quarta-feira, 11 de novembro de 2009

QUE FUTURO PARA TOMAR ?

Conforme aqui referimos, a nova presidente da câmara de Rio Maior, do PSD, afirmou logo nos primeiros dias do seu mandato que falta encontrar um modelo de desenvolvimento para o seu concelho. E em Tomar, como estamos de planos para o futuro ?
Tanto quanto se sabe, a "bíblia" em termos de prospectiva continua a ser o já muito badalado "documento de trabalho" "Tomar 2015 - Uma nova agenda urbana". Nele, para além de considerações ditirâmbicas e fantasistas, tudo num estilo próprio de alunos do ensino secundário, pode ler-se, na página 9, esta notável tirada: "No dealbar do século XXI, Tomar evidencia não só uma vitalidade patente em vários indicadores, como perspectivas para robustecer e diversificar a sua base económica, recuperando-a e actualizando as suas vocações históricas: cidade de serviços, pólo de inovação e de competitividade, cidade de cultura e de saber."
Que vitalidade, que indicadores, que perspectivas, o relatório não esclarece. Como também não indica que tipo de serviços, que área ou áreas de inovação e/ou de competitividade, ou onde moram a cultura e o saber. Em resumo, apenas blábláblá de circunstância, para fundamentar assim-assim a captação de fundos comunitários. Desprovida de quaisquer planos minimamente credíveis em termos europeus, a autarquia que temos, em vez de nos dizer quantas empresas se instalaram no concelho, quantos alojamentos sociais foram edificados, quantos postos de trabalho foram criados, que recursos foram implementados para atraír investimento, qual a evolução da população residente, tudo nos últimos 15 anos, insiste em nos entreter com textos falaciosos que só conseguem convencer quem já estava convencido antes da sua penosa leitura.
Ainda em Julho passado, citando textos de UE, Corvêlo de Sousa advogava o "aproveitamento económico distintivo e inovador do recurso endógeno âncora, através da renovação da base económica orientada para actividades empresariais, exigentes em conhecimento, criatividade e tecnologia e actividades de suporte à exploração turística, e a projecção externa deste capital simbólico de valor inquestionável." É verdade. Inquestionável. Como se houvesse algo inquestionável no mundo moderno !
Como se não bastasse tanta "palha", o derrame de inverdades e sonhos oníricos prossegue: "...A rota turística Villa Sicó pretende ainda "a valorização do património material e imaterial de elevado valor histórico/cultural através da estruturação da oferta, modernização e diversificação das tecnologias de apoio à visitação, melhoria dos espaços e conceitos de acolhimento e de uma estratégia de comunicação e marketing que alavanca a internacionalização deste espaço/produto inigualável e inovador." Cuida o leitor que o nosso presidente estava a falar do Convento de Cristo ? Pois desengane-se. Referia-se à "Cidade Romana de Sellium", aquele terreno vago, com alguns alicerces dispersos, nas traseiras do quartel dos bombeiros.
Para não alongar demasiado, peço licença para despejar já o que trago no saco. Perante tão evidentes exemplos de logomaquia, a minha tosca opinião é que os nossos autarcas se têm comportado e continuam a comportar-se como aquele cidadão, a quem saiu num concurso um magnífico Mercedes, topo de gama. O nosso homem não o sabe conduzir, não tem recursos para a gasolina, nem para o seguro obrigatório, mas continua todo contente, porque também não tem qualquer ideia de viagem, mais curta ou mais longa. Há gente assim, para quem o futuro só pode ser praticamente igual ao passado, nos fundamentais. Sem adequada "folha de estrada", havemos de ir longe havemos !

2 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia António Rebelo,

Os responsáveis da câmara não estão a ter em conta os cerca de 3.000 desempregados inscritos no Centro de Emprego de Tomar. Isso é um aspecto negativo que não interessa para os contos de fadas. O delírio tomou há muito conta das cabeças daquela gente. Mais parecem pertencer ao Clube dos Amigos Disney...e Tomar que se trame. O ordenadinho até vem e Lisboa...e ainda bem, digo eu, porque se tivesse de ser pago pelo trabalho desenvolvido cá bem podíamos pedir socorro tal seria o nível das taxas camarárias...

Frei Gualdim disse...

Costumava-se dizer que "o futuro a Deus pertence". Mas neste caso, nem isso.
Será caso para dizer:
- ADeus!