terça-feira, 2 de junho de 2009

DOS TURISTAS E DO TURISMO






António Rebelo


Parto para mais este escrito sobre o turismo e Tomar escorado em quatro documentos: "Uma nova agenda urbana -Tomar 2015 - Documento de trabalho", a notícia "Quinze milhões para Rota dos Mosteiros de Lisboa à Batalha", na página 7 do "Público" de hoje, e os catálogos de viagens da Lusanova e da Terra Europa/Europamundo vacaciones. Estou persuadido de que, com tal informação prévia, ficarão mais descansados aqueles leitores que gostam de lançar "Não basta afirmar, é preciso provar", no melhor estilo sebenteiro coimbrão.
Além dos recursos antes mencionados, tive também em conta o escrito de ontem "Daqui e dos jornais", bem como a solicitação do "Cantoneiro da Borda da Estrada", que faz o favor de nos ir lendo com paciência.
Adoptando, para variar, o método americano, começo por resumir este trabalho, para depois detalhar um pouco mais cada ponto. Basicamente trata-se de situar Tomar e aquilo que a autarquia pretende levar cabo na área do turismo e do desenvolvimento económico, face à realidade nacional e internacional, como forma de poder fundamentar uma posição favorável ou não ao apregoado investimento de 15 milhões de euros.
Agora que estamos inseridos, quer queiramos quer não, num mundo realmente global, o que ocorre pela primeira vez na história da humanidade, de pouco ou nada serve simular uma realidade teórica favorável aos nossos sonhos. As coisas são aquilo que são. Não aquilo que gostaríamos que fossem.
A primeira grande alteração trazida pela globalização foi o maior isolamento relativo de Portugal, em termos geográficos. Embora situados na Europa, somos o país europeu mais afastado da denominada "Europa Rica" ou "Mittel Europe". Tão afastados estamos que somos mesmo periféricos. Daqui já não se vai para lado algum, como aconteceu durante séculos. Os visitantes ou vêm a Portugal expressamente, ou não vêm de todo. Já não há, praticamente, voos ou navios internacionais de passagem. Além desta desvantagem, os nossos preços não são assim tão convidativos, sobretudo quando relacionados com a qualidade dos serviços pagos. Enfim, em termos de património histórico e folclórico somos bastante pobres. Andamos todos contentes com os "Mosteiros Património da Humanidade", sem nos darmos conta que "Castilla La Mancha", que é apenas uma das 17 regiões espanholas, tem mais património classificado do que nós.
Nestas condições, só espantará os mais incautos tomar conhecimento de que as grandes agências de viagens, que arrastam por ano centenas de milhares de turistas, regra geral conhecem o Algarve mas ignoram que fica em Portugal. Porque assim é, quando falam de desenvolver o turismo, os diferentes intervenientes deviam ter sempre o cuidado de especificar a que tipo de turismo e de turistas se estão a referir. Só que isso não lhes convém...
As duas ilustrações acima mostram páginas de catálogos de circuitos turísticos. O de baixo "Todo Portugal", válido até Abril de 2010, é distribuído em Portugal e em Espanha, nas duas principais línguas ibéricas. Conforme o leitor poderá constatar, nem sequer passam em Tomar, em qualquer das 127 opções de circuitos oferecidas ao público consumidor. Mas vão a Almourol e a Fátima. Porque será?
A outra página, a verde, é da agência portuguesa Lusanova, e mostra o único circuito proposto que passa em Tomar e visita o Convento. Na verdade, se cá não passassem, apenas se perderiam os 5 euros por pessoa de cada entrada.
É neste mundo cão, em que os ossos são cada vez mais raros, que a pouco meses das autárquicas alguns presidentes de câmara resolveram voltar a descobrir a pólvora, ou pelo menos assim parece. O tal fabuloso plano de 15 milhões de euros, afinal tem a sua origem nuns estudos iniciados em 2001 e, pelo menos em Tomar, visa levar à prática 17 projectos sectoriais diferentes, englobados na chamada "Área estratégica nº1 - Convento de Cristo/Mata dos Sete Montes". Seria fastidioso listar aqui todos esses projectos, pelo que me limito a nomear três, que me pareceram mais curiosos. Acessibilidades pedonais - Requalificação da Calçada de Santo André (O leitor sabe onde fica? Eu não.) Consolidação dos taludes da Avenida Vieira Guimarães (Estrada do Convento). Sistema de drenagem pluvial e esgoto da Avenida Cândido Madureira (Rua da Graça) e da Estrada de Paialvo. Em linguagem directa: Trata-se de repetir o "Modelo Flecheiro". A pretexto de se desenvolver o turismo, acaba-se fazendo tudo e mais alguma coisa, sem qualquer garantia de que isso possa contribuir realmente para o objectivo anunciado.
Então e o Convento e a Mata?, perguntará o leitor. Estão previstas umas coisas, que por enquanto não passam de anódinas generalidades: Requalificação da envolvente nascente ao Convento de Cristo, Requalificação do caminho de atravessamento da Mata, Acções de sensibilização ambiental e cultural na Mata e no Convento, Renovação da iluminação do Convento (devem querer dizer do Castelo) e requalificação das alas norte e poente.
Muito pouca coisa como se vê, para uma cidade que lidera o projecto. Se as outras não forem mais afoitas, ainda não será desta que os turistas terão melhor sorte na Ocidental praia lusitana...

