sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

BLOQUEIO POLÍTICO À BEIRA NABÃO



Conquanto a comunicação social local não use o termo maldito, e os políticos nabâncios ainda menos, é agora inegável que há em Tomar uma grave crise política, a juntar à crise económica nacional e internacional. A nossa caracteriza-se nesta altura por um bloqueio, que tanto pode ser ultrapassado de um momento para o outro por qualquer dos campos em conflito, como durar meses ou anos. A razão principal do problema é a péssima governação dos eleitos laranja. Agora mais precisamente a embrulhada da ParqT, que ninguém sabe ou quer caracterizar: asneira monumental? jogada?, cambalacho? golpada? esperteza saloia? de tudo um pouco à mistura? Dificilmente alguma vez viremos a saber na sua totalidade.
Até ao momento em que são escritas estas linhas, é a seguinte a posição de cada um dos contendores. Na Assembleia Municipal, a oposição unida ainda nunca foi vencida. É por demais evidente a superioridade qualitativa e quantitativa dos oradores de esquerda, em relação à pobre e cada vez mais desfalcada bancada laranja. Enquanto esta relação de forças perdurar em clima de união, pode o senhor presidente Carrão tirar o cavalinho da chuva que não vai conseguir aprovação senão nos documentos que a oposição entender.
No executivo, o novo presidente vai proclamando que não se cansará de procurar o diálogo, enquanto a realidade vivida mostra que pretende apenas saber qual o molho que a oposição prefere para ser cozinhada e comida. O PS está na mó de cima, mercê da corajosa jogada, que culminou com o fim da coligação e a entrega dos pelouros a tempo inteiro. Já os IpT continuam excessivamente cautelosos, mas parecem evoluir na boa direcção.
Boa direcção porque a ultrapassagem da crise local terá de passar por uma de duas saídas: Ou a relativa maioria conclui finalmente que, vítima das suas próprias asneiras, está impossibilitada de governar, pelo que renuncia em bloco e solicita a marcação de eleições intercalares; Ou a oposição se cansa de esperar e resolve apresentar a renúncia colectiva dos eleitos de ambas as formações, deixando o executivo sem quórum e provocando assim intercalares obrigatórias. Sendo muito pouco provável que os eleitos laranja venham a desobedecer aos seus tutores políticos, resta ao socialistas e aos independentes sentar-se à mesma mesa e estabelecer um eventual acordo calendarizado.
Entretanto, manda a verdade acrescentar que a recente ascensão de Carlos Carrão à liderança da edilidade já produziu pelo menos duas decisões que são de publicitar e de louvar: A - Mediante proposta dos IpT, aprovada por unanimidade, foi resolvido submeter o processo ParqT à Procuradoria Geral da República e à inspecção das autarquias locais; B - Num ofício recebido ontem, em resposta a solicitação anterior, informa-me que "será apresentada em breve ao Executivo Camarário uma proposta para o procedimento necessário com vista à aquisição de serviços de auditoria externa às contas do Município." ( o negrito é meu)
Resta o essencial, o actual nó cego local -a trapalhada com a ParqT, que se pode resumir em onze pontos fulcrais, após um longo e muito nebuloso período inicial, que só a inspecção ou a PGR têm condições para esclarecer: 1 - Não se sabe bem como nem porquê, o insólito litígio CMT/Bragaparques foi primeiro para os tribunais administrativos e, após delongas e mais delongas, para processo arbitral; 2 - Apesar de confrontado em 07 de Dezembro de 2010 com uma proposta de negociação, partindo da base zero e sem custos adicionais para o Município, Corvêlo de Sousa nunca respondeu, o que é muito estranho e revela uma curiosa apetência pelo pagamento integral à Bragaparques; 3 - A  decisão final dos árbitros nomeados pelas duas partes foi comunicada ao executivo tomarense em Fevereiro, concedendo um prazo a terminar em Junho para o pagamento integral de 6 milhões 475 mil euros; 4 - Desde o início de Julho, dado não ter sido entretanto liquidado o débito supra, o Município de Tomar está obrigado a pagar mais 800 euros = 160 contos por dia, além da dívida inicial, o que legalmente não pode fazer, uma vez que nem a dívida inicial nem os encargos do seu serviço estão cabimentados; 5 - Nestas condições, em qualquer altura poderá a Bragaparques requerer a execução do acordo arbitral, forçando assim o executivo nabantino a nomear bens para serem penhorados; 6 - É contudo muito pouco provável que a Bragaparques resolva enveredar por esse caminho, enquanto os juros continuarem a pingar; 7 - Enquanto isto, a relativa maioria, tudo indica que instigada por quem esteve na origem no problema, procura comprometer de alguma  maneira a oposição em todo este processo, até agora sem sucesso; 8 - Pelo que consta, a táctica parece consistir em procurar orçamentar o débito graças à técnica do facto consumado, (ao que a oposição se tem oposto), após o que será tentado exactamente o mesmo com o Ministério competente e com o Tribunal de Contas: a obrigação existe, trata-se de uma decisão judicial irrevogável, o Município tem de pagar, pelo que tem de haver abertura para pedir dinheiro à banca; 9 - Trata-se claramente de uma  inaceitável forma de chantagem, que evidencia a pouca ou nula transparência de todo o processo. Caso aqueles dois organismos nacionais viessem a aceder a semelhante imposição, não faltariam por esse país fora centenas ou mesmo milhares de cambalachos de toda a ordem e dimensão. 10 - Até o famoso três émes - o mafioso malabarista madeirense- já percebeu que o seu reinado acabou. Passou a estar sob tutela de facto e nem sequer pode agora gerir as dívidas ou solicitar empréstimos, tarefas que foram avocadas pelo governo de Lisboa, conforme indicações da troika, apesar de se tratar de uma região autónoma; 11 - Nestas condições, resta aguardar que a relativa maioria ou a oposição se resolvam finalmente a fazer o que a triste realidade lhes impõe - provocar a realização de eleições intercalares. Só depois será possível conversar com a Bragaparques, renegociando a soma em dívida, de tal forma que nenhuma das partes fique prejudicada, ou os contribuintes tenham de vir a pagar por asneiras que não cometeram, a não ser quando votaram. Não há outra saída legal e aceitável!

