Chegado o fim de semana, o pessoal fica com a cabeça mais livre, com mais tempo para ocupar, e toca de pensar no que aí vem. Em termos de vida política local, se nada aparecer de bastante diferente em relação ao passado, pode muito bem vir a acontecer que, apesar de tudo, o PSD volte a ganhar a autarquia. Não por mérito próprio, mas por nítida casmurrice dos adversários. Basta fazer contas de merceeiro. Na ausência prática do CDS/PP, a actual maioria autárquica tem todas as hipóteses de recolher os votos do centro e da direita. Em contrapartida, do centro para a esquerda tudo indica neste momento que teremos nada menos que 4 formações: IpT, PS, CDU e BE. É muita variedade para tão poucos eleitores.
Conscientes de que estarão involuntariamente a facilitar a tarefa aos adversários, alguns auto-proclamados líderes locais vão lançando a ideia de uma ampla coligação. Embora não neguem que seria a solução ideal, colaboradores aqui do blogue adiantam que tal acordo nunca será possível, por haver demasiados chefes e poucos índios. Antes de mais, há a costumeira luta de galos, cada qual pouco disposto a ceder o poleiro. Depois, há o problema do peso eleitoral de cada grupo. Finalmente, há os "ódios de estimação", regra geral inultrapassáveis.
Com se tudo isto ainda fosse pouco, há que ter em conta os aspectos legais. A lei não permite, por exemplo, coligação entre um partido e um grupo de independentes. Podendo estes vir a fazer parte da lista daquela apenas a título individual. Da mesma forma, a lei não permite uma coligação entre um partido e outra coligação, de tal maneira que por exemplo a CDU não poderia, enquanto tal, coligar-se nem com o PS, nem com o BE, nem com os IpT.
No meio de toda esta embrulhada, aparece ainda outro problema, de todos o mais espinhoso -a escolha do cabeça de lista. O PS alegará que, sendo o partido mais representativo, deve ter direito a designar o cabeça de lista. Os IpT não concordarão pois tiveram, no escrutínio passado, mais votos que os socialistas. Por sua vez, a CDU aduzirá que tanto socialistas como IpT estão muito desacreditados junto do eleitorado. Aqueles por causa do governo e da fraca prestação a nível local; estes por nunca terem conseguido fazer passar cabalmente as suas mensagens. Finalmente o BE alegará que a hora é do "voto de protesto", pelo que esperam vir a ter um excelente resultado, exigindo por isso pelo menos o 2º lugar.
Caso alguma vez conseguissem ultrapassar tamanho sarilho, o que é muito pouco provável, os intervenientes teriam ainda de elaborar em conjunto um projecto credível para todo o mandato, simultaneamente realista e adaptado ao novo contexto de penúria generalizada. Convenhamos que é demasiada carga para camionetas tão pequenas.
Sendo as coisas o que são, no contexto actual, a nossa previsão seria PSD 3 mandatos, Ipt 2 mandatos, PS 1 mandato, CDU 1 mandato. Possibilidade, por conseguinte de acordo PSD/IpT, ou PSD/PS. Em qualquer dos casos, o representante da CDU, caso seja como tudo indica, Bruno Graça, está confinado ao papel de simples "animador de pista", embora possa vir a ser muito útil para a informação local, caso consiga e queira transmitir o que ocorra nas reuniões, coisa que nenhum vereador ou jornalista logrou fazer até hoje de forma aceitável.
Quanto à eventualidade da tal coligação, o melhor é deixar de pensar nisso, pois na prática deve haver tantas hipóteses de acordo como de ganhar no euromilhões. Essa é que é essa!
2 comentários:
LOUCO, PÁ!
A ÚNICA COLIGAÇÃO EM TOMAR QUE ALGUMA VEZ EXISTIRÁ É ENTRE OS CORRUPTOS DOS ESPECULADORES IMOBILIÁRIOS E AS CAMARILHAS QUE RECEBEM O DINHEIRO POR DEBAIXO DA MESA.
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