domingo, 26 de julho de 2009

PATRIMÓNIO EDIFICADO E PATRIMÓNIO HERDADO





Estas três ilustrações, à primeira vista sem qualquer ligação, testemunham a nossa triste condição de provincianos e pagadores de impostos, com cada vez menos retorno em relação ao que nos cobram. Basta pensar no sistema de saúde...
Conforme referimos na ocasião, a autarquia tomarense convidou, em páginas inteiras da imprensa local e regional, para a cerimónia de apresentação de mais um plano de recuperação urbana e mais um plano de desenvolvimento do turismo. Este tomou, desta feita, a designação de
"Rede de Mosteiros Património da Humanidade". Na própria cerimónia, que foi praticamente uma má repetição da anteriormente realizada em Lisboa, o presidente da Câmara de Alcobaça, o senhor Sapinho, provavelmente sem sequer tentar fazer trabalho de sapa, lastimou-se que estas iniciativas depois não tem continuidade, como acontece com a "Rede dos Mosteiros de Císter" de que já faz parte há algum tempo, todavia sem quaisquer resultados práticos. Acrecentou que continua sem saber como ocupar com dignidade e proveito as partes há algum tempo devolutas do Mosteiro da sua terra.
Tem toda a razão o autarca alcobacense, cidadão muito calejado nestas lides políticas. Já tivemos a Rota do Infante, a Rota dos Descobrimentos, a Rota dos Judeus, o Caminho de Santiago, o Programa de Incremento Cultural, etc.etc. Tudo com fundos da União Europeia e sem qualquer continuidade ou retorno significativo. É praticamnente só blábláblá. Quando se devia passar à prática... vão lá indo que eu tenho um outro compromisso e depois lá vou ter.
Neste caso da nova rede da qual Tomar é líder, as coisas não começam nada bem. Sem prévia discussão pública, já foi decidido fazer obras, umas úteis, outras nem tanto. É o caso das terraplanagens e parque de estacionamento de autocarros junto à fachada norte do Convento. É igualmente o caso do parque de estacionamento de 34 (!!!) lugares ali na encosta. Quando um dia houver a coragem de organizar as coisas convenientemente, é óbvio que o trânsito automóvel
a partir do Turismo Municipal, bem como em toda a cidade velha, será unicamente para moradores, cargas e descargas, inválidos, ambulâncias e bombeiros. Nessa altura, os parques lá em cima servirão para quê e para quem?
Que se melhore o existente, compreende-se. Sempre servirá para cortejos oficiais, forças de segurança e veículos de socorro. O resto será só espatifar dinheiro. Como vem sendo hábito...
Já incrédulos em relação aos anunciados melhoramentos, pelas razões apontadas e outras que ficam de reserva, lemos estupefactos uma entrevista do ministro da cultura, publicada no PÚBLICO de 25 do corrente. Dela extraímos o seguinte excerto, para que os nossos leitores possam constatar, uma vez mais, que é realmente um privilégio viver e pagar impostos neste país. "-Não se arrepende, portanto, de ter dito que ia fazer mais com menos? -Não, não...Eu disse que era preciso... eu vou ler: "Fazer mais e melhor com menos, isto só é posssível com a mobilização das pessoas, dos agentes culturais e de toda a população." -Essa será a sua marca política. Tem orgulho em ter essa marca? -Sim, com certeza. Aquilo não foi dito inconscientemente. Aquilo em que me empenhei fazer foi isso: parcerias e rede com outros para fazer mais. -Onde é que houve a multiplicação de que fala? -O cheque-obra, o INOV-Art, a compra do Vieira Portuense, a compra do espólio de Fernando Pessoa, a parceria para a vinda de Sena, as parcerias com a Igreja Católica para a remodelação de 25 catedrais, o trabalho com autarquias para restauro dos quatro principais mosteiros -Jerónimos, Tomar, Alcobaça e Batalha- tudo isso é feito usando recursos dos outros." (O negrito é nosso)
Por outras palavras, mais ao nível do eleitor comum. O ministro manda, o IGESPAR determina e os provincianos executam. Temos assim, para falar só de Tomar, o Convento transformado em armazém de pessoal, cujos critérios e forma de recrutamento nunca foram tornados públicos, com entradas a 5 euros, sem direito a visita guiada, salvo raríssimas excepções, mediante pedido prévio com bastante antecedência, actualmente com uma directora que, apesar de tomarense ou exactamente por causa disso, está convencida que aquilo é uma coutada da qual ela é proprietária. É pelo menos o que se deduz das suas sucessivas proibições. Sacerdotes foram impedidos de celebrar uma missa comemorativa na antiga capela do seminário, forcados foram impedidos de se fazerem retratar frente à Janela do Capítulo, com o pretexto de que tauromaquia não é cultura, e agora a proibição imposta aos fotógrafos profissionais de poderem fazer as tradicionais fotografias de casamentos dentro do monumento. E não houve ninguém até agora com coragem (para não dizer outra coisa, mais vernácula) para lhe dizer pessoal e publicamente, que aquilo é património nacional. Dos portugueses todos, particularmente dos tomarenses amantes da sua terra, pelo que a senhora apenas tem autoridade par exigir, eventualmente, o pagamento das entradas e impedir eventuais actos ilegais ou susceptíveis de provocar degradação. O resto é um manifesto abuso de poder, claramente definido na lei e susceptível de adequada punição. E demonstra uma ignorância crassa, além de evidente deficiência em termos de relações humanas.
E já agora, a talhe de foice -Como é que a senhora foi recrutada para o lugar que exerce? Por concurso público, como manda a lei? Onde e quando foi publicado o aviso de concurso?
Enquanto isto vai ocorrendo a 150 metros do Paços do Concelho, os nossos autarcas resolvem seguir as determinações de Lisboa e apresentar projectos a solicitar comparticipações de Bruxelas, apesar de nem sequer terem uma palavra a dizer em termos de gestão de bens de todos nós. E não venham dizer que não sabiam. Pois se a esposa do actual presidente até lá está destacada há vários anos...