1 comentário:

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

O que penso da crise nabantina
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Rebéubéu pardais ao ninho, é o resumo a extrair da entrevista d"O Pedro" à Radio Hertz, que estive a ouvir aqui no Tomar a Dianteira.

Estranhamente, até tenho uma pitada de simpatia por ele, não sei bem porquê.... Espremendo, espremendo, espremendo a sua entrevista, resulta um galanteio, uma insinuação, um jeito de encantar, um punhado de piropos, um fazer-se ao piso.. Uma mendigação: estais-me a ouvir Dr. Miguel Relvas?, olhe que passei estes dois anos a amparar o Curvêlo, ia lá sempre que me chamava, fui mais que tutor dele e a troco de quê?, porque eu nasci assim, sou assim e não sei ser de outra maneira e estou aqui (aqui estou eu!), e quero aqui continuar a estar. Coca?

Quais intercalares, qual carapuça!

Está tudo viciado. Os Independentes representam objetivamente uma cisão na base de apoio do PS (que o seu líder espreme até ao tutano); o PS tem à frente do partido uma senhora que dorme na mesma cama daquele que é a cara do partido no concelho; o PSD está sob o controlo de um jagunço político que habita agora o poder central; o líder nacional do PS é unha com carne com o farsolas (do PSD) que chefia agora o governo da Pátria (apenas o "choca"...).

Resumindo: são uns empata....

Se tivessem juizinho, dada a situação calamitosa da autarquia, sentavam-se a uma mesinha, e numa hora os três responsáveis definiam um caderno de encargos para o resto do mandato. Na altura própria iam a eleições e quem tivesse unhas é que tocava viola.

Porque... meus amigos, o actual vice é legitimamente Presidente da autarquia.
.
Das duas quatro: ou PS e Indep's de Tomar se entendem numa estratégia para evitar intercalares, encostando, concertados, o Sr. Carrão à parede; ou o Vice chama os dois para uma solução a três (o que vai dar ao mesmo); ou Indep's e PS se juntam numa alternativa para intercalares; ou haverá então intercalares para que tudo fique mais ou menos na mesma, em dois anos de campanha eleitoral, enganando as pessoas.
(mas o Dr. Pedro Marques foi mesmo irresistível....)

Deixemo-nos de brincadeiras.

(E digo mais: no estado actual dos partidos tomarenses, caso não assumam conjuntamente as suas responsabilidades, Tomar só abrirá uma porta de esperança com uma personalidade política vinda de fora, que os munícipes acarinharão com ambas as mãos, borrifando-se para os actuais protagonistas. Falta saber o que vai exibir o melhor exemplar. E com razão!). Desculpem lá a bruteza.