9 comentários:

Anónimo disse...

MEDITA

Com permissão de V.Exa:
V.Exa. Sr. Dr., não está a usar de seriedade para quem, como este seu humilde e certo admirador, - sediado longe das paragens de D.Gualdim Pais, - vem, devotamente, tentar, aqui nesta sua magnífica montra ( melhor que uma outra qualquer, no Bairro Vermelho de Amesterdão localizada) tentar saber coisas novas e bonitas dessas nossas ( e digo nossas porque embora não parando por aí, sou tomarês de gema e jamais meteco) terras de Santa Iria…
E porquê? Veja tão só os posts rectro-localizados em comentários aos progenitores! Têm, infelizmente, MUITOS DELES, esta coisita (não da coisa que o coiso gosta de mostrar à coisa… mas sim coisita da coisa (realidade, circunstância)) de comum:

“Esta mensagem foi removida por um administrador do blogue.”

Concordará V.Exa. insuspeito administrador, (tem salário à altura da
Administração?...!), naturalmente, que não será bonito! O lápis azul, de tão saudosa e longínqua memória, infelizmente foi-se!
O vosso, autêntico Doutor, de que cor é? Branco concerteza pois com ele tudo se esvai…
Não sejais assim insigne administrador, deixai exprimir os albinos!
A verdade não mata mas corrói….
É um favor que V.Exa. não deixará de ter em conta estou certo; que mais não seja, por mor da devoção, entrega, prazer fecundo e paixão total que diz ter e defender ( e tem e defende…,se dúvidas houver, para quem, basta ler o brilhante texto atrás levado ) pelo torrão que é de nós todos: as margens urbanas de tão nobre curso de água a que um dia deram o nome de Rio Nabão! (ainda com águas limpas, peixes e tudo o que de melhor em fauna e flora ainda se vê por aí…


á espreita, de Binóculo

Anónimo disse...

Proponho que se arranje uma comissão de tomarenses abnegados e amantes da sua terra que vão para as estações de serviço das auto-estradas apregoar: "Olhó Convento lindo, é de Cristo e fica em Tomar! Olhó convento! É pró memino e prá menina!"

Ganhem juízo nessas cachimónias! Para que é que servem milhões e milhões se depois não há uma política consistente de turismo, quer nacional, quer regional! A única política que se conhece é a da atribuição de subsídios aos ricaços para fazerem hotéis e mais hotéis, com ou sem charme...
Não venham com lérias dos milhões salvadores que se cá chegarem são malbaratados como foram os do Polis. É um autêntico roubo que se está a fazer aos países credores de fundos da CE em nome da periferia e do subdesenvolvimento. Para alguns (e não são assim tão poucos) interessa que isto continue a ser periférico e subdesenvolvido conquanto a massita continue a pingar e os custos das obras a derrapar...e a contita a engordar.