22 comentários:

Anónimo disse...

É patrimonio mundial, sim. Por isso mesmo é que é bom que existam regras, para não misturar alhos com bugalhos.

Não vamos confundir touradas com estilo Manuelino, nem fazer uma grande mixórdia.

As fotos dos casamentos, por favor! Existem outros locais mais apropriados. Concordo com essa medida.

Quanto ao preço de entrada, creio que deveria ser mais caro. As visitas guiadas deveriam existir periodicamente, de hora a hora,sem marcação prévia.

Anónimo disse...

Em Tomar há muito que vivemos num sistema de castas, no qual a população de Tomar faz parte dos "intocáveis", os indigentes da hierarquia quando se trata de poder ter poder para influenciar as decisões. Por isso, estamos neste desmando e destrato patrimonial e social. Com o desnorte socialista a governar o País, não tarda estamos todos a viver do subsídio social de inserção e a dar loas às couves do almoço...mas mesmo assim ainda vamos conseguir que uma qualquer propaganda ou estatística nos coloque uns pontos acima do Burkinafaso

Anónimo disse...

Para anónimo das 10:29

Em democracia pluralista todas as opiniões têm, ou deveriam ter, igual valor. Dito isto, creio que deliberadamente desviou os tópicos, tentando distrair as atenções. Não se trata de qualquer confusão, ou mixórdia, nem locais mais apropriados para isto ou para aquilo. Trata-se unicamente de respeitare as liberdades individuais e de agir nos limites da legalidade, sobretudo quando se é funcionário do estado, sujeito portanto a um regime disciplinar conhecido, que pune os abusos de poder, como é evidentemente o caso.
Se fosse forcado ou fotógrafo profissional, não pergunatava nem pedia nada a ninguém. Pagava a entrada (ou entrava sem pagar aos domingos de manhã) e depois punha-me a tirar fotografias. Só para ve o que me aconteceria no local e depois a quem me tentasse impedir. O tempo da soibranceria "porque sim" já lá vai há muitos anos.

Anónimo disse...

...'O tempo da soibranceria "porque sim" já lá vai há muitos anos.'


Mas o tempo do desleixo ´´porque deixa andar´´ também já deveria ter acabado.

Respeitar as liberdades individuais? Se é para fazer negócio, vendilhice de fotografias.

O turismo tem de ser mais cuidado, deveria ter a cara mais lavada. Especialmente se é disso que a cidade pretende viver.

Anónimo disse...

E infelizmente 'O tempo da soibranceria' ainda não acabou.

Veja lá os 'porque sim' que temos engolido com este Governo! Já lhes perdi a conta!

Anónimo disse...

Fujindo ao tema,

Fábrica de baterias para veículos eléctricos:

A autarquia não está interessada em lutar para levar aquela fábrica para Tomar? Não está a trabalhar dia e noite com o IPT para apresentar uma proposta que possa concorrer? Não está a mover contactos e influência nesse sentido?

