segunda-feira, 23 de novembro de 2009

MAIS OBRAS NO CONVENTO, TODAVIA...

Conforme escrevemos anteriormente, há neste momento quatro obras diferentes em curso no Convento de Cristo. Bom sinal. Significa que afinal sempre há verbas quando é preciso. E que em Lisboa se preocupam com a conservação da Casa da Ordem. Antes assim !

Neste caso, preparam-se para operar alguns melhoramentos nos antigos Paços do Infante D. Henrique, depois Paços de D. Manuel, de D. João III e de Dª Catarina. Finalmente designados por Convento Velho e abandonados à sua sorte. Na ausência de informação escrita no local, o que contraria as instruções usuais da União Europeia, Tomar a dianteira indagou, mas pouco conseguiu apurar. Trata-se ao que nos foi dito, de fazer uma passagem para visitantes com dificuldades de locomoção, entre o antigo hospital militar e o claustro da lavagem. Dadas as características da zona, não estamos a ver o que dali poderá saír. Aguardemos pois.


Sendo certo que um dos grandes problemas actuais para quem visita o Convento é aquela ridícula entrada improvisada, sobretudo quando se é obeso, se usam canadianas, ou se anda em cadeira de rodas, há outro e de igual importância. Falamos da falta que fazem as visitas guiadas para todos os visitantes, salvo quando pretendessem andar sozinhos.
Como habitualmente, os responsáveis pelo monumento vão alegar que não têm guias oficiais no quadro de pessoal, que o sindicato dos guias não permite que pessoal não sindicalizado guie visitas (o que é redondamente falso), e que todo o percurso está devidamente explicado em vários painéis descritivos colocados nos locais mais adequados.
Que tais indicações existem, não temos quaisquer dúvidas. A fotografia acima documenta um deles -o da Janela do Capítulo. Que sirvam realmente para alguma coisa, temos as maiores reservas. Na nossa pobre opinião, o autor ou autores de tais textos nunca devem ter estudado pragmática línguística, nem noções de comunicação, nem tipos ou níveis de língua. Se estudaram já se esqueceram. Ou então agiram deliberadamente em conformidade com aquela norma universitária portuguesa, que embora nã escrita muita gente segue -o importante é dizer coisas simples com uma linguagem rebuscada, de forma a alardear erudição. Quanto menos os destinatários das mensagens perceberem, melhor !
Temos assim uma série de textos curtos, numa linguagem que valha-nos Nossa Senhora da Agrela, que não há santa como ela ! Os visitantes que deles precisariam para perceberem o que vêem, não os entendem de todo. Os raros outros que os entendem, esses não precisam de os ler, pois já perceberam o que viram.
Estamos portanto perante mais um caso em que o comum dos mortais será levado a murmurar de si para si -"está muito bem escrito mas não percebi patavina !" E você, com toda a franqueza, que ninguém mais o ouve -Percebe o texto ? Então aqui vai outra proposta para o mesmo local, que nos parece mais de acordo com a generalidade dos visitantes: "A janela do capítulo é a obra prima de Diogo de Arruda e do manuelino, um estilo unicamente português. Foi feita entre 1510 e 1513. A sua ornamentação é composta de elementos naturalistas ligados à epopeia dos descobrimentos. Vêem-se igualmente, em cima, a cruz da Ordem de Cristo, o escudo nacional e as esferas armilares, emblemas do rei D. Manuel.
Na parte de baixo está um marinheiro com uma árvore às costas.
Os contrafortes dos dois lados da fachada, chamados botaréus, representam em parte troncos de árvores. Até vemos as raízes. O da direita está amarrado com um cinto, que é o símbolo da Ordem da Jarreteira. No da esquerda vê-se a cadeia da Ordem do Velo de Ouro."
Que lhe parece a si, que habitualmente lê este blogue ? A sua opinião é importante para nos ajudar a aferir critérios de compreensão do português, como meio de comunicação eficaz entre os portugueses e outros lusófonos.



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