António Rebelo
Para não se ofenderam, como sucede quando falo de outros tomarenses, ou me acusarem de só mostrar pedras velhas, como já aconteceu, desta vez decidi mudar. As quatro ilustrações acima mostram alguns aspectos da vida corrente actual, na cidade santa indu de Varanasi, geralmente conhecida na Europa latina como Benares. Situada nas margens do Ganges, o rio sagrado para aquela religião, a cidade conta cerca de dois milhões de habitantes, na grande maioria de religião indu, mas há igualmente uma minoria muçulmana, bem como alguns anglicanos e católicos.
A grande atracção, para os turistas estrangeiros, são as cenas da vida corrente que podem ser observadas 24 horas por dia em qualquer dos 90 ghats, escadarias de acesso ao rio. Tais escadarias estendem-se por cerca de seis quilómetros de margem e cada escadaria ou ghat tem um nome, como qualquer rua ou avenida das nossas cidades.
Os crentes indus vêm a Varanasi para se banharem no rio sagrado, que é a forma sublime de se purificarem. Muitos deixam em testamento, quando têm posses para isso, que após a morte desejam ser cremados em Varanasi e que as suas cinzas devem ser lançadas ao Ganges.
Para quem nunca visitou ou viveu na Índia, é difícil imaginar a extrema miséria da maioria da população, de acordo com os padrões ocidentais. Um dos aspectos que mais chocam os ocidentais é a notória falta de higiene urbana, devido ao facto de as vacas vaguearem livremente por todas as ruas, uma vez que são sagradas. No entanto, e apesar disso, o país é considerado a maior democracia de mundo e uma das nações emergentes do chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China), que serão as grandes potências económicas do futuro, em detrimento da Europa e dos Estados Unidos.
A foto 1 permite ter uma ideia do nível de vida. Uma hora de Internet custa 15 rupias, o equivalente a 22 cêntimos de euro. Há em Varanasi dezenas e dezenas de Cyber Cafés como este da ilustração.
A foto 2 mostra uma das avenidas movimentadas da cidade, na qual os automóveis não podem circular durante determinados períodos.
A foto 3 permite ver pobres crentes de religião indu aguardando a refeição gratuita diária, que lhes é dada como ritual obrigatório, neste caso à noite.
A última fotografia é um aspecto geral do ghat onde se fazem as cremações em piras de madeira.
A qualidade da madeira a queimar varia em função das posses da família do defunto. A cerimónia é asseguranda desde há muitos séculos por herdeiros da mesma família de intocáveis, a mais baixa das classes sociais indianas. Neste caso, tão baixa que nem têm casta, o que não obsta a que sejam riquíssimos, graças ao monopólio das cremações em Varanasi. O fumo que se apercebe provém de várias piras, em cada uma das quais arde um cadáver. Há cremações 24 horas por dia, mas durante a noite são mais baratas.
Para contactar com tamanha diversidade e perceber que realmente o mundo é vasto, ameno e variado, nada melhor do que visitar a Índia, onde qualquer visitante ocidental é tratado como um amigo privilegiado. E os preços das viagens tudo incluído não são nada de assustar, pois é muito grande a diferença de nível de vida. Há viagens de 10 dias tudo incluído a menos de 1900 euros. Quanto mais cedo lá for mais variedade verá, que a sociedade também vai mudando por aqueles lados, embora de forma bem menos rápida que no ocidente.
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