Agora que se volta a falar, com grande destaque (www.nabantia.blogspot.com), no fabuloso projecto conjunto para os monumentos Património da Humanidade (Alcobaça, Batalha, Lisboa e Tomar), pareceu-nos conveniente moderar os ânimos. A chancela da UNESCO não garante nada à partida. E não é só com avultadas verbas da União Europeia que vamos passar a ter um turismo cultural florescente. Como em qualquer outro sector de actividade, o real "nervo da guerra" é o factor humano. Sem isso...
As fotos mostram onde se chegou já, em termos de falta de autorespeito, no que concerne à lamentável sinalização da Sinagoga. É claro que certas almas caridosas vão alegar imediatamente que uma coisa não tem nada a ver com a outra. A Sinagoga é a Sinagoga, o Convento é o Convento. Cada caso é um caso. Seja. Mas convém não esquecer que essas mesmas almas também garantiram durante meses que, uma vez concluídas, as obras de requalificação ligadas à Ponte do Flecheiro iam ficar muito bonitas. Azar dos azares, nem cuco nem mocho. Nem ficaram bonitas, nem estão prontas e o bar mais importante da zona, o RioBAR, já fechou. Para uma iniciativa que pretendia fazer da zona as docas de Tomar...
Ficamos, portanto, assim: A Sinagoga não é o Convento, mas pelo andar da carruagem tem-se logo uma ideia sobre os passageiros. Em linguagem mais clara: A sinalização pindérica, visível nas fotografias, não passa de um indício. Mas é um indício muito importante, tal como a incrível entrada actual para o Convento, onde não cabem obesos nem cadeiras de rodas. Ambos indiciam a tal confrangedora carência de recursos humanos realmente qualificados. E a época já não está para mais improvisos. Enquanto nós continuamos a marcar passo, os outros vão avançando. E fazem eles bem! (Convirá não esquecer que o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, julgou conveniente fazer-se representar, numa cerimónia onde estavam os outros três autarcas, o presidente do IGESPAR e o Ministro da Cultura. Porque terá sido? Na política nada acontece por acaso e, lá dizia o outro, "o que parece..."
Para aqueles cidadãos que habitam Tomar ou seguem de longe os problemas concelhios, mas têm tendência para se sentirem incomodados com as críticas francas que aqui vamos fazendo, aqui vai um documento insuspeito. Tem a sua origem no Eurostat, o serviço estatístico da União Europeia, e foi publicado no diário espanhol EL PAÍS. Nele podemos ver que o futuro dos pensionistas, aposentados e reformados não é nada brilhante em Portugal. Em termos de despesas percentualmente ao PIB (Produto Interno Bruto), em pior situação do que nós só a Itália, a Áustria e a França (ver ângulo inferior esquerdo do quadro). Que significa isto? Que dada a nossa tradicional fraqueza em relação àqueles três países, não tardará muito que ou se aumentam os impostos (directos ou indirectos, ou ambos), ou poderá não haver disponibilidade para honrar tanto compromisso. Que podemos fazer? Pouca coisa. Apenas poupar mais e gastar menos. Se tal for possível, bem entendido.
Aqui temos a "máquina política tomarense" em plena actividade, tal como vem fazendo desde há anos para cá. Perante isto, só podemos dizer: Força! Continuem! Continuem! Quando isto abater vai fazer bastante ruído. Pode ser que assim acordem finalmente os tomarenses amigos da sua terra. O desenho foi tirado do EL PAÍS de ontem.
7 comentários:
Como sei que o Senhor tem conhecimentos em matéria de turismo,Património, conhece o mundo, denota excelente cultura geral,viveu na capital das luzes, diga-me lá, se lhe apetecer, e para testar a boa opinião que tenho do projecto, se está de acordo com "o projecto conjunto para os monumentos Património da Humanidade (Alcobaça, Batalha, Lisboa e Tomar)". Concordo consigo, o factor humano é decisivo.
Pessoalmente sempre defendi que o concelho de Tomar se devia associar a municípios que o ligassem ao litoral e mais ao norte, Leiria, a 40 kilómetros de distância, aliviando-se da hegemonia de Santarém que, julgo nada de bom trouxe ou trará para Tomar.
Na minha opinião é indiferente a quem nos associemos. Uma vez que Tomar perdeu o estatuto que soube conquistar e preservar até ao início dos anos setenta so século passado, qualquer associação que façamos resultará sempre numa posição subsidiária, secundária.
E Tomar como importante cidade da região do pinhal tem de voltar-se também para COIMBRA!
Sim, para Coimbra! e para a Região das Beiras, fazendo a ponte entre estas e o Ribatejo/Alentejo!
Na minha opinião só há uma solução.
Começar desde já a estruturar uma associação de gentes de Tomar, que ame profundamente esta terra, e sem curar de saber se são de gema ou não, e intervir civicamente em todos os fóruns onde se discuta e/ou se tomem decisões sobre Tomar.
Tendo em conta a experiência que essa associação venha a adquirir constituir-se como movimento de cidadão que possa tomar parte nas eleições autárquicas.
Quase que adivinho que me virão dizer que esse é o papel dos IPT mas não o creio. Os IPT são um conjunto heterogéneo de políticos que, desiludidos com a falta de apoio dos partidos tradicionais, resolveram intervir de outra maneira.
Rui Mendes Ferreira.
Docas de Tomar??? Anda tudo alucinado nesta porra de terra. devem andar a pôr qualquer coisa na água da rede.
Quanto aos anúncios "pindéricos" não vejo onde está o mal. São pind+ericos como pindéricos são os que por cá mandam e outros que se acotovelam para lhes roubar o lugar. Tem tudo a ver...
Será que ainda não perceberam que isto é uma terra falhada, sem remissão?
Tomando de exemplo o iberismo de Saramago que advoga a inclusão de Portugal em espanha, também eu defendo a inclusão desta treta de terra no concelho de Torres Novas. Só teríamos a ganhar!
Dizia um conhecido meu que Tomar sem o Politécnico (está para breve...) é pior que os Riachos! Não conheço bem os Riachos a não ser de breves passagens, mas estou em crer que não se andará muito longe da verdade com uma afirmação destas.
Convém ser pessimista por natureza, que a época não vai para optimismos, mas sem exagerar. As coisas não vão bem em Tomar, nem para aí se encaminham. Isso é verdade. Mas Tomar continua a beneficiar de alguns trunfos que, quando os tomarenses resolverem trabalhar em prol da sua terra, que o mesmo é dizer deles próprios, tornarão mais fácil encontrar um caminho que permita afastar-nos da decadência agora tão evidente. Haja vontade da população, que o resto virá por acréscimo. Penso eu de que!
Têm trunfos? Pois, pois...mas o baralho está viciado.
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