É uma indústria mesmo maneirinha para Tomar.

Se eu fosse presidente da Câmara não descansava.

Estão à espera de quê?

Anónimo disse...

Seria muito bom, disso é que faz cá falta.

Poderia colocar Tomar no mapa.

Para já ainda não lançaram sugestões para localização possível da unidade de produção, pois não?

Anónimo disse...

Ainda não. E como se trata de um produto que não exige logística pesada de distribuição, em que o factor custo transporte "inland" é reduzido, quase insignificante para o preço para exportação, seja marítimo ou aéreo (para a Europa será camião), estando Tomar no centro do país, a autarquia devia ir à luta, mobilizar as forças políticas nesse sentido.

É preciso ir à luta, porque, no caso de não se conseguir, neste tipo de negociações há sempre a possibilidade de obter promessas governamentais de o cencelho vir ser considerado para outras iniciativas.

São cerca de 300 concelhos em disputa por este e outros investimentos. Para além de factores como localização, contrapartidas oferecidas pela autarquia, o "quem tem unhas é que toca viola" costuma ser decisivo.

Um presidente de câmara que esteja à espera que o seu partido esteja no governo, como único expediente para trazer boas novidades para as populações, está condenado ao fracasso.

É nestas coisas que a autarquia deve gastar em publicidade, fazer chegar à imprensa a sua voz. Às eventuais recusas oficiais das pretensões sistemáticas da autarquia, segue-se a reivindicação da sua vez, mesmo que seja aos gritos e com as populações ao seu lado.

Um concelho do centro tem que berrar muito, ter muitos estudos e propostas ao governo central. De outra maneira não passa de um banana.

Anónimo disse...

Não podia estar mais de acordo consigo.

Um bom caso de compensação por promessas não cumpridas foi o que está a acontecer na Azambuja: tiraram-lhes o aeroporto, mas deram-lhes o biotério.

A boa localização geográfica de Tomar é indiscutivel. Falta é termos politicos guerreiros. Quem não berra não mama...

Já pensou em fazer chegar esta sua ideia ao Presidente da Câmara? Indagar se alguém se lembrou de explorar esta possibilidade?

Anónimo disse...

Líricos!

Nissan quer fábrica de baterias em Sines ou Estarreja

Anónimo disse...

"Estarreja e Sines são duas localizações escolhidas pelo investidor [Renault-Nissan].

Mas se o investidor quiser escolher qualquer outra, ainda vai a tempo de o fazer",

disse à Agência Lusa Basílio Horta, salientando que estas são apenas duas de muitas outras possibilidades para a instalação da fábrica de baterias em Portugal

Anónimo disse...

"Líricos", disse abruptamente o anónimo das 18H33. A notícia é de há cinco dias atrás. Nos jornais que leio não dei conta desta notícia. Além disso não tenho nenhum dossier organizado deste tipo de investimentos. Se fosse PC procurava ter.

Acresce que a decisão não está tomada, pelo que o lirismo não é assim tão exacerbado como o Anónimo das 18H33 quer fazer crer, cheira-me até que com alguma stisfação por a possibilidade ser nula ou remota. Relacionado com eleições autárquicas? Admito que não, mas se sim, seria uma tristeza de satisfação.

Além disso, é preciso ter em conta que muitas destas informações são veiculadas com muitos interesses por trás para desviar atenções.

Por isso mesmo a autarquia devia indagar sobre o assunto. Mesmo assim... Pelo menos para se treinar e começar a conhecer os trilhos complicados a percorrer para estas coisas.

Assunto para mim encerrado. Lírico não é depreciativo, desde que não venha trespassado de inveja e sectarismo político, até porque não ando nessas coisas de lutar por um lugar na autarquia.

Clara disse...

É verdade que quando estas noticias são dadas, já estão feitas todas as negociatas por trás. Mas nunca se sabe...

Mas lá está: são os políticos que têm de estar informados sobre estas coisas, a tempo e horas. Aos cidadãos resta-nos falar/discutir/agir quando as noticias nos chegam.

E temos o direito de perguntar se foi considerada a proposta de candidatura.

Se não, porquê? Não se informaram? Deixaram passar prazos? Tomar não tem as condições necessárias? Porquê?

Estou perfeitamente de acordo com o facto de que, mesmo assim, ainda valeria a pena a autarquia informar-se sobre como decorreu o processo, estabelecer ligações com esse gabinete AICEP, para ocasiões futuras.

