quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Fim de reinado


O um dos grandes inconvenientes das monarquias absolutas eram os sempre difíceis finais de reinado. Quando o rei já estava "xéxé". Protegido pelo seu estatuto hereditário, podia mesmo assim continuar a decidir a seu bel prazer, mesmo que visivelmente incapacitado para o fazer. O mesmo parece estar a acontecer com o actual executivo camarário. Apesar de não ser de tipo dinástico, a verdade é que não só o presidente Carrão herdou o cargo que ocupa, como visivelmente não consegue atinar com as prioridades concelhias. Tudo perante a aquiescência e eventual colaboração dos seus acólitos e opositores.
Numa mesma reunião, em vez de se debaterem e solucionarem problemas graves que a todos afectam, como os acampamentos ciganos, o Bairro 1º de Maio, o da Sra. dos Anjos ou o Mercado Municipal, por exemplo, os senhores autarcas debruçaram-se sobre dois dossiers palpitantes -o ex-Convento de Santa Iria e a Estalagem de Santa Iria. Em relação ao primeiro, já aqui se escreveu o essencial: a câmara tem vindo e "encrencar" o assunto por intermédio dos seus serviços técnicos, queixando-se depois que não aparecem interessados na adjudicação. Parece anedota, mas é a realidade (ver post anterior).
Quanto à Estalagem de Santa Iria, o imbróglio começa a adquirir contornos de comédia burlesca. Segundo a Rádio Hertz, "O presidente Carlos Carrão foi mandatado [por todos os vereadores, incluindo os opositores] para falar com a gerência do espaço, no sentido de se chegar a um acordo para que a autarquia AINDA SEJA COMPENSADA pelo facto de não ter recebido qualquer renda nos dois últimos anos.
Trata-se uma iniciativa de tal modo ridícula e deslocada que até li a notícia em questão várias vezes. Temos assim que, se um desgraçado não paga o consumo de água ou qualquer outra taxa camarária, carregam-lhe logo com juros de mora e, no caso da água, cortam imediatamente o fornecimento, apesar de se tratar de um bem essencial. Em contrapartida, uma empresa concessionada pela autarquia, que usa instalações autárquicas como bens de produção, não paga aquilo a que se comprometeu há vários anos, atingindo o calote mais de 100 mil euros = 20 mil contos. Pois em vez de intimar a gerência da referida sociedade a liquidar o que deve e abandonar as instalações municipais que ocupa ilegalmente, o presidente do executivo foi mandatado para lhe ir pedir batatinhas. Ao que isto já chegou!
Mas compreende-se! Vem aí mais uma edição da triste Feira de Santa Iria, com a tradicional jantarada da respectiva Comissão Organizadora...na Estalagem de Santa Iria. Há portanto que agir com cautela e diplomacia. Tanto mais que, ainda de acordo com a mesma notícia da Hertz, "Tendo em conta que a estalagem foi considerada como importante factor estratégico no turismo do concelho, deverá fechar o mínimo tempo possível na transição de gerência." 
Está tudo explicado! A Estalagem de Santa Iria, "Importante factor estratégico no turismo do concelho"? Com apenas uma dúzia de quartos? Coitado do dono da empresa que gere o Hotel dos Templários! E todos os outros empresários concelhios da área turística. Além de ocuparem  instalações que são suas e de pagarem pontualmente todos os seus encargos, incluindo o IVA turístico, não têm direito a que o presidente da edilidade lhes venha pedir batatinhas, concedendo uma redução mais ou menos importante das dívdas.. Nem ao estatuto de "importante factor estratégico no turismo do concelho". Deve ser da crise...que está a dar a volta à cabeça de muitos cidadãos.

Sem comentários: