terça-feira, 7 de agosto de 2012

FOGO DE ARTIFÍCIO PARA ENTRETER A MALTA

Tencionava escrever sobre a estrambótica decisão do executivo municipal de instalar a próxima Feira das Passas no terreno onde houve a Messe de Oficiais, decisão que, calculo eu, muito vai agradar aos comerciantes da Rua Direita e da Praça da República, já fartos de tanta clientela. Resolvi entretanto mudar de tema, por três motivos. Por um lado, porque sei bem ser pura perda de tempo gastar cera com ruins defuntos, a pouco mais de um ano da respectiva saída, espera-se que definitiva, para bem do concelho. Por outro lado, porque li a mais recente publicação do vereador e meu amigo Luís Ferreira, sobre o actual contexto político nacional e internacional. Finalmente, porque procuro nunca fugir a uma boa polémica, daquelas que possam gerar retornos positivos, que dos outros já temos que cheguem.
Basicamente, a notícia por ele reproduzida relata a adopção pelos social-democratas alemães da proposta antes assumida e defendida pela França, Espanha, Itália e todos os outros países do sul a braços com a crise. Trata-se de mutualizar a dívida pública = eurobonds ou coisa semelhante, em conjunto com o controlo europeu de cada orçamento nacional. O tal outro caminho de que vêm falando os socialistas europeus. Para além da oposição do governo alemão, que dificilmente irá tolerar a implementação daquilo que considera uma armadilha para sacar dinheiro aos contribuintes teutões, não estou a ver que vantagens poderá tal política representar para Portugal e para Tomar, uma vez passada a euforia da sua adopção, caso tal se venha a verificar.
Primeiro, porque vários Estados americanos, entre os quais a Califórnia (ver texto anterior) já beneficiam da mutualização federal das suas dívidas, outro tanto acontecendo com as regiões espanholas, o que não obsta a que estejam à beira do abismo financeiro. Para já falar da conhecida música "A Madeira é o Jardim"... Segundo, porque -se bem li- a proposta do SPD é dupla: eurobonds+controlo orçamental e nunca uma coisa sem a outra. Ora assim sendo, o que muda para Portugal? Vão-nos pagar a gigantesca dívida pública, que não pára de aumentar? Vão evitar que o Estado continue a gastar mais do que recebe? Vão resolver o problema da dívida dos 308 municípios, entre os quais o de Tomar? Vão gerar crescimento económico, condição sine qua non para reduzir o desemprego?
É claro que não! Quando muito, permitirão uma ligeira redução dos juros e reescalonamentos das dívidas, porque isso convém à banca, uma vez que mais tempo = mais juros. Facultarão também, sobretudo à esquerda, a ilusão passageira de que vai ser possível continuar a distribuir uma riqueza que foi e está a ser gerada nos países do norte, sendo transferida para o sul via poupanças > banca > empréstimos privados + dívida pública.
Mantém-se portanto intacto o problema que nos preocupa, ou devia preocupar: Como vamos pagar a dívida pública, se ainda estamos na fase de pedir emprestado para pagar os respectivos juros, o que significa que quanto mais pagamos por este método, mais ela aumenta?
"O Mundo pula e avança/Como bola colorida entre as mãos de uma criança", escreveu Gedeão. Mas assim ou assado vamos ter de pagar. E quanto mais adiamentos, quanto mais ilusões de caloteiros, pior! Infelizmente para todos nós pagantes, no fim de contas, tudo bem ponderado, não há outro caminho! Ou há?!

8 comentários:

Luis Ferreira disse...

Estimado Prof.Rebelo

Informo-o que a Câmara a única coisa que decide sobre a Feira de SAnta Iria é a constituição da comissão organizadora, este ano totalmente e exclusivamente constituída por elementos funcionarios municipais, com exclusão do "papa-comissões" Mário Santos e um regulamento geral pata a sua organização.

Não é o modelo adequado de gestão de eventos, sabido que o PS defende há imensos anos a criação de uma estrutura profissional para tomar conta de todos estes eventos e feiras.

Por isso quaisquer decisões de espaços decorrem por responsabilidade direta do Vereador José Perfeito, que foi quem a Canara designou para coordenar o processo, o qual tem competências delegadas pelo Presidente para dar execução plena a muitas das matérias necessárias.

Quanto à questão europeia, polémicas à parte, convém não esquecermos que apesar de tudo ainda vão havendo eleições e a única "safa" que temos de entrarmos até ao final da presente década em guerra é que os modelos políticos se sobreponham aos económicos e, como venho escrevendo, coloquem os prestamistas na devida ordem: a bem. Senão será a mal.

Luis Ferreira disse...

