Na sequência de muitas outras já publicadas, estas duas imagens ilustram o frustrante clima depressivo que se vive em Tomar. Uma cidade outrora florescente, esvai-se a arruína-se agora a um ritmo assustador. Claro que na linha da boa tradição nabantina, os tomarenses não têm culpa nenhuma, os eleitores também não, os funcionários superiores da autarquia ainda menos e os autarcas nem pensar. A culpa é do governo ou, quando muito, dos mandatos anteriores. E assim vamos.
Sem táctica nem estratégia, os actuais membros dos executivo vão-se deixando levar pelos acontecimentos, à espera de melhores dias (virão?). Sem emprego nem perspectivas locais, os jovens e os menos jovens fazem-se à estrada em cada vez maior número. Sem investidores que, vencidos pela medonha local-burocracia, foram jardinar alhures, e sem préstimo por falta de gente com paciência de santo, os imóveis devolutos vão-se transformando em ruínas, enquanto aguardam em vão algum comprador mais lorpa ou distraído.
Neste contexto lamentável, a oposição lá vai procurando reunir tropas, incitando à luta e sonhando com futuros mais promissores, como testemunha este cartaz do PCP, reivindicando um Portugal com futuro. Que futuro? Onde? Quando? Como? Com quem?
No charco nabantino, onde já nem se ouve sequer o coaxar das rãs, a vitória do candidato socialista na primeira volta das presidenciais francesas encheu de alegria e de esperanças muitos milhares de portugueses, entre os quais alguns tomarenses. O vereador Luís Ferreira não hesitou em usar aqui um estilo empolgante e triunfalista, a meu ver infelizmente prematuro e inapropriado. Prematuro porque sendo certo que as sondagens previam desde há muitos meses a vitória de François Hollande na primeira volta e mesmo na segunda volta, em política nunca é conveniente limpar o dito antes de defecar. A segunda volta confirmará muito provavelmente a vitória do candidato PS, o que não significa que a situação política melhorará em França.
Inapropriado porque, apesar de o presidente francês ter poderes executivos consideráveis, não consta que já alguma vez tenha tido o poder de fazer milagres. E como a situação financeira gaulesa, salvaguardadas as devidas proporções, é tão ou mais grave que a portuguesa, as perspectivas não são as melhores. Acresce que, sem uma maioria sólida na Assembleia Nacional, ainda nenhum PR francês conseguiu governar a contento. Como as eleições vão ter lugar em Junho e a esquerda ampla não tem grandes hipóteses de vir a conseguir os almejados 300 deputados, não se antevêem àmanhãs que cantem.
Entre outras coisas, Hollande prometeu mais 60 mil professores e uma taxa de IRS de 75% sobre os rendimentos superiores a um milhão de euros. Esqueceu-se porém de indicar como serão financiados em clima de recessão os novos 60 mil lugares na função pública, bem como de uma realidade singela: a Suiça, um dos mais conhecidos e seguros paraísos fiscais, faz fronteira com a França, não havendo controle de passagem pois o país é equiparado ao Espaço Schengen. De maneira que, à cautela, a esta hora já há centenas de malas noutros tantos porta-bagagens, dirigindo-se para o lado suiço do Lago Leman. Coisas da vida...
Quanto às actuais esperanças vãs, lá para depois do Verão, o mais tardar, não se falará mais nisso. O governo francês, constrangido e forçado pela conjuntura estará então a implementar medidas de austeridade tão duras como em Portugal, na Irlanda, em Espanha, na Grécia ou na Itália. Porque mesmo se a receita da troika não é nada agradável, causando demasiadas desgraças sociais, também ainda ninguém descobriu uma alternativa credível. Há séculos que o povo vem dizendo não ser possível fazer omeletes sem ovos. Ou fazer chouriços sem carne. Mesmo quando, como os políticos tomarenses, se está muito habituado a encher chouriços...
6 comentários:
Começo a ficar espantado com tanta ingenuidade(?) de um dos mais reputados e experientes politicos do burgo!
E mais espantado por achar que há por cá um ligeiro não sei quê. E os 6 anos do Pinóquio?
Julgará que somos dementes?
Ou será só fé?!
Dr. Correia Leal e prof. Rebelo
Como não fui pessoa bafejada pela sorte da fé, se lerem com atenção o meu texto, poderão verificar que não prevejo facilidades para Holland, chamando aliás à atenção para o crescente perigo da extrema-direita pós-fascista da FN.
Quanto a Portugal, percebe-se bem que o caminho percorrido, com menos riqueza gerada, venda ao desbarato e para oligarquias estrangeiras das principais participações publicas, redução dos apoios sociais aos mais necessitados - hoje mais de três milhões, destruição do Serviço nacional de saude, redução das oportunidades na educação, desinvestimento na formação tecnológica, só pode levar ao disparate.
Esse não é o caminho. Os excessos das ultimas décadas precisavam de um controlo, mas isso nao justifica a agenda ideológica encetada. Já não vivemos num estado democrático, mas numa realidade neo-fascista, numa economia de guerra e de espoliação dos direitos básicos de franjas cada vez maiores da população.
A pergunta que deverão fazer é: até quando e de que forma
... A pergunta que poderão fazer é: até quando as partes mais determinantes da sociedade aguentarão o "garrote" e de que forma terminará isto, a bem ou a mal?
Temo que seja a mal, mas é apenas uma suposição, que nem sequer é um desejo!
Irei aproveitar hoje o dia para incentivar a constituição de uma alternativa política ao atual status quo Concelhio, motivo de chacota por todo o Distrito.
25 de Abril sempre!
Tenho para mim que não devemos temer movimentos violentos de carácter político. Não só devido aos nossos brandos costumes, mas também devido ao facto de os civis não terem armas nem meios para as comprar, enquanto os militares têm armas, mas falta-lhes pessoal e um pretexto grave.
Concordo que a situação não é mesmo nada agradável, sobretudo porque a esquerda em geral insiste em se insurgir contra os medidas do governo sem todavia apresentar qualquer alternativa.
Julgo despropositado acusar o actual governo, saído de eleições livres e justas, de comportamentos neo-fascistas e outros pecados semelhantes. Não seria melhor indicar-lhe caminho ou caminhos diferentes e mais favoráveis para a população, para se conseguirem os mesmos objectivos?
Inteiramente de acordo quanto ao que afirmas sobre a situação local. Urge encontrar uma saída. Ou pelo menos uma hipótese alternativa para 2013.
Após uma recente a agradável conversa com Carlos Carrão, começo até a acreditar que o principal responsável pelo status quo pode até nem ser ele. Há na autarquia e fora dela muito boa gente, eleita ou não, a quem interessa sobremaneira que se mantenha o presente descalabro local...
Para os abutres, quanto mais cadáveres em decomposição, melhor. Como costuma dizer um dos agentes funerários locais: Está isto mau! Não morre ninguém...
Amigos
Já não alinho mais neste folclore. Todos sabemos das dificuldades existentes ,como ,por quem e quando fomos conduzidos a esta miséria.
Desculpas,manobras de diversão,etc . Mais que vistas ,previsíveis ,enfadonhas e insultuosas para QI normais.
Somos a chacota do distrito,diz o Amigo Luis Ferreira?! Engraçado mas quem permanentemente acha e diz que o PS tomarense é fraquíssimo e não é para ser levado a sério são personalidades nacionais de peso do grande PS nacional. Porque será?
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