Os vereadores IpT apresentaram na mais recente reunião do novo executivo camarário uma proposta de "auditoria a todos os serviços municipais". Como justificativos mencionam os atrasos no despacho de processos de urbanismo, a reconstrução do pavilhão municipal, a ParqT e o recente relatório da Inspecção Geral de Finanças. Acrescentam os autores do documento que "face à falta de transparência que tem caracterizado a gestão municipal nos últimos tempos, a realização da auditoria, para além de necessária, é uma exigência ética e uma forma de, sem quaisquer dúvidas ou ambiguidades, prestar contas à população."
É sem dúvida alguma louvável esta iniciativa política dos vereadores IpT. Todavia, a forma como está redigida a proposta enferma, pensamos nós, de dois óbices. Por um lado é, simultaneamente, um documento que propõe e acusa, sendo que a ninguém agrada votar favoravelmente questões em que é acusado. Por outro lado conquanto as acusações possam ter fundamento e a intenção possa ser nobre, é tudo demasiado vago, podendo vir a permitir as mais variadas manobras de diversão.
Desde logo, a definição do tipo e dos limites da auditoria proposta. A todos os serviços, mas entre que datas ? Uma vez definido o âmbito temporal, quais são os aspectos a auditar ? Instalações ? Organização ? Pessoal ? Procedimentos ? Cadeia hierárquica ? Eventuais indelicadezas ? Qualidade dos serviços prestados ? Que serviços ?
A seguir, convirá igualmente determinar com precisão o tipo de entidade mais adequada para efectuar as várias missões, de forma a evitar, tanto quanto possível, relatórios finais com conclusões em estilo panegírico, que em vez de esclarecerem, contribuem antes para tornar a situação auditada ainda mais opaca. Abundam em Portugal os documentos desse tipo, mesmo na nossa autarquia. O "documento de trabalho" "Tomar 2015 Uma nova agenda urbana", por exemplo, além de evidenciar um estilo nitidamente fantasista e de fraca qualidade redactorial, tresanda a texto encomendado e formatado de acordo com aquilo que foi transmitido aos seus signatários, de forma a justificar à posteriori opções já tomadas pelo "encomendante" e desprovidas de qualquer estudo prévio minimamente sério. Foi assim, com factos consumados pela vontade do soberano absoluto, que a autarquia vem sendo paulatinamente arratada para o atoleiro em que agora se encontra, praticamente sem liquidez para assegurar adequadamente as suas principais funções, designadamente a manutenção eficaz dos novos locais requalificados.
Tendo em conta que, mesmo no caso altamente improvável em que a maioria actual vote favoravelmente tal proposta, mediarão vários meses até à apresentação e subsequente debate do relatório final, parece-nos que o melhor seria a coligação que agora nos governa mandar proceder, quanto antes, à recolha dos necessários elementos e posterior elaboração, por técnicos municipais escolhidos consensualmente pelo executivo, de um relatório de síntese, a entregar aos membros da câmara e da assembleia municipal, assegurando igualmente a sua publicação na imprensa local. Este documento serviria depois como base para um debate aberto à população sobre "Que futuro queremos para Tomar ?". Isto porque, no nosso entender, a actual situação não é sustentável durante muito mais tempo, sem graves prejuízos para a cidade e para o concelho, pois quanto mais caminho errado percorrermos, mais seremos obrigados a percorrer depois em sentido inverso.
Sendo certo que o caminho se faz andando, não é menos verdade que caminhar às cegas impede que se saiba onde vamos chegar. Dado que nem o PSD nem o PS demonstram possuir algum modelo de desenvolvimento que deva ser implementado, torna-se óbvio que ignoram totalmente para onde caminhamos. É assim que pretendem continuar ?
Dirão talvez que há as obras na Mata e na Cerrada dos Cães, os vários museus da Levada, o Polis XXI e por aí adiante. São tudo empreendimentos que aumentarão consideravelmente as despesas, quando a necessidade premente é de receitas, sobretudo a partir do momento, já no próximo ano, em que o governo começará a limitar cada vez mais as transferências para as autarquias. Não só porque cobrando menos também distribui menos, mas também e sobretudo porque para reduzir o défice até menos de três por cento em 2o14, alguém terá de sofrer. E as próximas eleições estão previstas para 2013.
Já não se trata portanto de morrer ou não morrer, mas unicamente de escolher o tipo de morte. É triste mas é assim ! Depois não se lastimem, dizendo que ninguém vos avisou a tempo e a horas.
2 comentários:
cionaBom dia António Rebelo,
O Polis do Flecheiro, tanto quanto sei pelo que em devido tempo me foi explicado, deveria ter sido levado a cabo dentro do orçamento e respectivas verbas com que foram feitas as obras até agora realizadas, ou seja, o campo da bola que substitui (dizem eles) o antigo estádio municipal, o pavilhão das feiras de stocks que substitui (continuam eles a dizer...) o antigo pavilhão gimnodesportivo, os respectivos (des)arranjos envolventes, parques aquático/estacionamento, e outras componentes mais ou menos (in)visíveis. Só deu para destruir até à nova ponte do Flexeiro, nome grotesco engendrado quando muito bem lhe poderiam ter aposto o nome de Ponte dos Templários, já que dela se avista não só o castelo como a igreja de Santa Maria. Isto à falta de melhor opinião...é apenas a minha! Imagine se a ponte começasse no Cú da Mula!!!
Deste modo, se as verbas que os patetas da Europa continuam a despejar para cá sem fazerem qualquer controlo fossem devidamente aplicadas, com rigor, com seriedade, mas sobretudo com profissionalismo, muito provavelmente teriam chegado para completar a obra até ao fundo de Tomar. Dada a especificidade do local, com o desenho em curva do rio e o arvoredo existente, julgo que não seriam necessárias obras de grande vulto para transformar toda aquela zona que é actualmente um enorme bairro de lata onde habita a comunidade cigana em condições inexplicáveis, numa bonita área limpa, fresca, aprazível, de lazer, verdadeiro cartão de visita da cidade, ainda por cima tratando-se da principal entrada.
E assim teríamos menos uma dor de cabeça, nós os munícipes, porque em relação aos autarcas é para o lado que dormem melhor. Nós não sabemos se a obra alguma vez será feita, e se o for quanto isso nos custará...
Você, António Rebelo, sabe bem da verdade das minhas palavras, pois jolgo que frequentemente elege aquela zona para os seus passeios pedonais.
Temos de viver com aquilo que temos! O clima não ajuda, os solos são muito escorregadios, daí a derrapagem dos custos das empreitadas, sobretudo quando se trata de obras públicas...não há dinheiro que vede, como diz o outro...!!!
Derrapagens?...
O melhor é deixar de andar com pneus carecas.
Se apostarem em veículos com tracção às quatro rodas e comprarem pneus novos talvez deixem de ter tantas surpresas...
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