sexta-feira, 31 de julho de 2009

A PATRANHA DO FORUM

Ruínas ladeando o cardo de Efeso (Turquia)
(Fotografia de Tomar a dianteira)

Ruínas de construções monumentais que integram o forum de Efeso (Turquia)
(Fotografia de Tomar a dianteira)


Edifício em estilo modernaço projectado para o pretenso "Forum romano de Sellium"
(O excerto foi feito a partir do semanário CIDADE DE TOMAR de hoje)

A PATRANHA DO FORUM ROMANO E OS AUTARCAS QUE VAMOS TENDO

Conforme referimos no texto de ontem, o insólito "Projecto Villa Sicó - Programa de valorização económica dos espaços da romanização", inclui "a valorização e musealização da Cidade Romana de Sellium (Forum romano de Tomar)", no valor de cerca de meio milhão de euros. As obras estão previstas para o período entre 01/5/2011 e 31/5/2012.
A este propósito, Tomar a dianteira julga ser seu indeclinável dever de cidadania afirmar o seguinte:
1 - No estado actual das coisas e até apresentação de provas cabais e irrefutáveis, o pretenso forum romano não passa de uma patranha, um embuste e uma muito provável fraude científica.
2 - Nunca foi mostrado nem publicado o que quer que seja susceptível de confirmar a "tese" segundo a qual aqueles alicerces que foram postos à vista pertenceram a qualquer construção romana, quanto mais a um hipotético forum de Sellium, que nada de material indica sequer que alguma vez tenha existido.
3 - Não é porque o arqueólogo A ou B, por muito conceituado que possa ser, proclama tratar-se disto ou daquilo, que tal hipótese passa a ser verdadeira. É sempre necessário apresentar provas incontestáveis.
4 -Um forum é uma praça rodeada por construções monumentais (ver fotos acima), com bases, fustes, capitéis, entablamentos, lintéis, cornijas, estátuas, métopes, frontões, etc. etc. No caso de Tomar, a ter havido realmente algum forum, para onde foram todos esses elementos? Usados noutras construções? Em quais precisamente? Na Torre de menagem do castelo só há lápides...
5 - Como a própria designação do projecto indica, trata-se de tentar valorizar economicamente os espaços da romanização. Admitindo que aqueles alicerces sejam romanos, a construção prevista vai valorizar a área em quê? Excepto os incautos, quem pagará 10 cêntimos sequer para ver aquilo? Que culpa têm os contribuintes, que são sempre os "andantes", que alguns autarcas tenham uma doentia (?) atracção por obras e empreitadas, e a mania das grandezas?
6 - Como já era de esperar, por ser habitual, as obras foram previstas para o próximo período pré-eleitoral, em 2012. Terá sido, dirão os visados, mera coincidência. Acreditamos. Até porque no próximo mês de Agosto vamos ter dias muito quentes. Igualmente por mera coincidência.
7 - Além das coincidências, consideramos muito curioso que a actual maioria autárquica tenha candidatado iniciativas, cuja realização está prevista para o final do próximo mandato. Quem lhes garante que se vão manter em cima do cavalo até essa altura?
8 - Salvo apresentação pública de provas documentais incontroversas, Tomar a Dianteira tenciona apresentar, quando o julgar oportuno, queixa à Comissão Europeia, no sentido de evitar a consumação daquilo que considera um embuste deliberado, no sentido de sacar fundos à União Europeia.
9 - O facto de os referidos alicerces integrarem uma zona protegida, de acordo com o PDM ainda em vigor, não surpreenderá nenhum cidadão realmente interessado por esta problemática. A senhora arqueóloga "inventora" do tal "Forum Romano de Sellium" fez parte da excelsa equipa que ajudou a elaborar o atamancado PDM que temos, como é do conhecimento geral feito à trouca-marouca durante os mandatos de Pedro Marques/PS.
10 - Não adiantará vir com a habitual cantilena, segundo a qual grandes e conceituados especialistas confirmam a tese do "Forum Romasno de Sellium". Por termos inicialmente acreditado nisso, consultámos todos os livros mencionados, para chegarmos à conclusão de que estamos perante um caso evidente de "pescadinha de rabo na boca". A senhora "inventora" invoca os tais especialistas, estes invocam "as descobertas" da senhora. E ainda não passámos disto.
11- Ainda que, por eventual milagre, dado estarmos na zona de influência de Fátima, ali estivessem realmente enterradas verdadeiras maravilhas da tal cidade romana de Sellium, a autarquia, ou o governo, sempre com o dinheiro dos contribuintes, mandariam fazer o quê? Destruir o quartel dios bombeiros? Deitar abaixo aqueles prédios todos? Mudar o cemitério antigo? Desmontar a Igreja de Santa Maria dos Olivais e a respectiva Torre Sineira? Convinha que nos informassem...
Após séculos e séculos de delapidação de recursos, já vai sendo tempo de os governantes descerem à terra e aceitarem as coisas como elas são. Quem não tem pés, não pode dar coices.

