segunda-feira, 20 de abril de 2009

PRIORIDADES E AFECTAÇÕES

Foto 1
Foto 2

Foto 3
António Rebelo
Vão-me desculpar o "ar" escolar, mas "o seguro morreu de velho". Vou servir-me do vocábulo afectar e afins, o que torna indispensável uma nota prévia, pois a citada palavra é demasiado polissémica, mesmo para a língua portuguesa. Ora leiam, por favor: Afectar = fingir, presumir, prejudicar, interessar, destinar, aplicar, subordinar, dizer respeito a, alterar moral ou fisicamente, causar padecimento a, carecer de naturalidade. Agora que cada leitor já dispõe de um guia, se necessário, passo ao tema desta peça.
Ainda bem que se alertou aqui para o péssimo estado da Rua Fernando Lopes Graça, uma ligação à Av. Dª Maria de Lourdes de Melo e Castro, e portanto ao hospital e deste à PSP. Fica ssim demonstrado, mais uma vez, que a autarquia nabantina se está marimbando para os eleitores e para aquilo de que eles se queixam. Conforme se pode ver na foto 1, agora para circular, só mesmo pelo meio das ervas. É claro que a autarquia, se interpelada outra vez pela oposição, vai alegar que não há verbas disponíveis, e terá provavelmente razão. Na verdade, todos os que entendem minimamente de economia, sabem que os recursos são sempre limitados. Isto obriga cada interveniente a definir e executar prioridades e afectações.
O problema em Portugal é que a esmagadora maioria da população, incluindo a maior parte dos autarcas, é demasiado afectada para reconhecer que carece de competência mínima nessa área. Daí as asneiras monumentais que vêm sendo feitas por esse país fora, tanto a nível individual como pelas mais diversas instituições e/ou empresas.
A foto 3 mostra um exemplo flagrante. Uma família que vive há mais de duas dezenas de anos do rendimento mínimo ou equivalente, da mendicidade e/ou outras ajudas, ocupando uma casa para gente carenciada, não tem falta de calçado, como se pode ver. O que não os impede de continuarem a solicitar o auxílio social, chegando inclusivé, segundo informação de fonte fidedigna, a perguntar se não os podiam ajudar a pagar a Tvcabo!
Esta atitude de total ignorância de prioridades e afectações, está longe de ser um caso isolado. Há por esse país fora milhares de sócios de clubes desportivos que pagam as suas quotas e lugares cativos nos estádios, embora depois nem sempre tenham recursos disponíveis para alimentar a família.
O mesmo sucede, no caso presente e em muitos outros, com a Câmara de Tomar. Afectando serem pessoas de grande cultura e amantes das artes, demonstram uma tendência doentia para afectarem fundos públicos, provenientes do bolso dos contribuintes, a actividades com pouco ou nada de prioritário, para além do tal comportamento afectado. É o caso dos campos de ténis onde não há jogadores, das pistas de atletismo onde não há atletas, dos filmes sem espectadores, e por aí adiante. Em contrapartida, há campistas mas não há parque de campismo, há turistas mas não há estruturas de acolhimento, há investidores mas não há serviços para os receber, nem dados actualizados e adequados. Numa frase: Ausência quase total de definição de prioridades e de afectações.
Exactamente o que aconteceu, no caso do monumento a Nini Ferreira e Lopes Graça, uma simples réplica do monumento a Fernando Pessoa, no Chiado. Com uma diferença importante -enquanto o grande poeta frequentou realmente aquele café, jamais alguém vislumbrou o Nini e o Lopes Graça a cavaquearem, sentados no então estádio, a cuja expropriação e construção se opuseram sempre. Nem no Paraíso alguém se lembra de os ver à mesma mesa, quanto mais nas cercanias do estádio, mandado edificar numa horta expropriada a gente amiga, pelo inimigo de sempre.
Ao pretender ser mais papista que o Papa, a autarquia acabou mandando executar aquilo que os representados recusariam certamente, se ainda cá estivessem. Pela mesma ocasião, ao baralhar prioridades, afectou ao monumento fundos que agora dariam muito jeito, designadamente para pavimentar a Rua Lopes Graça. Porque os tomarenses passam bem sem estátuas ou monumentos (uma grande parte nunca sequer visitou o Convento). Sem arruamentos capazes é que não. Em ano de eleições autárquicas, o esquecimento destas verdades elementares pode vir a custar lugares bem remunerados e pouco exigentes a alguns. Em Outubro cá estaremos para ver, salvo algum imprevisto.


