TRÊS NOVOS PARQUES DE AUTOCARAVANAS

Numa altura em que se anunciam para Tomar projectos fabulosos na área da hotelaria e turismo,Tomar a dianteira tem todo o gosto e muita satisfação em anunciar três novos parques de autocaravanas: Várzea Grande (na foto), Largo do Mercado e Cerrada dos Cães . Em todos os casos, locais amplos, arejados, sossegados, com excelentes vistas e relativa regurança (por enquanto?). Não têm portaria, nem guardaria, nem recepção, nem instalações sanitárias, nem balneários, nem máquinas de lavar, nem sala de convívio, nem sistema para despejar as caravanas? Pois haja paciência! O país é pobre, a cidade é pequena e não podemos acudir a tudo ao mesmo tempo!

Tomar a dianteira resolver transgredir a usual barreira tomarense da vergonha, por aqui chamada recato, e foi falar com os proprietários das autocaravanas da foto. Eram três casais europeus, todos já reformados. Um era italiano, de Génova, outro alemão de Kiel, o terceiro francês, de Estrasburgo. A conversa desenvolveu-se em francês. O casal italiano encontrou os outros dois aqui em Tomar, por mero acaso, tendo resolvido juntar-se-lhes para passar a noite, por motivos de segurança. Já os outros dois casais são vizinhos e amigos, embora de nacionalidades diferentes. Moram em países diferentes, França e Alemanha, mas estão separados apenas pelo Rio Reno, pelo que basta atravessar a ponte, uma vez que já não há formalidades fronteiriças há muitos anos. Vantagens da União Europeia.

Todos se confessaram encantados com Tomar. Gabaram o Convento ( aquela janela!!!), a cidade antiga, o clima, a luz, os cheiros de primavera, o sossego, a segurança, as pessoas bem dispostas...

Depois é que foi o delas! Mais reservados, alemães e franceses lamentaram, assim de maneira tímida, a falta de acolhimento adequado, numa cidade com um monumento Património da Humanidade e dos princípais atractivos dos País. Impulsivo o italiano lançou logo um "porca miséria!" para qualificar o facto de não haver parque de autocaravanas, quando o país já recebeu tantos milhões de euros de subsídios, custeados com os impostos dos outros cidadãos europeus, como eles. Como os outros dois casais acenaram com a cabeça e aproveitaram par referir a evidente falta de limpeza, a sinalização muito deficiente e o facto de os guias de viagem não referirem que não há parques de autocaravanas em Tomar, a senhora italiana opinou que isto aqui em Portugal parece o sul de Itália, "Os fundos nacionais e europeus vão desaparecendo a um ritmo galopante, mas as obras ou não aparecem, ou não correspondem ao que foi gasto. Por exemplo aqui em Tomar -Que fizeram a tantos milhões? Ainda não chegaram para abrir e manter um estrutura capaz de receber com dignidade muitos dos que contribuiram e continuam a contribuir com os seus impostos? Afinal somos todos europeus, ou não? Julgarão os portugueses que a União Europeia são só vantagens? Que não têm igualmente obrigações para com os outros povos?"
Aqui ficam estas singelas reflexões nuas e cruas, para meditação por parte de quem de direito. Um coisa é desde já certa: além do prejuízo que tem acarretado para os restaurantes e outros ramos, o lamentável encerramento injustificado do parque de campismo municipal, arruinou a reputação receptiva de Tomar para muitos anos. E, em Turismo como no resto, os erros pagam-se muito caro!