramente todos a "glorificar" a esquerda e a cascar fortemente na direita, é normal que queira salvar, dentro das suas escassas possibilidades, o executivo nacional das monstruosas más decisões que tem tomado. Mas rezo para que os caminhos e as práticas da velha guarda, na qual o incluo com todo o respeito, sejam cortados e transformados pela minha geração, que se mostre viva e dinâmica, sem "freeport`s ou licenciaturas falsas pelo meio, de modo a tornar o nosso país num Estado respeitado e com um nível de vida aceitável.
RC
Caro senhor:
É próprio da sua juventude ter ideais e ser avesso a moderações ou outros compromissos. Gostaria no entanto que fizesse o favor de notar que não trouxe bons nem maus exemplos. Trouxe o que há. Como deve saber a situação em todos os outros países, não sendo (por enquanto?) tão grave, também não é nada brilhante. Logo aqui ao nosso lado, há 18% de desempregados. Apesar dos mais de 60 milhôes de turistas que recebem por ano. Pois, bem sei. É também um governo de esquerda. Mas a França e a Itália, por exemplo, têm governos de direita e as coisas não vão melhor.
Sobre as acusações ao primeiro-ministro, apenas duas achegas. Por um lado, até sentença condenatória transitada em julgado, todos se presumem inocentes. Por outro lado, não foi como engenheiro, bom ou mau, que Sócrates ganhou as eleições com maioria absoluta e assumiu o cargo de primeiro-ministro, cujo desempenho, repito, não tendo sido uma maravilha, também não terá sido assim tão mau, quando comparado com outros. Por exemplo com o governo de Santana Lopes, cuja licenciatura em direito nunca fi contestada. E no entanto... Mas o senhor ainda era demasiado jovem nessa altura. Ainda nem sequer tinha direito a voto. Ou estarei enganado?
Lute pelos seus ideais com todas as suas capacidades, mas não se esqueça de ser sempre tolerante para com todos os que pensam de maneira diferente.
Dr. Rebelo, grande lição de vida ao jovem Tenreiro, que se acha, petulantemente, melhor que os outros, não passando de um puto mimado, que nunca há-de chegar a lado nenhum. Este podia ser sósia de um outro convencidozeco chamado Ivo Santos, que anda pelo mesmo caminho, com a diferença que à custa se ser tão bufo e escova lá se conseguiu pendurar no Paiva para se guindar a Vereador. Mas aí... nicles, uma mão cheia de nada.
Agora imaginem o que seria desta terra governada por estes filhos mamã, de chupeta de 30 ou 40 anos, que o mundo que t~em na cabeça deve ter vindo das revistas Gina que leram em miúdos.
Triste sorte, a do PSD com tamanha gentalha!
Epá, gozar com a revista Gina é que não! Isso é uma instituição cultural!
O Rodrigo Casto é que não a deve ter consultado muito.
Primeiro ponto - Não sou de direita.
Espero que isto esclareça os iluminados que me comparam ao Ivo Santos, e que dizem que o "PSD tem triste sorte por ter tamanha gentalha". Ora aí se vê o nível de cada um.
Não gosto do governo, não gosto de Sócrates. Acho-o falso, mentiroso, petulante e arrogante. Acho que as reformas que fez foram todas mal feitas e em cima do joelho. Sem o mínimo de preparação. O que não quer dizer que não me reveja em algumas pessoas de esquerda. Desde a inteligência de Louçã, que muito admiro, ao entusiasmo e capacidades da senhora Marisa Matias, que tive o privilégio de conhecer num debate pré-europeias em Coimbra, destinado a público mais jovem, passando pelo ex-PCP Rosa Dias, cá da urbe, que apenas me desiludiu quando se juntou a Pedro Marques à 4 anos, acabando em Manuel Alegre, grande bastião do PS, que também não concorda com as políticas que este governo segue. Mas enfim, aqui o puto, como não passa de gentalha, não percebe nada do assunto.
Respondendo ao senhor Sebastião Barros, que foi o único que se me dirigiu de forma correcta e com respeito, posso-lhe assegurar uma coisa: se o Sócrates tivesse a comunicação social inteira contra ele, como teve o Santana, não tinha feito metade das asneiradas que fez. Mas isto também não quer dizer que eu goste de Santana - apenas acho que não é tão mau como o pintam.
Teria muito gosto em ter uma conversa civilizada consigo, sobre política nacional ou local, em qualquer café ou espaço que o senhor propusesse. Porque, sendo jovem, sei que os meus ideais estão longe de ser os mais correctos. E daí que tenha gosto em aprender com quem é mais velho que eu e me possa ensinar algo realmente valoroso. Coisa que os anónimos que me visaram não conseguem fazer, decerto.
Cordiais saudações,
RC
BOMBA!!!
Vai rebentar uma "bomba" muito, muito em breve!
Enquanto andamos por cá a entretermo-nos com estas giga-jogas da politiquice citadina, andam-nos a fazer a folha com pezinhos de lã.
Uma vez mais vai ser necessário que as pessoas de Tomar, pondo de parte a partidarite e a naturalidade, se juntem em bloco e se manifestem. A acção tem de ter lugar sob pena de termos de andar a passear de ambulância por causa de uma simples unha encravada.
Mais não digo! Amanhã darei todos os detalhes...mas mesmo todos!!
Este assunto é verdadeiro e muito graoso para a cidade e todos os seus habitantes.
Peço ao sr. Rebelo ou outro(s) administrador(es) do blogue que passem o meu texto para outros blogues que eu não conheço.
Este é um assunto sério, e convem que o maior numero de pessoas esteja a par da sua existência.
Logo que possa darei mais informações.
Obrigado.
A administração do CHMT está a preparar-se para desmantelar totalmente o hospital de Tomar sob o pretexto de o preparar para a gripe com origem no México. Pretensamente este hospital ficará a funcionar apenas para isolamento e tratamento de afectados por essa doença. Vão dividir as valências entre Torres Novas e Abrantes e até já estão em fase de decidir quais as primeiras a sair e para onde.
Isto é mais uma tentativa de liquidação deste hospital em favor dos outros dois no sentido de os tornar rentáveis.
O que se passa na realidade é que das três unidades só o de T.Novas tem condições de isolamento para a gripe H1N1.
O hospital de Tomar é o que tem tido as melhores classificações quer no desempenho, quer no aproveitamento de recursos, quer na higiene.
O que se está a passar não é mais do que uma manobra política suja, já que as câmaras de Abrantes e T.Novas são PS.
Tudo leva a crer que depois de tiradas de cá, as valências não mais regressem, e ficamos com um verdadeiro elefante branco nas mãos.
Assim, a cidade de Tomar e parte da Zona do Pinhal deixarão de contar com esta unidade hospitalar e terão de se "desenrascar" com meros centros de saúde com horário finito.
Vasmos calar e deixar que tudo isto aconteça?
REVISTA GINA
Estava eu a fazer horas em Santa Apolónia à espera do comboio para Tomar quando decidi dar uma volta pelos quiosques de revistas.
Lá me fui entretendo até que os meus olhos "bateram" numa revista. Imediatamente pensei que as autoridades deviam estar mais atentas e não permitir a venda de certas revistas.
Uma revista tinha na capa a fotografia duma senhora a olhar para a cãmara que a fotografou e a deitar a língua de fora, não ser porquê! Não se via a ponta da língua porque havia uns quadrados sobrepostos como aparece muitas vezes na televisão quando não se quer mostrar alguma coisa.
Toda a gente sabe que deitar a língua de fora é falta de educação, tal como apontar com o dedo como fazem os políticos quando percebem que estão a ser filmados, para dar a impressão que estão muito atentos e preocupados. O Durão barroso é useiro e vezeiro neste aspecto.
Por isso, essa revista que agora me lembro ter o nome de GINA, talvez o nome da senhora da capa, devia ser banida dos escaparates porque é um mau exemplo para as nossas crianças e jovens aindas erm formação da personalidade.
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