14 comentários:

Anónimo disse...

Nunca percebi muito bem toda a agitação que sempre existiu à volta da questão do Forum Romano em Tomar! Se aquilo tivesse a dimensão de uma metrópole como Conimbriga entenderia perfeitamente. Mas na realidade aquilo não passa dum fraco aglomerado de cacaréus velhos e meia duzia de muros sem expressão arquitetónica nenhuma.
Talvez os clamores tenham a ver com qualquer coisa que eu não enxergo, talvez um "tacho" ou vários "tachos" para os raparitos e as cachopas dos aparelhos partidários cá do sítio.
Já se passou por cima de tanta coisa antiga em prol do progresso, como se diz, caso do IC3 e mais recentemente do IC9, e andamos para aqui a gastar tempo e latim sem fim á vista por causa dum quadradito com 20 metros de lado.
Vão mas é trabalhar...

O FANTASMA DAS CUECAS ROTAS

Sebastião Barros disse...

Obrigado pelo conselho de incitação ao trabalho, mas é isso que estamos a fazer.
Neste caso do pretenso forum, agora elevado a cidade, nada havia de condenável até ao presente, mesmo que tenham chamado automotora e agora até paquete de luxo a um simples caracol. Mas a partir do momento em que se estão a preparar para ali enterrar meio milhão de euros (100 mil contos) de dinheiro dos contribuintes, que tanta falta faz noutros sectores, sem qualquer esperança realista de retorno, o caso muda de figura. Daí o nosso veemente protesto. Que faremos chegar a Bruxelas, se a coisa for para a frente. Doa a quem doer.

Anónimo disse...

Se estão com vontade de enterrar 100 mil contos, e estão com falta de imaginação, eu dou uma ideia e baratinha:

Uma TAC para o Hospital de Tomar, para o serviço de urgência.

É uma vergonha o nosso hospital não ter, é de terra do 3º mundo.

E ainda sobraria muito eurinho para mal gastar.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Qual era o mal da nota, para ter sido removida?

Sebastião Barros disse...

Não tinha qualquer relação com o contexto. Referia que os IpT ainda não foram de férias e andam por aí.

Anónimo disse...

Se bem li virão para ser esbanjados cerca de 500.000 euros naquele quadradito encravado entre as traseiras do quartel dos bombeiros e dos prédios adjacentes, a que, por interesses mais ou menos ocultos e tenebrosos, se vai chamando de Forum Romano. É uma manigância completa atribuir áquele espaço a importância que ecoa por aí. Nem área tem de vulto e muito menos enquadramento e zona de protecção. Não atrairá ninguém a não ser os comprades e comadres dos interessados, e, escondido como está pelas construções urbanas á volta, depressa e facilmente cairá no esquecimento. Construir ali um qualquer edifício alusivo é outra aberração, por evidente falta de espaço, a não ser que por "manifesto interesse público" se proceda a despejos em massa, bombeiros incluídos, para desanuviar a zona, o que não me parece razoável, nem socialmente aceite.
Logo, o cenário que se está a preparar não passa de mais uma manobra para cativar fundos que irão servir para muita coisa, não restando ao "Forum Romano" senão o papel triste de pau-de-cabeleira.

O FANTASMA DAS CUECAS ROTAS

Anónimo disse...

"Não tinha qualquer relação com o contexto"

Tem razão, desculpe.

Só queria chamar a atenção para no seu artigo "IPT e a cultura em Tomar" ainda estar aberto o debate, e ainda estar a receber posts

Sebastião Barros disse...

