Uma plêiade de cidadãos preocupados, mas precisamente 28 grandes cérebros, dos melhores do país, acaba de publicar nos jornais um manifesto de página inteira. Nele instigam o governo a parar para pensar, no que concerne às grandes obras já anunciadas. Tratando-se de antigos ministros das finanças do PS, de antigos governadores do Banco de Portugal e de antigos ministros do PSD, a verdadeira nata da inteligência portuguesa na área económica, o documento que subscreveram, e cuja publicação pagaram, é o maior "soco no estômago" jamais dado entre nós a um primeiro-ministro em exercício, dispondo de maioria na Assembleia da República.
Se as recentes eleições europeias vieram mostrar que a pretendida maioria absoluta do PS passou a ser do domínio do sonho, este manifesto vai bem mais longe. Não sendo essa a sua explícita intenção, coloca no entanto em risco a própria vitória socialista nas próximas legislativas, mesmo com maioria relativa. As opiniões dos insuspeitos Vasco Pulido Valente e António Barreto, no PÚBLICO de hoje, são claras. Este último, antigo ministro de Mário Soares e sociólogo de renome internacional, formado em Genebra, põe o dedo na ferida.
Infelizmente, escreve ele, inverteram-se as coisas. Em vez de se fazerem estudos aprofundados para encontrar as melhores opções em cada caso, paga-se a consultores especializados para argumentarem favoravelmente as opções já tomadas pelos políticos, de forma a torná-las aceitáveis .
Aqui em Tomar, uma pequena comunidade, não há, é claro, recursos humanos em quantidade ou qualidade para elaborar e publicar um documento semelhante. É pena, porque faz muita falta. Quem abservar atentamente as agora execradas obras de António Paiva, não terá qualquer dificuldade em concluir que, salvo muito raras excepções, se trata de coisas supérfluas, de oportunidade, qualidade e beleza muito duvidosas. São o resultado da técnica agora denunciada por António Barreto, no caso do governo. O então presidente da câmara de Tomar entendeu que as coisas seriam de determinada maneira e encarregou um gabinete especializado de tornar tecnicamente credível a sua série de opções pessoais, sem qualquer consulta prévia.
O documento "Tomar 2015 - Uma nova agenda urbana", do CEDRU, nunca conseguiu nem consegue iludir ninguém minimamente ao corrente das questões urbanas. Trata-se de um documento mal alinhavado, do tipo corte e cola, num português algo aproximado, no qual se podem ler verdadeiras enormidades, às quais a crise veio dar um ar involutariamente cómico. Eis três exemplos: "Tomar é hoje uma cidade em afirmação, recuperando protagonismo social, cultural, económico e urbanístico, colocando-se numa posição privilegiada de cidade prestadora de serviços para uma vasta área do centro de Portugal." "No dealbar do século XXI, Tomar evidencia não só uma vitalidade patente em vários indicadores, como perspectivas para robustecer e diversificar a sua base económica, recuperando-a e actualizando as suas vocações históricas: cidade de serviços, pólo de inovação e de competitividade, cidade de cultura e de saber." "O crescente potencial da cidade reparte-se por vários domínios, emergindo de forma indelével como novo pilar de desenvolvimento a sua vocação turística, suportada num espaço urbano de excelência..." (o negrito é dos próprios autores do documento em questão)
Para além das naturais e saudáveis divergências partidárias, quem vive em Tomar não duvidará nem um segundo, estou convencido, da pertinência das afirmações reproduzidas, as quais integram, cabe recordar, um documento muito bem pago e que tem servido de projecto estratégico para uma maioria autárquica eleita sem apresentar qualquer programa. Seria por isso, julgo eu, uma ocasião em ouro para a oposição local elaborar um documento alternativo convincente e apresentar uma lista substantiva em termos políticos. Infelizmente, pelo andar da carripana, não me parece que seja esse o trilho escolhido. E é pena. Por um lado, porque corremos sérios riscos de continuar a navegar à bolina durante mais um mandato, situação trágica num mundo em crise profunda e duradoura. Por outro lado, porque caso o PS local pudesse mudar de atitude e de lista, uma vez conhecidos os resultados das próximas legislativas, estou certo de que não hesitaria. Mas será já demasiado tarde sob o ponto de vista legal. E as vítimas vamos ser nós todos, os habitantes da cidade e do concelho. Porque não é com cães de guarda que se podem ganham corridas de galgos. Ou será?
