domingo, 26 de agosto de 2012

Viva a fartura, mas...


Após anos e anos de autêntica autocracia, tipo quero, posso e mando, temos agora que em pouco mais de uma semana a autarquia tomarense resolveu avançar com duas consultas públicas. Uma sobre os TUT (ver post UMA IDEIA VENENOSA, de 22 do corrente), outra sobre parqueamentos tarifados junto Convento de Cristo, conforme noticia O TEMPLÁRIO online. Brusca mudança de rumo por parte dos senhores eleitos? Pois não senhor. Trata-se apenas de ir entretendo o pessoal, num caso;  de cumprir com os formalismos legais, no outro. A demonstrar que assim é está a própria redacção do texto oficial. Apelidar um dos parqueamentos de "Terreiro de Dom Gualdim Pais" e o outro de "Ermida de Nª Sª da Conceição", é um claro abuso de poder. Na verdade , há dezenas e dezenas de anos que o primeiro tem por nome "Cerrada dos Cães" e o segundo "Encosta do Castelo". Desafiam-se por isso os senhores autarcas a provarem o contrário, mediante documentos oficiais idóneos, que isto da toponímia, sendo uma tarefa do município, jamais poderá ser tipo meia bola e força. Há sempre regras a cumprir. Já terão sido cumpridas?
Quaisquer que venham a ser os resultados da discussão pública para inglês ver, os dois parqueamentos ainda vão dar água pela barba aos senhores edis. Desde logo pela razões já antes aqui apontadas: custos reais da fiscalização, custos das máquinas, reduzida segurança e poucos clientes, uma vez que é possível estacionar de borla nas proximidades. Depois, porque as obras da "Envolvente ao Convento de Cristo" nunca estiveram, que me recorde, em discussão pública, o que se tem notado e de que maneira no seu atribulado desenrolar. Finalmente e sobretudo porque, se um dia viermos a ter nesta terra autarcas e/ou assessores que saibam mesmo de turismo, de património, de animação e de criação de riqueza, o acesso motorizado ao principal monumento tomarense passará a ser reservado unicamente aos moradores da zona e aos veículos de emergência.
Uma nota final, a ilustrar o clima reinante nalguns serviços da autarquia. Quando aqui há meses estava em consulta pública o projecto do Açude de Pedra, caí na patetice de me dirigir à respectiva repartição.
Tendo dito ao que ia, facultaram-me uma mesa de trabalho e uma cadeira, após o que trouxeram uma pilha de pastas. Azar dos azares, feita a respectiva consulta rápida, constatei que faltava exactamente aquela que eu pretendia escrutinar. Assinalei a estranha coincidência, tendo-me sido dito que essa pasta não estava para consulta. Realcei o contra-senso, pois o projecto estava para escrutínio público, sem qualquer reserva. Perante o manifesto embaraço dos funcionários, ainda avancei a intenção de falar sobre o assunto com o vereador do pelouro, na altura o socialista José Vitorino, tendo-me sido dito que estava doente. Efectuada a confirmação, estava mesmo. 
Entretanto esgotou-se o prazo legal para consultar a tal pasta. Nunca mais voltarei a cair na esparrela, salvo circunstâncias excepcionais. As coisas são o que são. Não aquilo que possam parecer.

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