sexta-feira, 17 de julho de 2009

ESTRADAS DERRETEM COM O CALOR

Há quem nos ataque, dizendo que só abordamos assuntos complicados. Pois para desanuviar, decidimos descer de nível, aproveitando para mostrar que, afinal, mesmo na desgraça não estamos sós, mas muito bem acompanhados. Ora façam o favor de ler a tradução que segue.
BÉLGICA: NO VERÃO AS AUTO-ESTRADAS DA VALÓNIA DERRETEM COM O SOL
"Deve a situação de um país ser julgada a partir do estado da respectiva rede rodoviária? Se assim é, então a Bélgica está em muito maus lençóis. No sul, é verdade que mais habituado à bruma e à chuva do que às altas temperaturas, as auto-estradas começam a derreter, mal os termómetros se aproximam dos 30º centígrados. Foi pelo menos o que aconteceu no final do mês passado. A E42, chamada "Auto-estrada da Valónia", que vai da fronteira francesa até à Alemanha, passando por Mons, Charleroi, Namur e Liège, teve que ser fechada ao trânsito. Uma parte do revestimento betuminoso tinha-se derretido com o sol, imobilizando muitos automobilistas incrédulos, que tiveram a impressão de andar "em cima de pastilha elástica".
Quinze dias depois, este eixo europeu essencial, através do qual circulam diariamente à roda de 50 mil veículos, ainda não está totalmente recuperado. Já reabriu mas, durante cerca de 15 quilómetros, o trânsito faz-se por uma só via em cada sentido, a 50 quilómetros à hora como velocidade máxima. Entretanto, os engenheiros responsáveis reavaliaram a prevista duração das obras de reparação, as quais passaram de "alguns dias" para "algumas semanas". Mas quem passa no local e vê como aquilo está, fica com a ideia de que devem estar a falar mas é do começo das obras, que ainda nem foi marcado...
Que aconteceu afinal nesta grande via de comunicação, construída há 35 anos? "Se calhar terá havido falta de manutenção", admite um técnico do ramo. Trata-se de evidente eufemismo. Na verdade, na maior parte do seu piso, já antes do verão a E42 era conhecida pelo asfalto muito usado, as sucessivas rachas e a sinalização muito deficiente. As várias associações de "motards" e de automobilistas estão fartas de denunciar o péssimo estado das estradas da Valónia. Quanto aos condutores estrangeiros, refilam por causa das auto-estradas, que só têm um aspecto positivo -são gratuitas.
Visivelmente pouco convictos, os vários engenheiros desdobram-se em explicações mais ou menos plausíveis do estranho fenómeno ocorrido, tanto mais inesperado quanto é certo que o clima da região não é o da Serra Nevada no verão, nem o da Sibéria no inverno. Por isso nos deixam um pouco cépticos. Entretanto, as análises técnicas evocam a possibilidade da diluição do asfalto sob o presuntivo efeito conjugado das infiltrações da chuva e do sal, usado no inverno para derreter a neve. Quanto à mistura utilizada para tapar e retapar os buracos, parece que realmente fundiu com os primeiros calores, faltando agora apurar porquê.
Prudentes, os funcionários regionais não arriscam falar publicamente da óbvia incapacidade dos políticos para assegurar aos utentes estradas em condições. Há até aqueles que, optimistas por natureza, arriscam adiantar que, se calhar, a Valónia até pode estar a inovar. Resolver ao mesmo tempo os problemas da rede rodoviária e da segurança, obrigando os condutores a andar a menos de 50 à hora, talvez seja, no fim de contas, uma solução com largo futuro."

Jean-Pierre Stroobants (Correspondente do Le Monde em Bruxelas)

3 comentários:

Anónimo disse...

Contribuição de um parvo para o processo eleitoral autarquico em Tomar, ou o documento que os que se interessam pelo acto eleitoral devem ler.

Anónimo disse...

Sugiro ao sr. Sebastião barros, aliás, António Rebelo que se digne empreender um paseeio pedonal até à rotunda ds serôdia, aliás, rotunda dos construtores civis, para apreciar e aqui debitar o que se lhe ofereça sobre aquela obra de arte ali colocada.

Sebastião Barros disse...

"Lássirá" um dia, para usar português popular actual.