segunda-feira, 27 de abril de 2009

O CONVENTO DE CRISTO E O DE SANTA IRIA

A Assembleia Municipal reúne-se esta tarde e vai debater, entre outros assuntos, a deliberação do executivo sobre o concurso para a arrematação do antigo Convento de Santa Iria e ex-colégio feminino, ambos destinados à construção de um "hotel de charme". A Câmara pretende arrecadar milhão e meio de euros com a venda. É evidente que a deliberação será aprovada pela AM, visto que o PSD aí dispõe de maioria. Resta saber se, uma vez aprovada a decisão, esta será a melhor ocasião para proceder à alienação. Sendo certo que a autarquia precisa tanto de dinheiro como um esfomeado de pão para a boca, também é verdade que o governo está numa situação proporcionalmente comparável, o que não o impediu de adiar sine die a privatização da TAP, alegando que a actual conjuntura não é a mais propícia para os negócios. Como a oposição PSD acusa o governo de falta de sentido de oportunidade, e uma vez que a Câmara nabantina é do PSD, não lhe ficaria nada mal adiar também a venda do citado conjunto do património local.

Outro assunto candente é a anunciada empreitada que englobará o arranjo do parque de estacionamento da Cerrada dos Cães, o estabelecimento de uma ligação da cidade ao Castelo pela Mata dos Sete Montes, e mais não se sabe bem o quê. O projecto, o rascunho do projecto, ou a ideia de rascunho do projecto, também não se sabe ao certo, terá sido alvo de debate numa recente reunião do executivo, mas nem os jornalistas presentes, nem a maioria PSD, nem a oposição, conseguiram ainda explicar cabalmente aos eleitores o que é que foi debatido realmente e o que é se pretende fazer na verdade. É estranho, mas já é habitual -a população só vem a saber o que é feito depois das obras concluídas. Foi assim com a Corredoura e a Praça. Seguiram-se os pavilhões e parques, a Várzea Pequena, o Mouchão, o Estádio, o Paredão do Flecheiro e o Largo de Santa Maria dos Olivais.

Olhando agora para tudo aquilo, goste-se ou não, esteja bonito ou nem tanto, constata-se que nada era prioritário e que, para usar a linguagem do senhor Presidente Cavaco, em termos de custos benefícios, praticamente só teve custos, pois o retorno é nulo.

Em relação ao projecto para o Convento e para a Mata, a argumentação até agora utilizada é semelhante à que permitiu as obras anteriores. Anunciam-se pomposamente umas coisas e depois fazem-se outras, das quais nem se falou previamente à população. Basta lembrar o que ocorreu coma Ponte do Flecheiro. A oposição argumentou quanto pôde, alegando que a ponte devia ser em S. Lourenço, na Borda da Estrada ou em Carvalhos de Figueiredo, mas afinal, na óptica camarária, tinha de ser mesmo no Flecheiro, porque se tratava de aproveitar para instalar a rede de saneamento, o paredão e a Praça de Santa Maria dos Olivais. É a chamada filosofia do namoro à portuguesa, à moda antiga: Convidava-se a rapariga para ir lá a casa ver umas fotografias, e ela ia, sabendo bem que não era só, nem principalmente, para ver as fotografias.

Na verdade, o que a autarquia pretende que seja feito é o saneamento da ladeira do Convento, da Estrada de Paialvo, da Mata e da Rua da Graça (Av. Cândido Madureira). As alegações sobre o Convento sem ligação à rede de esgotos, e sobre a ligação da Cidade ao Convento, como meio de incrementar o turismo, não passam de argumentos de circunstância, para dourar a pílula, porque 720 mil euros é muito dinheiro para tão pouca coisa.

Resta acrescentar que a pretendida ligação Cidade-Mata-Castelo não virá melhorar o que quer que seja, pois ninguém estará disposto a deixar o carrito cá em baixo, quando o pode estacionar lá em cima, à entrada, mesmo que o parque passe a ser pago. E os autocarros, geralmente em regime de turismo organizado, nem tempo terão para estacionar cá em baixo e ficar a aguardar os passageiros. Se tivesse havido o cuidado de falar previamente com os guias, os motoristas, ou as agências operadoras desses circuitos e/ou excursões, ter-se-ia ficado logo a saber que, para os profissionais, o Convento vale mais ou menos uma hora de paragem, o que dá cerca de meia hora útil de visita. Não está correcto? Pois não. Mas é assim que as coisas são, enquanto nada for tentado para as mudar a nosso favor. Mas não é seguramente com projectos mal alinhavados que vamos conseguir alguma coisa nessa área.

E depois há os finalmentes. Admitindo que os turistas aceitam as nossas propostas de encarneiramento e acedem a vir à cidade. Tirando a visita gratuita da Sinagoga, de S. João, de Santa Iria, de Santa Maria, ou do Museu dos Fósforos, ou que é que há para fazer ou para comprar, que não exista nas outras terras? Porque a triste verdade é que turistas que não deixem dinheiro não fazem cá falta nenhuma, embora não se deva cair nos exageros do ex-presidente Paiva que, por razões ideológicas, confundiu estatuto social, capacidade económica e tipo de turismo praticado. Ainda hoje estamos a pagar essa asneira.

3 comentários:

Anónimo disse...

Posso dar a minha opinião:

Ao Convento de Cristo mandava pintar um rodapé como os que há em Arraiolos, de cor azul. E na torre mais alta punha uma bandeira do Futebol Clube do Porto.
Aposto que havia um tomarista todo sastefeito!!!

Ao Convento de Santa Iria dava-lhe o destino que o sr. Josué quisesse dar. Imagino!!!
Não se escandalizem! Então a pobre da Iria não era quente das nalgas? E não foi por isso que foi morta?
Seria prima da Alcofurada?

Anónimo disse...

Mas que boa ideia...

Assim comunistas e sociais democratas, que decidiram sozinhos a venda do CONVENTO, já aí poderiam fazer as suas órgias, para deleite (com muito dele) para o Vitor Gil e Bruno Graça, agora que já não t~em nem Graça, nem Serra.

Anónimo disse...

Pronto, lá tinha que vir a política estragar a minha piada...