segunda-feira, 13 de agosto de 2012

CÂMARA DE TOMAR: Um engano muito esclarecedor

Há enganos, ou mesmo simples lapsos, que são muito esclarecedores. Por aquilo que mostram e sobretudo pelo que indiciam. É o caso deste. 
Um cidadão do concelho, desejando mandar fazer determinada obra, encomendou o necessário projecto. Depois entregou-o nos competentes serviços da autarquia, acompanhado do respectivo requerimento para obter a indispensável licença de obras, só possível após a  aprovação da câmara. E foi esperando.
Passaram os meses e os anos, com sucessivas idas aos tais serviços, para indagar do andamento do processo. Está em estudo, venha cá para a semana... Até que acabaram por lhe dizer que, como estava, não podia ser aprovado. Que tinha de mandar fazer novo projecto, e que mais assim e mais assado. A música habitual em tal circunstância. Bem conhecida de todos os investidores que já operaram na área da construção civil.  Tratando-se de tarefa bastante cara, resolveu ir insistindo junto de amigos, a ver se... antes de pôr o pescoço no cepo. Foi tempo perdido.
Desiludido, lá se resolveu finalmente, contrariado, a encomendar outro projecto, que entregou na autarquia, naturalmente acompanhado de novo requerimento. 
Passaram mais meses e anos, que na autarquia tomarense é quase sempre de ano e dia. Quando o neto, que entretanto nascera, já estava quase a entrar para a escola básica, lá recebeu -finalmente!- um ofício comunicando-lhe que o seu projecto fora deferido, pelo que podia dirigir-se aos respectivos serviços e aí levantar a indispensável licença para iniciar a obra.
Alvoraçado, bem disposto, que o caso não era para menos, lá foi. Pagou e recebeu então a licença de obras e uma das cópias do projecto, devidamente autenticada  pela autarquia. Falou com o empreiteiro e combinaram o início dos trabalhos para determinada data.
Chegado esse dia, qual não foi a sua surpresa ao ouvir da boca do engenheiro responsável: -Então mas olhe lá! Afinal, este projecto é o primeiro. Aquele que eles nunca quiseram aprovar...
Acontece cada uma na autarquia nabantina!

8 comentários:

Unknown disse...

Caro Rebelo, essa história é "do outro mundo", a incompetência custa aos cidadãos muito dinheiro e anos de vida, isso talvez não aconteça só em Tomar mas jamais devia acontecer. Se esse senhor tivesse "padrinhos" na câmara o pedido era processado rapidamente.

Por aqui também aconteceu uma das boas, ao fazermos umas pequenas reparações nas traseiras da casa pois estava quase em ruínas fomos denunciados e a "obra" foi embargada com direito a coima e tudo, descobrimos quem nos denunciou e não é que essa mesma pessoa uns dias depois andava a trabalhar ilegalmente como pedreiro numa obra maior e sem qualquer licença.

Como não somos pessoas maldosas não fomos denunciar mas agora temos de pagar e bem, mais a perda de tempo, tudo por uma obra para evitar males maiores.

Cumprimentos e que tenha muita saúde para continuar a lutar pelo futuro da nossa cidade.

HC disse...

Parabéns prof. Rebelo!
Um grande abraço. Continue com a força na caneta, que é como quem diz, no teclado.

Sílvia Marques disse...

isto é uma anedota, certo?!
:)

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

O Tomar a Dianteira no seu melhor.

Associo-me às felicitações de anteriores comentaristas.

Seria bom que o actual presidente mandasse investigar este processo, e, a confirmar-se o dito no post, apresentasse, em nome da Câmara, desculpas aos senhores. E mais ainda deveria fazer...

Foi esta "caneta" que muito apoiei de início. Vamos lá a fortalecer de novo essas canetas...

Unknown disse...

Para Sílvia Marques:

Infelizmente não é só uma anedota, se assim o quisermos interpretar. Trata-se de uma prática habitual, de acordo com os testemunhos recolhidos, cujas vítimas preferem manter um rigoroso anonimato, porque também precisam de viver.
Há até indicações de que pelo menos alguns políticos no activo também sabem o que se passa, preferindo porém assobiar para o lado porque podem estar em causa alguns financiamentos e bastantes votos no próximo ano...

emege disse...

Parabens pela denuncia.

Quero aqui deixar o meu caso particular. Há uns anos decidi construir uma moradia neste concelho, de que sou natural. Pedida a declaração da viabilidade da obra e sendo esta positiva, contactei o arquitecto para a elaboração do projecto.
Após a entrada do projecto na CMT e passados os meses ( e anos ) sem qualquer nota por parte da CMT, decidi começar a pressionar os serviços ora pessoalmente, ora por escrito ou telefonicamente. Fazia-o semanalmente e por vezes até diariamente. Tive a noção que com esta minha atitude empurrei o processo através de todas as secretárias dos diversos serviços. Passados cerca de 3 anos sou contactado pelo próprio Presidente da Camara ( Eng. Paiva ) alegando que o meu projecto se encontrava em espaço agro florestal, sem qualquer infra-estrutura e como tal iria ser reprovado. Perante as minhas alegações de que assim não era, consegui levar ao local o Sr. Presidente da Camara para que pudesse ver que se encontrava enganado. Passados mais 6 meses consegui ver o meu projecto aprovado. Foram três anos e meio que mediaram, desde que apresentei o projecto até que o ví aprovado, sem que durante esse periodo a CMT me tivesse contactado por qualquer irregularidade no projecto ou outra qualquer.

Sílvia Marques disse...

Há coisas contra as quais não conseguimos lutar e ou nos calamos para sobreviver ou nos desgastamos...

Infelizmente gostava de Acreditar num mundo melhor onde imperem os Valores, mas a cada dia que passa é cada vez mais impossível, tudo é confuso e sem anexo!

Bem haja pelas suas palavras!

nunomvca disse...

Da minha passagem por serviços públicos fiquei com a impressão de que muitas vezes são esses funcionários incompetentes os primeiros a avançar para as greves. Os funcionários competentes, que se esforçam no dia a dia para que a máquina funcione, trabalham mesmo e não têm tempo para greves. Estão a servir os outros concidadãos, não a prejudicá-los ainda mais com atrasos! Os incompetentes minam a máquina, sabem que não vão ser despedidos e acabam por manchar a imagem dos outros. O mérito do funcionário correcto, honesto e competente devia ser reconhecido a bem do respeito pelas instituições e naturalmente da eficiência desejável do serviço.