quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Não será, mas parece...


Não será decerto uma brincadeira de mau gosto; mas lá que parece, parece! Segundo a Rádio Hertz, o executivo camarário nabantino decidiu, na reunião da passada segunda-feira, "baralhar e voltar a dar" em relação ao antigo Convento de Santa Iria. Por unanimidade, ainda por cima. Infelizmente, a notícia citada não indica qualquer motivo para a nova atitude camarária face a um processo francamente anedótico. Tanto quanto foi possível apurar anteriormente, e já aqui avançado, houve a dada altura investidores estrangeiros interessados na cedência em regime de direito de superfície, com posterior retribuição percentual. Contudo, as conversações não passaram da fase inicial, devido à usual intransigência do sector urbanístico do município. Mais precisamente, exigindo a regulamentação hoteleira internacional que, nos estabelecimentos de quatro estrelas, hóspedes e empregados não circulem pelos mesmos corredores, haverá sempre necessidade imperiosa de duplicar o Arco de Santa Iria. Para cima, para o lado ou em subsolo, de modo a conseguir dois corredores de ligação. Um para os clientes, outro para o pessoal de serviço, caso se insista na unidade hoteleira citada. Acontece que, segundo a informação obtida em tempo útil, os competentes serviços camarários recusaram liminarmente qualquer uma das hipóteses apresentadas. Apenas no quadro já conhecido, em que primeiro se criam dificuldades para depois se venderem facilidades? É o que a seu tempo se acabará por saber. Como sempre tem acontecido.
Em qualquer caso, tendo em conta a conjuntura actual, voltar a avançar nesta altura com a  ideia de um hotel de charme de quatro estrelas e 60 quartos, com o  ex-Convento de Santa Iria no estado em que se encontra, mais parece uma brincadeira de mau gosto. Com efeito, a crise hoteleira, a crise turística, a crise imobiliária, a crise de liquidez, a falta de crédito e a englobante crise económica, convergem no sentido de transformar esta deliberação unânime da autarquia em apenas mais uma peça de poesia lírica. Valha-nos Nossa Senhora da Agrela, que não há santa como ela!

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