COLABORAÇÃO PAPELARIA CLIPNETO
O Natal não tarda e com ele o tradicional período de tréguas na luta política, que se prolongará quase até meados de Janeiro. Dado que, ainda por cima, as eleições foram há pouco, a imprensa local e regional parece ter posto de lado a política e/ou os temas polémicos, salvo uma ou outra excepção. É o caso d'O MIRANTE que faz manchete com "Sete candidaturas à Câmara Municipal de Tomar deram muita parra e pouca uva". Lida a respectiva reportagem, a oeste nada de novo. Ficou-nos a ideia de uma peça "para encher chouriços", que nem sequer teve em conta o facto de na política local as consequências de determinadas situações poderem aparecer muito mais tarde. Ainda no mesmo semanário, na secção "Cavaleiro andante" e com fotografia, o carro que ficou sem rodas na Nabância, sob o título "O crime perfeito".
Já O TEMPLÁRIO apresenta uma primeira página muito mais variada e interessante para os tomarenses: "Presidente de junta no banco dos réus", "Mega-operação da polícia no mercado", "Antiga "casa de meninas" vai ser demolida" e "Mulher com gripe A ainda em coma". Trocando por miúdos, o presidente de junta em questão é Custódio Ferreira, de Paialvo. A mega-operação policial era só para impressionar ("sobretudo pedagógica" refere o jornal). A antiga "casa das meninas" é aquele prédio arruinado da Rua de Pedro Dias, onde por acaso nunca houve meninas. Apenas meretrizes legalmente autorizadas, que ali exerciam a sua profissão, sob as ordens de uma patroa, geralmente mais velha. Tal actividade passou a ser proibida a partir de Janeiro de 1963. Resta a senhora com gripe A, que afinal está realmente em coma, mas induzido pelos médicos, o que dá outro entendimento sobre o seu estado.
CIDADE de TOMAR, como habitualmente mais circunspecto, apenas colocou dois grandes títulos na primeira página: "Guaritas asfixiadas de silvas" e "Envolvente do Convento de Cristo degradada" As duas com fotografias a cores. As guaritas são as da popularmente chamada Estrada de Paialvo, edificadas na época em que por ali esteve aquartelado o Regimento de Infantaria 15, no antigo Convento de S. Francisco. Curiosa sem dúvida a lenta mas inexorável mudança da língua portuguesa. Aqui há mais de dez anos escrevia-se "asfixiadas pelas silvas", ou "asfixiadas com silvas". Mas já Camões escreveu, há mais de 400 anos, "todo o mundo é feito de mudança/tomando sempre novas qualidades".
Sobre a envolvente ao Convento, que ocupa toda a página 3, com algum texto e 5 fotografias bastante objectivas, trata-se da Calçada de S. Tiago, da Calçada dos Cavaleiros e do Parque de Estacionamento da Cerrada dos Cães. Vai tudo ser requalificado, para usar um vocábulo muito do agrado dos senhores arquitectos, devendo as obras começar em breve, uma vez que já foi feita a respectiva adjudicação. O mais curioso é que o projecto prevê, além das referidas requalificações, dois novos parques de estacionamento. Um na parte norte do Convento, para autocarros; outro do lado esquerdo de quem sobe, imediatamente antes do desvio para a Senhora da conceição, para 32 veículos ligeiros. Perante isto, é imperioso perguntar -Então querem que os turistas venham cá abaixo e melhoram as condições de acolhimento lá em cima ?! Não será contraproducente ?
Igualmente em CIDADE DE TOMAR, a habitual "Crónica de Campanha", assinada por Mário Cobra, desta vez com um título bem expressivo -"Padre dá à sola para Espanha". Só faltou mesmo acrescentar "com uma paroquiana de 18 anos, depois de os pais adoptivos terem recusado o seu pedido de casamento", para a verdade ser total. O mundo está cada vez mais escorregadio e ai de quem não tenha pé marítimo !
1 comentário:
Caro Sebastião Barros, aproveito para o congratular pelo belo blog de que é autor, e que com muito gosto acompanho.
Não é que tenha muito a ver com as notícias que estão na ordem do dia mas gostava de abordar o tão debatido assunto que é a requalificação do actual mercado municipal, isto porque há dias chamou-me a atenção um dos projecto nomeados para o prémio de arquitectura ENOR2009, nada mais nada menos que o Mercado Publico da Comenda, concelho de Gavião, relativamente próximo de nós, é no meu entender um bom exemplo de como um mercado tradicional como o nosso se pode adaptar ao século XXI. No site http://www.habitarportugal.org/ficha.htm?id=329 encontra-se várias informações acerca deste projecto. Obviamente que deve ser salvaguardada a diferença de escala entre o mercado de Tomar e o da Comenda, no entanto a ideia parece-me que se podia ajustar perfeitamente ao nosso mercado.
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