E uma ultima nota sobre as dívidas dos Estados. Como muito bem disse José Sócrates numa conferencia em Paris, onde se encontra a cursar Filosofia, numa natural preparação par um cargo nacional a longo prazo ou internacional a curto compatível com a experiência e visão demonstrada no exercício de funções em Portugal, as dividas dos Estados numa se pagam na íntegra, apenas se gerem.

Por muito estranho que usar soe é mesmo assim. Os Estados não morrem, logo as suas dívidas gerem-se ao longo do tempo, ao contrário das dividas das pessoas, das famílias e das empresas. O mesmo raciocínio para as Cidades.

Anónimo disse...

Meu caro amigo:
Quanto à Feira de Santa Iria, obrigado pela informação, útil para os leitores de TaD.

Sobre dívida pública era como dizes, por ser o método mais rentável para a banca, que assim nunca perdia os clientes e ia aumentando os juros. Agora, porém, com a crise persistente, não sei se os credores, amedrontados com a hipótese de não receberem, como sucedeu com a Argentina em 2001, continuam para aí virados.
Aproveito para um esclarecimento. José Sócrates está Paris a frequentar um MBA Executive em Sciences Po, com a módica propina anual de 14 mil euros + alojamento + alimentação + serviços domésticos + transportes públicos... Gente rica é outra coisa! Sobretudo quando é socialista, pelo menos de cartão partidário.

Alfredo Guedes disse...

Compreendo o saudosismo de alguns socialistas! Mas também percebo que não é só de verdadeiro saudosismo que se trata. Trata-se, isso sim, do enorme tormento de terem perdido o poder político! Aquilo a que chamam o poleiro que dá as grandes benesses!!!Invocar sócrates como sinónimo de algo positivo, é para mim quase o mesmo que recorrer ao "demo" para resolver quaisquer dos nossos problemas!!!

Luis Ferreira disse...

Esteja ele a cursar o que seja, nada me move contra os ricos.
Como socialista que sou apenas procuro na minha atividade política ser justo e ajudar a reduzir as dificuldades dos mais pobres. Ou como dizia Willy Brant "O comunismo quer acabar com os ricos, a nossa (dos socialistas) preocupação é acabar com os pobres". [A frase nao é bem assim, mas o conceito é esse]

Discordamos dessa visão da economia, nomeadamente da leitura da divida dos Estados.
Garanto-lhe que na gestão da bossa Cidade inebriais terá de ser para, com a mesma despesa, aumentar o nível de serviço às populações e a consequente receita, para honrar a divida e fazer mais investimento que melhore a condição social existente.
Exatamente o que fiz durante dois anos na gestão dos Bombeiros e proteção covil municipal. Se o mesmo modelo fosse alçado aos outros sectores teríamos uma gestão a caminho da eficiência (limite que devemos prosseguir).
Saudações que agora tenho três pequenos para ir ai banho, que este ano (ao fim de 7 anos) sem Férias decentes tenho a oportunidade de as ter a 100%!!!

Alfredo Guedes disse...

Muito bem dito, senhor Luís Ferreira: "Acabar com os pobres!!!..." Estiveram bem perto de o fazer!!! Se o pinókio continuasse ao leme deste cantinho Ibérico, somente por mais um ou dois meses seria a total bancarrota e os pobres acabariam todos por morrer de fome! Seria esta a maneira expedita dos socialistas acabarem com os pobres de uma vez por todas!!! Santas tardes...

Luis Ferreira disse...

O Sr.Alfredo Guedes sofre um bocadinho de miopia.

Conte-nos lá quais são os indicadores nacionais que estão melhores hoje do que há um ano?

O desemprego? SUBIU
A dívida pública? SUBIU
O déficit publico? SUBIU
Os impostos? SUBIRAM
O dinheiro total de todos os Portugueses devem ao estrangeiro? SUBIU
As remunerações dos pensionistas e dos trabalhadores? BAIXOU
O apoio social prestado pelo Estado às famílias, na educação, na saude, na justiça? BAIXOU
O investimento em tecnologias e nas energias renováveis? BAIXOU
A distribuição de alimentos a agregados familiares abaixo do limiar da pobreza? AUMENTOU... porque há cada vez mais famílias sem qualquer remuneração, sem emprego, sem solução.

De fato o culpado era o Sócrates e o PS. Um ano depois está tudo muito melhor...

Alfredo Guedes disse...

Se estas palavras agora empregues neste comentário viessem dum qualquer militante comunista até teriam desculpas... Vindas de socialista, cujo partido deixou o país na bancarrota é pura desfaçatez!!! O que é que esperaria agora nesta altura do campeonato o senhor Luís Ferreira? Milagres??? Essas artimanhas só aconteciam nos famigerados tempos do diabólico pinókio!!! Já dizia o treinador Scolari: "E o burro sou eu???"