terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Uma surpresa desagradável

Como era expectável e aqui foi amplamente previsto, a Assembleia Municipal voltou a chumbar esta tarde a revisão orçamental, por incluir a cabimentação da indemnização à ParqT. Desta vez com 20 votos contra, 16 a favor e uma abstenção. Perante tal resultado, quando seria lógico que o presidente Carrão mantivesse o sangue-frio e a indispensável compostura, aconteceu o desastre. Visivelmente irritado e algo fora de si, como bem notou João Simões, dos IpT, o líder do executivo lastimou a votação, acusou os socialistas de estarem "formatados para as eleições intercalares" e alegou que a rejeição não estava devidamente fundamentada, pelo que ainda assim iria incluir nas contas a reparação à ParqT. Prontamente corrigido pelo mesmo parlamentar independente, no que concerne à fundamentação, não recuou nem pediu desculpa pela evidente falta de respeito pela Assembleia Municipal, ao dizer que incluiria os 6,5 milhões de euros nas contas municipais, apesar da rejeição.
Antes tinhamos um presidente sem capacidade de liderança e hesitante a decidir, mas calmo, cordato, culto e educado. Agora, pelo já visto, temos um presidente casca grossa, agressivo, iritadiço, pouco ou nada respeitador da legalidade democrática e da independência  da Assembleia Municipal. Tudo isto apesar dos 14 anos que já leva de "tarimba" nos Paços do Concelho. Se calha a ser novato, havia de ser bonito!
Acusado por todas as bancadas, excepto pelo CDS, de se furtar ao diálogo e de não ligar nenhuma aos sucessivos reparos da oposição, nem sequer julgou necessário responder, como se não devesse satisfações a ninguém. Um tal comportamento vai certamente causar-lhe sérios dissabores, pois a sua ingrata odisseia ainda agora começou. E as futuras autárquicas, em princípio são só daqui a 22 meses + dois orçamentos+ montes e montes de problemas. Aguentará?
A Comissão Política do PSD local acha que sim. Num comunicado hoje conhecido, dizem que a maioria laranja tem agora todas as condições para governar e está aberta ao diálogo. Ou muito me  engano, ou trata-se de mais um exercício de blábláblá. Com o tempo, os eleitores logo ajuizarão. Mas a inauguração não foi propriamente auspiciosa.
Os dois principais grupos oposicionistas têm a faca e o queijo na mão, podendo a qualquer momento marcar uma data para o fim desta ridícula tragicomédia. Por razões que não alcanço, apesar do acumular de desgraças, só o PS já manifestou disponibilidade para provocar eleições intercalares. Os IpT estão à espera de quê? Que o Gualdim se vire finalmente para a Câmara, de forma a poder assistir ao espectáculo? Decidam-se, senhores! 

6 comentários:

Virgílio Lopes disse...

Desta vez, aproveitando as minhas curtas férias natalícias, fui assistir. Ao vivo e a cores.

Do que vi e ouvi, retenho e saliento umas tantas evidências e deixo uma ou outra opinião:

- COMO TEM SIDO AO LONGO DOS ÚLTIMOS 14 ANOS, a total cobertura do "SR. MINISTRO" à confrangedora incompetência técnica e política, à inabilidade gritante dos seus PEÕES - Carrão e todos os outros. Que pobreza "franciscana"!

- A CHOCANTE impreparação e incapacidade da nova "lider parlamentar" do PSD que, como usa dizer-se, não "dá uma para a caixa". Nem meia, nem 1/4, digo eu.

- O bimbarro CARRÃO, num misto de tola vaidade do saloio tolerado pela "burguesia urbana" decadente e do serraceno bronco e "macarronico" que, entre passeios de idosos, bailaricos, touradas, copadas e, sobretudo, uma canina fidelidade ao "SR. MINISTRO" consegue chegar a "Presidente" - primeiro do PSD/Tomar e agora da Câmara.