13 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem!

É pena tanto esforço para ser lido apenas nos blogs. Muitas vezes não concordo consigo, mas deviam pensar numa maneira (económica, já se vê) de se transformarem numa associação cívica local e publicarem numa "Folha Local" ou numa "Crónica local", semanal ou quinzenal, os melhores textos do blog sobre temas locais.

Anónimo disse...

Boa malha.

E já agora isto está muito morto !

Não se anunciam candidaturas ?

Dos Ipt é melhor esperar sentado !

Sebastião Barros disse...

Julgamos que nos blogues se perde em quantidade mas se ganha em qualidade.Agradecemos a sua sugestão mas não queremos ser acusados de coveiros dos semanários locais.Quem neles manda que publique, se assim o entender, o que possa haver de interessante e/ou útil aqui no blogue. Basta citar a origem. Nem precisam de agradecer.

Sebastião Barros disse...

Concordamos consigo. Isto está mesmo muito morto. Efeitos da crise? Imagine que aí noutro blogue até andam a discutir sobre o "Prós e contras" de ontem, está a ver!
Na nossa modesta opinião, quanto mais para a frente, menos a situação se presta a novas candidaturas. O melhor será estar preparado para alguma(s) desistência(s). Já faltou mais!

Anónimo disse...

Em Tomar tudo está sempre na mesma ou pouco menos.
É aquilo a que se chama reumático funcional!!!

Anónimo disse...

Não concordo minimamente!

Então a empolgante candidatura PS de Tomar, em que o candidato participa sempre nos mais variados eventos por todo o Concelho ?!

Andam distraídos ou são sectários!!!!!!!!

Isto é que vai uma açorda!

Anónimo disse...

Convém que os outros candidatos comecem a fazer como o Vitorino, que tem toda a razão em procurar adquirir boa preparação física, enquanto é tempo. Tudo indica que a luta eleitoral vai ser renhida (salvo erro!), para já não falar do eventual desempenho do cargo por quem vencer. É que os eleitores podem muito bem acabar por perceber que assim não vamos longe. E nessa alturas os eleitos estarão mais protegidos se conseguirem correr mais depressa que os eleitores...

Anónimo disse...

Uma boa ideia! o "Templário" e o "Cidade de Tomar", por exemplo podiam publicar alguns posts de muito interesse, com a vantagem de não pagarem por isso.

Só lhes ficava bem e os leitores agradeciam.

Anónimo disse...

Promova-se uma corridinha entre os candiadatos e quem ganhar leva umas tijelas de Sopa do Cão gresso!

Assim tipo sopa de cavalo cansado!

Ólarilas!

Anónimo disse...

Desdenham, gozam, dizem que não têm ideias, estratégia, candidatos, que isto, que aquilo, mas o que é certo é que quem se "perder" a ler em tomar.psdigital.org o que os socialistas locais têm produzido, seja de propostas, ideias, posições, as visitas efectuadas e todo o conjunto de acções que já fizeram, há-de convir, que podem não ganhar, mas que são os únicos que trabalham para isso, à isso são.

(Sem pontos finais, à moda do prémio nóbél e tudo! risos...)

Sebastião Barros disse...

Para anónimo das 19H11:
Infelizmente, na política acontece o mesmo que no futebol -o que conta são os resultados. Só após largos períodos de bons resultados é que os espectadores começam a exigir TAMBÉM bom futebol, ou seja, jogo vistoso e ao mesmo tempo produtivo. O PS pode desunhar-se a trabalhar. Enquanto não conseguir demonstrar ao eleitorado que dispõe de um sólido projecto para Tomar e de gente para o aplicar, mais vale estarem quietos, que cansa menos e o resultado é igual. É só esperar para ver. Outubro é já ali adiante.

Anónimo disse...

Pois é Sebastião. Mas quando o poder se chegar a eles (do PS), quem lá vai estar são os Hugos, os Vitorinos, as Anabelas e os Ferreiras e não tu, que vais continuar por aqui a dizer mal.

Eles só precisam de esperar. Mais nada!

Sebastião Barros disse...

Para anónimo das 17H58:

Aqui no blogue não há ninguém a dizer mal do que quer que seja ou de quem quer que seja. Limitamo-nos a apresentar os nossos pontos de vista, naturalmente sujeitos à crítica. Não vale é ver lobos onde os não há nem nunca houve.