21 comentários:
Ora aqui está, Senhor António Rebelo, uma questão sobre a qual não estou nada de acordo consigo.
Em resposta aos tais "iluminados" eu escreveria:
José Sócrates, espera por quê? Vai mudar de imagem, o que eles mais querem? Está assustado com as trinta testas coroadas, os trinta doutores economistas mai-los seus escribas e formadores? Não são trinta e um porque fazia ressaltar a balbúrdia e desordem do país de que são sérios co-responsáveis, à custa de que se encheram de boa vida até serem atacados por reumático cerebral e físico impeditivo de parirem tal documento conservador em debate numa reunião. Por isso são "cerca de...", a condizer com todas as suas dúvidas..., com a sua incapacidade para dizerem e fazerem alguma coisa de certo, científico, extraído da realidade de Portugal e dos portugueses. Convide-os a usufruirem a melhor das vidas com as suas reformas, as suas mordomias e a deixarem novas gerações fazerem o que deve ser feito, que o povo não lhes retirará essas mesadas mensais. Feito feito, feito está! Os portugueses sempre lhes pagaram bem e honrarão os compromissos, ainda que estipulados por eles, em causa própria. Os senhores vedores e mordomos da corte podem ir em paz para as suas mansões, jardins particulares e casas de férias.
Chegue-lhes, afinfe-lhes, alto e bom som! Não deixe que outros o façam por si.Desafie-os a irem curtir o e do passado, recordando-lhes o quanto as suas cabeças foram sublimes na definição dos problemas económicos... nacionais.
Senhor José Sócrates, não os poupe, seja frontal, arrogante, provocador e diga-lhes: ninguém os conhece, ninguém os reconhece, ninguém os aprecia por nada deste mundo. Estão apenas perdoados.
E defenda as grandes obras até à exaustão. Elas são precisas. E lembre-lhes que ainda vai haver dinheiro de sobra para lhes pagar as mensalidades, a deles e dos seus filhos e netos - e também a dos seus amigos. Algumas daquelas velhas carcaças ainda sonham ligar o seu nome a essas grandes e urgentes obras, a mando dos recnocratas do PSD DE MFLeite e do impagável Paulo Portas. Eles vão chegar ao governo e apressar-se-ão a implementá-las dizendo simplesmente isto: "deparámos com compromissos, cuja revogação custariam milhões ao erário público. Não temos alternativa".
deleitem-se
Agenda 2015, 2030, 2045?
Sr. Doutor Rebelo como vê o documento é político sem quaisquer preocupações de outra natureza que não seja, de uma forma brejeira e desonesta, intentar sobrevalorizar as potencialidades tomarenses.
Num trabalho de razoável qualidade científica devem mensurar-se algumas variáveis como a qualidade de vida apreciada pelos que cá vivem e pelos outros (visitantes).
Não vou entrar em detalhes técnicos mas um simples inquérito e respectivo tratamento com técnicas de clusterização resolveriam um problema residual nestes documentos avulsos muito bem pagos e que é o: oportunismo político.
Não me custa nada orientar um estudo desta natureza com a minha equipa mas... há um risco... o risco das recomendações que resultarem do trabalho serem congeladas. Como conheço toda a classe política tomarense - esta de agora pois a de futuro será outra bem melhor - não arrisco e por isso não petisco. E não digo mais nada.
Julião Petrúchio :-)
Quem dera que os sublinhados do documento espelhassem a realidade de Tomar.
Mas, são meras e "bonitas" palavras do grande coveiro de Tomar e seus acólitos.
Poderia ser verdade se os dinheiros públicos fossem melhor aplicados, que não em obras mastodônticas de fachada esem qualquer retorno.
Os chico espertos, novos ricos militantes inviabilizaram que Tomar pudesse ser uma cidade de referência no contexto nacional e levaram-na a perder lugares e lugares nos vários items.