Quem é que alguma vez pensou que a Azambuja seria local de eleição para um bioterio central? Ninguém!
E vai ser uma estructura que até pode vir a atrair industria farmaceutica para o local.

Isto abre um precedente para que numa terra, como Tomar, possa receber indústria/investimentos em áreas que não sejam apenas relacionadas com o património histórico.

Não podemos é darmo-nos como derrotados, logo à partida.

Ok, esta não será: mas poderá vir outra, se os autarcas acordarem a tempo.

Anónimo disse...

Retiro "Líricos" e ponho "Cândidos".

Anónimo disse...

Basilio Horta na TSF a propósito

Basílio Horta no DN, a propósito.

E não tenho nenhuma satisfação, mas para isto são precisas muito mais unhas.

O que é preciso é trabalhar com os pés bem assentes na terra, Tomar está longe de porto de mar, longe da ferrovia e longe da auto-estrada, querem mais razões?

Anónimo disse...

Também li as declarações de Basílio Horta referindo que o investidor ainda poderia escolher outra localização, porém tambem li as declarações do presidente da Renault que refere, explicitamente que a fábrica deverá ser localizada junto a um porto dado o produto se destinar a exportação.
RMF

Clara disse...

Cândido, bem melhor!

Se é o de Voltaire,

Espero já estar na fase em que Cândido regressa à terra, e conclui que o importante é cultivar a horta.

A nossa horta.

Sugestões, construtivas, são sempre bem vindas.

Sim, faltam unhas: comparado o politécnico com a Universidade de Aveiro, com vista a suporte I+D, não há cor.

Quanto á localização geográfica, não a considero tão catastrófica.

Anónimo disse...

Tinha dado o assunto por encerrado, mas porque acabei de ver um grande jogo de futebol e vi uma enorme equipa, o Benfica,estou bem disposto, tenho que dizer ao anónimo que agora me chama de "Cândido", que o "Candide" é o caro anónimo.

Senão veja:
-Não há nenhuma decisão definitiva.
-O meu comentário podendo ser, no seu entender, lìrico, não é conformista, apela à acção para alterar as coisas.
-Não está demonstrado que a fábrica fique naqueles dois locais.

Enquanto V. parece ter aprendido com alguns dos nossos drs. panglosses: que está demonstrado que não pode ser noutro lugar, que as coisas nâo podem ser doutra maneira e que em Tomar nada pode acontecer de bom, porque as coisas são assim e não podem ser diferentes, porque assim está determinado.

Afinal o "Candide" é o senhor.

Anónimo disse...

Não está demonstrado que não pode ser modificada a indicativa localização da fábrica, mas as declarações do Presidente da Renault excluem Tomar, a não ser que seja considerado o Mouchão como porto de mar.

Apela à acção para modificar o estado de coisas, e faz muito bem. Ultrapassado esta questão que outras sugestões tem?

A lamentar apenas o facto de achar que o Benfica é uma grande equipa.

Anónimo disse...

Quando eu morrer já sei que é que me herda!

Clara disse...

Para o anónimo 23:45

Sugiro que a Câmara esteja devidamente informada sobre as oportunidades que existam, e seja pro-activa.

Que ofereça regalias a Industrias para que se fixem, e não as afugente, como foi o caso da fabrica de tintas há uns anos atrás (que se queria fixar em Tomar, mas que não teve receptividade por parte da autarquia).

Confesso que sou uma cândida-desconfiada, é uma nova variante, tipo transgénica. Por isso gostaria que a autarquia se acostumasse a informar a população sobre em que é que a Câmara anda a trabalhar, quais são o projectos que quer abarcar. Dar satisfações sobre o que anda a fazer.

Já experimentou escrever um e-mail para a Câmara, para tentar obter uma pregunta auma questão, resolver um problema? Pois não espere resposta antes de 3 meses! Parece que parir um e-mail a dizer 'o seu pedido/queixa/questão deu entrada, brevemente responderemos' é uma operação dificil, tipo uma craneotomia.

Bom, resumindo as minhas sugestões:

1- Que a Câmara se aplique mais no trabalho de casa, tenha um gabinete que funcione, na pesquisa de possíveis investidores na cidade

2-Que informe regularmente a população, sobre a que projectos concorreu, pretende concorrer, e em que lugar ficou e porquê.


E você? Que sugestões tem?

Anónimo disse...

Não tem sugestões?