Que é que Tomar tem para oferecer em matéria turística? A "movida" tomarense resume-se a quê? Meia dúzia de adolescentes bêbedos do Paraíso que se entretêm a urinar para as montras depois da meia-noite?
Que restaurantes há por aí com uma oferta verdadeiramente de qualidade? Tirando um ou outro, quase todos servem febras com batatas fritas e arroz ou frango assado! Onde está uma boa cervejaria aberta até tarde onde se possa apreciar uma boa cerveja com música ambiente? Dir-me-ão a Marisqueira? Acham que sim? Com aquele aspecto "dégradé", mal iluminado e de asseio duvidoso?
Onde é que se pode comer uma ceia depois da meia-noite em Tomar? Ou vocês julgam que os turistas endinheirados vêm para cá para se deitarem às 21H00 para se levantarem às 08H00?
Não sejam pategos! Hoje em dia, conforme disse o articulista, os ossos são cada vez menos, por isso a oferta tem de ser diversificada e de qualidade.
Onde está a oferta cultural? São aqueles "dreads" de púcaro à cintura e canito ao lado a atirar paus a arder ao ar, junto à igreja de S.João? Tivemos um excelente Festival de Jazz que até já estava a ganhar espaço no panorama nacional mas que morreu pouco mais que à nascença!
Caiam na real! Não temos "Know-how" nem aptência para esses andamentos. Não conseguimos ombrear com outros na "guerra" pelo indústria do turismo porque é muito mais confortável sermos eleitos para um cargozito político e receber ordenado de Lisboa do que lutar e merecer o dinheiro que "ganhamos"...

Anónimo disse...

...não temos isso tudo não; mas temos melhor: ilustres iluminados (como, como, como quem?... se calhar como quem escreveu e se lamenta de não ter onde papar a deshoras...) a mamarem em opiparos TACHOS criados a rigor e à medida, em Comissões de Faz de Conta que Há Turismo! vivam os brandos costumes! viva o sistema! vivam os tachos e os tachistas! viva o mamar na VACA MAGRA!

Sebastião Barros disse...

Para o leitor MEDITA:

Concordo que é muito desagradável exercer censura. Todavia, se alguns internautas não "se seguram" que havemos de fazer? Aqui, jamais alguém será impedido de dizer tudo aquilo que pensa, desde que o faça dentro dos limites convencionados a partir do início: vocabulário que não inclua palavrões fora de propósito,textos sem ofensas pessoais deliberadas, relação entre o post e o tema em debate.Acha que isto é censura? Pois então viva a censura pró-educação adequada.

Anónimo disse...

Não sei porquê, mas parece andar por aqui um cheiro fortíssimo aos rebotalhos bafientos porventura acumulados nos cantos escondidos do edifício do antigo Banco de Portugal – localizado no inicio nascente da Corredoura – e vejam, hoje pomposa e galhardamente intitulado de Turismo Lisboa e Vale do Tejo!
(É agora ou nunca…). Não se sabe é o quê!
E digam lá, que cá falta isto ou falta aquilo!
Qual falta qual quê!
Cagança não!
E com cagantes assim, de que mais se precisa?

Anónimo disse...

Dor de corno é lixado...com "F"...!!!

Anónimo disse...

Ó lapaduço, o bairro vermelho de Amesterdão já deu o que tinha a dar. A red Line é uma sombra pálida do que j´+a foi.
Actualiza-te...ME(R)DITA!

Anónimo disse...

ena, o vendedor de vinhos dos outros, gestor de festivais de fitas falidas, administrador de periódicos sem sucesso, - antes e agora principescamente aconchegado em Tachos à medida, talhados de lambe - botas nos corredores mofentos do podre poder que temos instituído – parece não ter ficar agradado com as verdades…
paciência, zeloso polidor dos que mandam sem dever….

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.