Apesar disso o povo eleitor deu-lhe três maiorias absolutas consecutivas.
Enfim ... !!!!!!!!
Um Prof. Engenheiro e um Inginheiro político!
Mais uns emergentes com cursos das Universidades da tanga e carreira na política a mamar à custa do Zé pagante!
Os resultados estão à vista!
“Porque não é com cães de guarda que se podem ganham corridas de galgos”
...
Que o rapaz era Bezerro de nome já todos sabiam, agora chamar-lhe “cão de guarda”….
Está elevada a conversa!
É esta a nossa terra são estas as nossas gentes...
parabéns Sr.Provedor da Urbe.
à espreita
A interpretação é sua, não minha!
Se quiser fazer o favor de voltar a ler o texto com alguma atenção, verificará certamente que a passagem citada é apenas uma alegoria, e não uma comparação. Posso-lhe garantir que não tive qualquer intenção de ofender, ferir ou diminuir qualquer cidadão. Apenas procurei ilustrar aquilo que me parece ser a realidade neste momento. Ou seja: cada um pode ser excelente para uma coisa mas imprestável para outras. Há até uma outra figura de estilo bastas vezes usada: Para um passador, não é defeito nenhum ter buracos no fundo; já se for uma panela...
Para o Anónimo das 20.58
Afinal quem está de má fé é o senhor. O nome da pessoa que pretende referir é BECERRA. Lá que queira mandar piadas às custas do qiue os outros escrevem que o faça mais já sem diminuir ou ofender pessoas que provavelmente nem conhece.
"1375. UM DOMINGO ALENTEJANO
Eis um Domingo alentejano em Tomar. Não se avista viv'alma nas ruas. As ruas parecem ter regressado por magia ao ritmo dos anos cinquenta, não fora a quantidade de carros estacionados junto aos passeios. Mas esta intensa estiagem, típica do Alentejo, em que se vive agora a hora da bela sesta, é enganadora. Há vida em Tomar para além do calor. António Paiva desce a Alameda com a família em demanda do almoço, depois da costumada corrida matinal dos Domingos. Isabel Miliciano e Jorge Ferreira almoçam pacatamente no Nabão. Vêem-se blocos de apontamentos na mesa e telemóveis a funcionar. O que tramarão eles? Será que a Rádio Hertz acertou? Por mim, recolho-me no fresco, entregue às leituras de fim de semana, já a atirar para a silly season."
In Nabantia
Cá para mim tratavam das listas!
É mesmo irritante esta prática de andar a fazer copy & past dos textos de uns blogues para outros.
No meu entender trata-se apenas de continuar a falar usando frases já feitas, o que dá muito menos trabalho. E então com este calor...
Os italianos chamam-lhe o "pensamento débil". Julgo que saberão do que falam. Ou não são eles que têm a deliciosa expressão "dolce fare niente"?
falando-se nos supremos problemas do país e num grupo de 28 cérebros preocupados com o descaminho certo que a coisa leva à dimensão do pequeno rectângulo, não custa concordar com o sr. Provedor da Urbe, lançar mão, e preocupar-nos também em mobilizar esforços para que notáveis cá do sítio se reúnam, estudem, e apresentem soluções e propostas para o progresso do nosso burgo.
se para a dimensão do pequeno rectângulo são 28, acredito que, proporcionalmente, cá para o sítio, quaisquer sete devem ser suficientes!
assim e se a coisa resultasse, podiam ainda, mas rápido, candidatar-se eles próprios ao movimento das eleições autárquicas.
sem fazer favor, adianto alguns nomes consensuais, sem dúvida; e digo porquê:
1 – O Provedor da Urbe (por razões óbvias)
2 – O Dr. Bento Baptizado (tem feito muito que não se vê mas tem opinião para tudo)
3 – O Tó Escultor de Carvalhito (tem experiência cultural, soluções, critica independente e natural)
4 – O Bonnet da Reguila (tem experiências para o Casco Velho, em particular em por caixotes de madeira para marcar fronteira)
5 – O Zézito das Lebres (fora de época descobre caça em grande dimensão)
6 – O Manecas Turista (viaja muito e, tem tronco, braços e pernas; não faz mal não ser completo)
7 – A Alda Que Farias (saber e opinião em proporção com a língua)
vá lá, quem é amigo quem é?
força Sr. Provedor da Urbe.
não é o Sr. que diz que as ideias válidas são para validar?
rato de porão
"Que mania da velhada intentar ser o centro das atenções."