As bacoradas aqui no blogue só são admitidas quando devidamente identificadas. Não nos obriguem a accionar a moderação de comentários, como foi forçado a fazer o TEMPLÁRIO.
É feio e extremamente perigoso atribuir intenções seja a quem for. Sobretudo de índole política e da parte de quem manifestamente não tem arcaboiço para essas coisas.

Mariana disse...

"É feio e extremamente perigoso atribuir intenções seja a quem for. Sobretudo de índole política"

Mas isso não é o que você faz, quando especula sobre o Louçã, e o caso da JAD?


" ...e da parte de quem manifestamente não tem arcaboiço para essas coisas."

Diga-me que requisitos há que cumprir para ter arcaboiço, segundo os seus critérios.

Concordar consigo em todos os aspectos?
Ser reformado?

Ou será que a opinião de gente letrada, de vida profissional activa, não lhe chega?

Pergunto, não afirmo.

Curiosidade minha.

Olhe, parece-me que isto se está a tornar demasiado grande, e a escapar-se-lhe das mãos.

Active o tal moderador, como diz, e veja o nº das visitas aos eu blog a descer.

Sabe porquê?
Porque a maior parte das pessoas quer participar num dialogo, e não num monologo.

E a sociedade benificia de dialogo entre activos/reformados; jovens/menos jovens; todos os que possam e queiram falar!

Aproveite a sua experiência profissional como professor, para dialogar com outras gerações. E não para exercer o poder de: quem não responde bem, chumba!

Porque nesta aula, somos todos alunos.Você também!

Seja mais aberto, e mais humilde.
Verá como a vida lhe vai correr melhor, até mesmo na politica.

Bom, passamos a um novo capitulo, ou quer acrescentar mais alguma coisa?

Sebastião Barros disse...

Pretendo apenas lembrar que em relação ao Doutor Louçã, como de resto sempre faço em relação a qualquer outro assunto, não levanto suspeitas, nem processos de intenções. Limito-me a fazer afirmações fundamentadas em factos que apresento.
Ter arcaboiço é possuir muitos anos de experiência da vida e da vida política, aliadas a um razoável conhecimento do mundo. Como costuma dizer o M.M. Carrilho, agora em Paris, onde se doutorou em tempos, "ter mundo".

Mariana disse...

Factos que apresenta e que às vezes são facilmente refutáveis.

O Louçã também tem o seu doutoramento, e consegue ver o mundo desde Lisboa, não precisa de procurar outras metropoles. Poupa na viagem.

"Ter arcaboiço é possuir muitos anos de experiência da vida"

Depende. Veja um caso prático, o de um cirurgião:

Se você tiver de ser operado, qual é o profissional que prefere:

-um cirurgião que se formou há 15 anos, aprendendo e praticando as técnicas mais recentes, como a laparoscopia (onde realizam a operação por 3 orificios de 5 mm). Só fica internado 1 dia, e quase nem tem dor.

ou prefere

-um cirurgião que se formou há 40 anos, aprendendo as técnicas de laparotomia (onde realizam a operação praticando uma incisão de 30cm), em que tem de ficar internado 1 semana a tomar morficos?

É que nem sempre a experiência vem acompanhada de avanço.

E a politica pode ser comparada com a cirurgia: há que ir directo com o bisturi, aos pontos que interessam, sem perder tempo e com a menor hemorragia possível.

Ter conhecimento do mundo: das técnicas cirurgicas mais antigas, mas também das mais recentes.

Ou seja: jovens e menos jovens, todos juntos, com diferentes graus de experiência e capacidade de inovação(pense no tamanho da incisão!).

E o que queremos é avançar com incisões pequenas, não é?

Anónimo disse...

Desde que seja um cirurgião que saiba realmente o que está a fazer e esteja bem treinado a fazê-lo, já não me queixo. A não ser que depois apareça uma infecção por bactérias resistentes aos antibióticos...
E já me ia a esquecer: Desde que a intervenção não tarde uns mesitos.

Casamu disse...

Entristece a ignorância que se vai constatando por esse país fora (por exemplo, a existência de um forum romano numa qualquer "terriola" é prova de que esse sítio foi já importante cidade), mas mais entristece o cepticismo generalizado pela cultura do nosso país.
Como se pode olhar para o futuro, se há quem não queira olhar para o passado.
Gostaria ainda de acrescentar que o problema não está nas coisas mas sim nas pessoas.