Desenganem-se os ferrenhos adeptos das duas forças políticas que presentemente governam a câmara. E deixem-se de paranóias. Ninguém persegue os vossos amados eleitos, nem exerce deliberadamente aquilo a que as senhoras e os senhores em questão apodam erradamente de má-língua. A situação económica local é suficientemente grave -e a economia condiciona tudo o resto- para se perder tempo com tais ninharias inglórias.
No que nos diz respeito, trata-se apenas de mostrar factos incontroversos e sobre eles emitir opiniões fundamentadas, naturalmente sujeitas a erros de perspectiva, como tudo o que é humano. Por exemplo, dizendo que, tal como o governo, a câmara tomarense também tem a mania de viver acima das suas posses, estamos apenas a alertar para uma situação evidente. Realmente, se a autarquia nabantina não gastasse sitematicamente mais do que aquilo que recebe, para que seriam os sucessivos e consideráveis empréstimos?
Pois a partir daqui, enquanto os tais adeptos ferrenhos, geralmente ignorantes que se desconhecem, consideram que está tudo bem, pois não havia outra solução, nós opinamos que a situação é insustentável a curto/médio prazo, pelo que é forçoso buscar e encontrar outra maneira de viver. Que isto na política, na economia ou na medicina, não é como no futebol. No futebol, ganhe quem ganhar, aconteça o que acontecer, a vida continua tal como anteriormente, salvo para alguns dirigentes, treinadores ou jogadores. Pelo contrário, na economia, na política ou na medicina, um simples acto insuficientemente ponderado pode vir a provocar a morte do paciente. Repentinamente, a curto, médio ou longo prazo.
A actual situação tomarense parece-nos extremamente grave, não só porque insustentável, como já foi dito, mas sobretudo porque os nossos eleitos parecem persuadidos de que tudo se há-de resolver com umas aspirinas (empréstimos), enquanto não se ultrapassa a crise e volta a fartura. Acontece que, sem novas políticas, nunca mais se conseguirá ultrapassar o actual marasmo económico, dado que a época das farturas, do crescimento a 3% ao ano, é coisa do passado, que nunca mais voltará.
O reputado economista e ex-ministro Hernâni Lopes, é muito claro sobre este assunto: "A Europa foi condicionada pelo que se pode designar como uma "ilusão de óptica". A expectativa de que o seu crescimento excepcional nas três décadas que se seguiram à segunda guerra mundial poderia continuar por tempo indefinido. Justificava-se que, no pressuposto de que essa expectativa se iria confirmar, se instalassem dispositivos de políticas sociais e programas de despesas públicas que garantiam a segurança de estilos de vida libertos da necessidade de se preocupar com a formação de poupanças, para satisfazer o tradicional motivo de precaução.
...De facto, a taxa média de crescimento anual registada na Europa e no mundo ao longo de séculos, não justifica a expectativa de se poderem prolongar por um tempo indefinido os valores obtidos entre 1945 e 1975..."
(Hernâni Lopes, A economia no futuro de Portugal, páginas 74/75).
Convém ainda acrescentar dois factos agravantes. Por um lado, devido à nossa especificidade política na Europa do pós-guerra, a fartura proveniente do crescimento económico iniciou-se entre nós só no final dos anos 60 e acentuou-se nos anos a seguir ao 25 de Abril, com a economia "puxada" pelo consumo interno, vindo a esmorecer com a entrada na moeda única. Por outro lado, a tradicional morosidade lusitana é particularmente evidente em Tomar, onde apesar de vivermos uma situação económica desgraçada, os nossos autarcas fazem de conta que está tudo bem, que não é nada com eles, que não há nada a fazer, bastando ir aguentando para que tudo acabe por se resolver.
Nestas condições, quando finalmente forem obrigados pelo agravamento da envolvência sócioeconómica a tomar medidas, já as características da presente crise terão evoluído, pelo que as medidas que neste momento seriam correctas já estarão ultrapassadas. Aqui fica o aviso, para o que considerarem conveniente.
4 comentários:
é claro que não se podem dizer verdades, nem constatar factos, sem se ser apelidado de má língua. O bom mesmo para esses senhores seria acrediarmos no amor à causa e à ética republicana de serviço público. Só que os factos desmentem os discursos. Se não foi para o PS arranjar uns tachitos para os acólitos de LF, o casamento PSD/PS serve quem? Os tomarenses não de certeza....e o pior está para vir, é que sem dinheiro não há palhaços e a ambição é desmedida e inversamente proporcional à competência.
Este não é um casamento por amor. Será por conveniência? Será que a noiva vai prenha e nós desconhecemos?
Das campas vizinhas dizem-me que está para nascer um aborto...
bruxaria!
Nunca damos Tomar por alcavala a alguém.
É ou não verdade que este "casamento" PS/PSD para Tomar foi arranjado numa loja de aventais em Santarém?
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