Segundo a sempre bem informada Rádio Hertz, na reunião camarária da passada quinta-feira o presidente Carrão lamentou o aproveitamento político do problema do mercado, admitindo que se fosse hoje, se calhar a autarquia não teria gasto 300 mil euros na compra e instalação da tenda. Na sequência destas posições, a vereadora Graça Costa, ex-PSD agora nos IpT, mostrou-se discordante em relação às farpas acabadas de lançar pelo presidente em exercício, declarando a dado passo que "Para quem está na política para se auto-promover e conseguir condições de sobrevivência, todos os meios justificam os fins." Perante isto, quer-me parecer que duas correcções se impõem, no sentido de evitar futuros mal entendidos.
Andou mal Carlos Carrão, ao lamentar o aproveitamento da questão do mercado, pois revelou ignorar que o órgão ao qual agora preside por substituição é eminentemente político, sendo suposto que os seus membros sejam políticos com traquejo e envergadura intelectual para o cargo ao qual se candidataram livremente. Que lamente as reuniões inutilmente longas, propiciadas por elementos especialistas em empatar, adiar, ladear, simular, mentir e caluniar, só lhe fica bem. Mas tem de ter a coragem de fundamentar o que diz. De identificar os actores, os papéis desempenhados e o nome das peças. Se assim não fizer, o eleitorado vai continuar a ver o firmamento político local geralmente muito nublado, com forte nevoeiro artificial, a impedir a visão além de 5 metros. Valeu?
Quanto à vereadora Graça Costa, realce par a sua frontalidade e precisão, com apenas dois óbices. Por um lado, (caso o jornalista não tenha invertido sem querer a ordem dos vocábulos), a sua frase supracitada denota alguma dislexia. Na realidade, não são os meios que justificam os fins, mas exactamente o inverso. Exemplo: Os militares de Abril quebraram o seu juramento ao desobedecerem à cadeia de comando, revoltando-se contra um governo reconhecido internacionalmente. Viraram portanto as armas contra os seus chefes legais. Como venceram e se veio a verificar que os seus fins eram afinal desejados pela maioria dos portugueses, ninguém ousou pôr em causa o levantamento sedicioso. Os fins justificaram os meios.
Em segundo lugar, é sempre de encorajar quem se dedica à política por mero amor à arte, que o mesmo é dizer por obrigação cívica e dever de cidadania. Infelizmente, continua a haver na política local eleitos sem base ideológica nem filiação partidária, cujo único intuito parece consistir em trazer para a política doméstica princípios que até no desporto já foram irremediavelmente condenados. Falo do estilo sarrafeiro, que não joga porque não sabe, nem deixa jogar, porque assim lhe convém. Tudo isto acompanhado com calúnias reles, já com mais de vinte anos. No mínimo.
Assim não vamos lá. E como o tempo acaba por dar todas as respostas, os que agora ainda têm uma folha limpa, quando menos esperarem acabam por sair borrados... Oxalá me engane, mas o rol dos desiludidos já é de respeito. Ao contrário do que possam pensar alguns daqueles que entraram nela pelo telhado, em política não vale tudo, nem todos os fins justificam todos os meios. Fiz-me entender? Ou na próxima vez terei de recorrer a um especialista de BD?
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