Ao contrário do que lhe possa parecer não me ofende. Ofende-se a si.
Um dia perceberá, oxalá tenha inteligência para tal!, que dos mais velhos vem experiência e saber feito da vida.
Um dos problemas da nossa sociedade é o fraco, ou mesmo inexistente, respeito pelos mais velhos, veja-se o triste exemplo do abandono pelos "lares" e hospitais.
E, caro amigo, com cinquenta e um anos de idade estou convicto de que não sou "um velho" com a carga pejorativa que lhe carregam habitualmente e, garanto, se o critério for o de uma mente aberta aos outros e à vida sou muito, mas mesmo muito!, mais jovem que o senhor.
Ah!
Faltou-me uma pequena nota.
Considero que esta prática de andar a copiar e colar num e noutro blogue uma dupla desconsideração.
Primeiro dirigida ao autor e ao seu veículo.
Copiar para aqui um texto do Nabantia, por mero exemplo, é desconsiderar o autor porque escreve num veículo sem importância tanto que, para lhe dar visibilidade, é necessário usar um veículo com "maior audiência".
Outra desconsideração para o leitor, ao manifestar a suspeição de que é inábil para encontrar informação que lhe não seja dada na forma de pronto-a-ler.
E se achou interessante porque não deixou lá uma nota ao autor a dizer-lhe isso mesmo?
As caixas de comentários não são apenas para usar como instrumento para zurzir no autor, de vez em quando ser-lhe-à gratificante receber um elogio.
Não acha isto mais estimulante?
Removi a mensagem anterior porque considerei posteriormente que a melhor atitude é a de não dar confiança a lúmpen.
Obrigado pela sua ideia, em relação à qual nos parece útil acrescentar o seguinte: 1 - O "provedor da urbe" nunca foi nem tenciona vir a ser retribuído, por aquilo que já fez ou vai fazendo, mal ou bem, a favor da comunidade; 2 - O Dr. Bento fez as feiras, cujos pavilhões a autarquia ainda hoje utiliza,foi vereador antes e depois de Abril, foi mordomo e soube manter o congresso da sopa. Tudo sem nunca se servir.3 - O tó Carvalho é um artista que também foi mordomo e vereador, igualmente sem nunca se servir; 4 - O Manel Bonet foi mordomo e é um apaixonado por Tomar. Também nunca se serviu.5 - O Zé Lebre foi vereador e nunca se serviu.6 - A Alda Faria é uma das traves da Festa dos Tabuleiros, em conjunto com o Luis Careca, O Jacob, o Cabral, o Perfeito...e o Mota Lima. Não consta que alguma vez algum deles tenha ganho alguma coisa com isso. A não ser, por vezes, críticas mal intencionadas. Os tomarenses são assim. Pobres mas mal agradecidos.
mas, Sr. Provedor da Urbe, ninguém pôs em causa, que alguém ou ninguém, se tivesse servido ou não servido!
e que tivessem, o que é que isso importa; importa de facto é fazer obra!
a questão foi tão só, uma humilde tentativa de colaborar pela positiva nos desígnios da urbe!
é aproveitar ou não aproveitar!
ps: esqueceu intencionalmente a obra do Manecas Turista ou foi mera coincidência?
à frente dos desígnios do cinema da terra, da imprensa local e, agora, na venda de vinhos via Empresa de Turismo do Vale do Tejo esse rapazote tem sido e é brilhante!
…e também sem “interesses” nenhuns! valha-nos isso…
rato de porão
A candidatura de Isabel Miliciano e de Jorge Ferreira dá os primeiros passos.
O interessante é que após um período em que propugnou uma união de esquerda não conseguida, até à data, parece que o campo oposto opta pela divisão.
CopY e paste é mania do Luis Ferreira
Varejeira...
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