quarta-feira, 22 de agosto de 2012

UMA IDEIA VENENOSA

Desde há muito que suspeito que o inefável Alberto João Jardim deve ter genes tomarenses. Não só por ter adoptado como brasão a cruz  da Ordem de Cristo, tal como Tomar, mas também e sobretudo tendo em conta as obras levadas a cabo naquela ilha. Como é sabido, a utilidade real da maior parte delas não é mesmo nada evidente, pelo que terão tido como fim justificar e sacar, em simultâneo, dinheiro ao "contenente" e benesses várias às empresas adjudicatárias. Tal como em Tomar, com as necessárias adaptações vocabulares.
Agora finalmente a braços com forte contestação e com uma profunda crise que ignora como ultrapassar, o governante insular, pouco inteligente mas extraordinariamente esperto, no pior sentido do termo, resolveu lançar mais uma artimanha, tendente a desviar a atenção dos eleitores madeirenses. Acrescentou à já gasta ameaça dos independentistas, falácia em que ninguém acredita, a patusca ideia de um referendo local para confirmar, aperfeiçoar ou suprimir a autonomia. Simples esperteza saloia, está bom de ver, pois se em qualquer caso serão os "cubános do contenente" a pagar a larguezas de sua excelência, manda o bom-senso que sejam também eles -e só eles- a votar no tal referendo, já que os chupistas madeirenses escolherão sempre a continuação da mama, venha ela de onde vier. O parasitismo e a ganância são vícios incuráveis.
Entranhadamente jardinista, visto que não só apoiou todas as estranhas obras e outras decisões tipo madeirense de António Paiva, como em tempos até convidou o autoproclamado dono da ilha a visitar Tomar, o presidente Carlos Carrão, também a braços com uma muito desconfortável contestação, com cada vez mais descrédito e até com a desconfiança da actual direcção local do seu próprio partido, resolveu sacar um coelho da cartola -pôr em discussão pública os TUT, Transportes Urbanos de Tomar. 
Vê-se à légua que estamos perante um artifício, um mero pretexto, uma ideia venenosa, para tentar desviar as atenções do essencial. Para o confirmar basta uma simples pergunta: Porquê só agora?
Os transportes colectivos da urbe apenas servem uma ínfima minoria, que durante décadas passou muito bem sem eles, de tal forma que havia então bem menos casos de obesidade e/ou pedidos de colocação de banda gástrica. Claro que esta minha posição é muito impopular. Pois que seja! Não posso é calar-me perante uma gente habituada a viver à custa dos outros, nem que seja para seu mal em termos de saúde a médio e longo prazo. Sei do que falo. Percorro regularmente a pé os vários trajectos dos TUT, cuja utilidade efectiva estou por isso em condições de questionar. Se com 70 anos consigo fazer a pé tais percursos, também os conterrâneos mais jovens podem fazer o mesmo, com vantagens para a sua saúde. E não me venham com a ladaínha dos deficientes; serão uma dúzia, se tanto, para os quais há as ambulâncias, as cadeiras de rodas, a canadianas...
Desumano eu? Nem pensar. Apenas racional. Ou alguém achará normal -além dos autarcas que nos têm calhado nas rifas, para os quais tudo serve para comprar votos- que numa pequena comunidade como a nossa os contribuintes paguem 400 mil euros anuais, para que meia dúzia de papalvos comodistas e ignorantes possam andar de cu tremido?!? Há dúvidas?
Pois é esse o custo mínimo anual da brincadeira, além das despesas quando se tratar de susbstituir os veículos. E estamos ante  uma situação sem remédio: se e quando a autarquia resolvesse aumentar o preço dos bilhetes, de forma a equilibrar as contas, deixaria de haver clientes, como agora está a acontecer com as portagens. A crise não perdoa e os chupistas de todos os calibres bem podem ir-se preparando para mudar de vida.
Uma nota, para terminar. As habituais línguas viperinas vão argumentar que escrevo assim porque não preciso. É verdade. Não preciso porque nunca criei essa necessidade. Não herdei nada. A minha mulher também não. O que temos agora saiu-nos do corpo. Por isso não me parece nada razoável que, além do IMI, do IVA e das abusivas taxas agregadas aos recibos da água e da luz, tenha de pagar uma média mensal de 1.751 euros de IRS, quando recebo com pensão de aposentação, para a qual descontei 38 anos, pouco mais de dois mil euros mensais. E depois há quem ainda se ponha a murmurar que pretendo candidatar-me à câmara para governar a vida e fazer carreira política. Só agora?!
Ele há cada palonço!

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