sábado, 11 de agosto de 2012

Doente de boa saúde

Procurando sossegar todos os que ficaram preocupados após terem lido o estranho texto "António Rebelo e o seu estado de saúde", publicado nos dois semanários locais, esclareço que, como alegado doente, me encontro felizmente bem de saúde. De tal forma que até ouso formular uma explicação para o surgimento do referido panfleto disfarçado. Trata-se afinal de um daqueles papelinhos com desejos, que os judeus costumam deixar nas fendas do Muro das Lamentações, única parede que resta do Templo de Salomão. Uma vez que em Tomar existe apenas uma cópia do Santo Sepulcro (a Charola Templária) e não uma réplica do dito muro de Jerusalém, coube à imprensa local desempenhar esse papel.
Porque no fundo é disso que se trata. Gente que está habituada a variadas benesses com origem na política, que vão de telemóveis sem limite até gabinetes grátis, passando por protagonismos assaz sumarentos, denota agora um certo nervoso miudinho, ao constatar que lá ao fundo já se apercebe a porta de saída. Assustados com a provável perda do assento e do inerente estatuto, vá de tentar arredar do microcosmo político local quem realmente incomoda por não ter papas na língua nem interesses ínvios a defender. No fundo, o que convinha mesmo a certos políticos era que eu adoecesse, ou idealmente falecesse, de modo a não poder participar, pelo menos como comentador, na próxima campanha eleitoral. Tal não sendo possível, vá de propalar essa ideia, acolitada por uma série de calúnias, da inventada atracção por bailes à permanência nas esplanadas, ou à minha pretensa irritação após ter perdido em 2009 uma eleição interna no PS, quando afinal me limitei a comentar que não me iria calar, como se tem vindo a constatar desde então... Deus abençoe os simples de espírito!
Cometido o acto infame, resta agora a quem o tornou possível uma de duas hipóteses: ou pedem desculpa publicamente, reconhecendo que erraram deliberadamente, ou caberá ao poder judicial decidir quem tem razão e agir em consequência, nos termos das leis em vigor. Em democracia plena, é assim que se deve proceder sempre. Cada qual pode dizer, escrever ou publicar aquilo que lhe apetecer, mas depois assume as respectivas consequências.

2 comentários:

Maria disse...

Ainda bem que não está doente. Concordo muitas vezes consigo, outras não, mas tem-me mostrado muita coisa que está mal na minha terra.
Continue a escrever e lembre-se que, "Os cães ladram, a caravana passa".
Deixe-os ladrar, tome a atitude que achar certa e conte com a solidariedade da
Maria

Unknown disse...

Muito obrigado pelo apoio. Tenciono continuar, contra ventos e marés, até que a voz me doa, como no conhecido fado.
Saudações nabantinas,

António Rebelo