terça-feira, 24 de novembro de 2009

A JANELA EXPLICADA AOS VINDOUROS - 2

Numa de defesa do património, que pode estar em sério perigo, caso não impere o bom senso, escrevemos anteriormente sobre a ornamentação da Janela do Capítulo. Publicámos também uma fotografia, tirada na posição em que a maioria dos turistas a vê, que está longe de ser a mais favorável.
Desta vez, mostramos a ilustração mais frequente nos desdobráveis turísticos -a fotografia frontal- que tem dois grandes óbices: 1 - Não se indicando as dimensões reais, a janela parece bem mais pequena a quem nunca a viu directamente ou na TV; 2 - À falta de esclarecimentos adequados, muitos visitantes percorrem a parte exterior do convento e do castelo, naturalmente à procura da janela. Nada mais lógico, visto que as janelas dão sempre para o exterior. Só que neste caso...
Se, após a leitura da explicação do poste anterior, alguém ficou convencido de que agora já sabe tudo sobre a ornamentação da Janela do Capítulo -desengane-se ! Nunca se consegue saber tudo sobre um tema, seja ele qual for. O autor destas linhas, por exemplo, conhece e observa regularmente a principal atracção do Convento de Cristo há mais de 50 anos. Mesmo assim ainda descobre coisas novas de cada vez que a visita de forma mais detalhada. Quer um exemplo prático ?


Na realidade, a representação da água do mar, que referimos no escrito anterior, e que se vê por cima das salinas, forma afinal um rectângulo, cujos lados maiores são paralelos aos pináculos, passando o inferior por trás da parte superior do tronco suportado pelo vulto humano. Uma espécie de moldura líquida, a separar a ornamentação marítima da terrestre. Outro exemplo ?
Repare nesta fotografia do anglo superior direito da anterior. Concentre-se no espaço entre a base da esfera armilar e o espaço do pináculo entre a corda e o feto. Já viu ? Estão lá representados, em alto relevo, dois pequenos animais de companhia. Ainda tem dúvidas ?

Pois aqui os temos, todos catitas, apesar de festejarem 500 anos em 2010. A prova evidente e indesmentível de que afinal os líquenes e outros musgos não danificam, antes protegem o calcário contra as chuvas ácidas. Ambos de cabeça para baixo, temos à direita o gato Gualdim, com a cauda para a direita, e à esquerda o cão Nabão, com o rabo aparente entre as patas traseiras. Convivem sem problemas, dado que foram criados juntos e assim estão há centenas de anos. E esta hein ??!!, exclamaria o saudoso Fernando Pessa, do alto das suas oitenta e tantas primaveras. E agora, julga que já sabe finalmente tudo sobre a decoração da janela ? Pois nem pensar. Tenha santa paciência e aguarde o próximo texto, se fizer o favor de nos continuar a ler. Para tudo é preciso cada vez mais pachorra...


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