- O CALCULISMO E A AUSÊNCIA TOTAL de sagacidade política do PS, dos IpT, da CDU e do BE para apresentarem uma moção de censura à passividade e permissividade do Presidente da Assembleia Municipal, enquanto titular máximo do Órgão Fiscalizador, em simultâneo com uma proposta de destituição do Presidente e da Mesa e a eleição de novos titulares, dispostos a devolver à Assembleia a DIGNIDADE que teve enquanto presidida pelo ÍNTEGRO social-democrata VASCO PENA MONTEIRO.
Esse deveria ser o primeiro passo a dar pela REAL MAIORIA ABSOLUTA que existe na actual Assembleia Municipal e que só um espúrio acordo de maçons do "bloco central de INTERESSES E CUMPLICIDADES" inviabilizou em 2009.

- A AUSÊNCIA DE "COMBATE" POLÍTICO AUTÊNTICO, SÉRIO, frontal, objectivo, sem rodriguinhos, sem salamaleques, sem medo dos "rabos de palha", em torno das questões concretas, das políticas que as sustentam ou sustentaram, dos actores que lhe dão e deram corpo, dos responsáveis pelo abismo - "chamando os bois pelos nomes", sem tibiezas ou hipocrisias que só alimentam o pântano e a irresponsabilidade reinante.

De resto, substituída a Mesa da AM no sentido indicado e havendo uma oposição firme e séria (o que também não será fácil com "jogadores" como PM e LF), estão criadas as condições para o inevitável bloqueio de uma maioria relativa caracterizada pela arrogância, teimosia, autismo, incapacidade, incompetência e total ausência de visão estratégica para o concelho.

Mas, mesmo chegado o momento da quase inevitável queda da Câmara e tendo em conta as especiais "particularidas" dos líderes, é bom que PS e IpT se aucatelem - renúncia dos vereadores só em simultâneo, sem qualquer possibilidade de um pré-armadilhado recuo.

Com todo o respeito,


Virgílio Lopes

templario disse...

(DE:Cantoneiro da Borda da Estrada

O Sr. Virgílio parece ter feito uma boa síntese da dita Assembleia. Fez-me lembrar aquela máxima do escritor Luiz Pacheco algum tempo antes de se finar, em 2008:

"O País não muda assim de um dia para o outro. Ainda hoje não mudou assim tanto como isso."

Boa, boa foi esta: "renúncia dos vereadores só em simultâneo, sem qualquer possibilidade de um pré-armadilhado recuo."

Que tal está a mancebia!

Não sou fã de intercalares no poder local, julgo que pouco ou nada pode dividir os eleitos quanto à "obra" a realizar, caso se tivessem apresentado aos eleitores com sã vontade de servi-los.

Parece não ser o caso.

E volto a estar de acordo: está tudo preso pela mãozinha do jagunço político Miguel Relvas. Ele é o Capataz da vida política tomarense. Ninguém o quer assumir e, assim, o melhor é "renúncia dos vereadores só em simultâneo".

Estranho é o silêncio do decano Dr. Pedro Marques!!!

Já agora...

O Sr. Virgílio não está ainda arregimentado por nenhum partido, ou receia mancomunar-se nessa mancebia? Pelo seu discurso, percebe-se que conhece as curvas todas que a política tem...

Aposto que está à espera de um convite...

Ou a vida profissional não lhe dá tréguas?

Inscreva-se em um deles e deixe-se de tiro ao alvo. Se quiser o meu conselho...

Virgílio Lopes disse...

Ó Sr. Cantoneiro,

Deixe-me quedo mas não mudo, no meu cantinho, na minha aldeia, a observar e a comentar o que nos rodeia.

Por isso, desculpar-me-á, mas não vou seguir os seus conselhos.

Não espero, nem desejo convites.

Tão pouco estou interessado em afivelar qualquer coleira ao meu livre pescoço.

A "moderna" política é para os "políticos" modernos. Dos interesses e não das CAUSAS.

Porque se fossem políticos de CAUSAS, ontem tinham "decapitado" o Polvo...


Com todo o respeito,

Virgílio Lopes

Virgílio Lopes disse...

Ó Sr. Cantoneiro,

Deixe-me quedo mas não mudo, no meu cantinho, na minha aldeia, a observar e a comentar o que nos rodeia.

Por isso, desculpar-me-á, mas não vou seguir os seus conselhos.

Não espero, nem desejo convites.

Tão pouco estou interessado em afivelar qualquer coleira ao meu livre pescoço.

A "moderna" política é para os "políticos" modernos. Dos interesses e não das CAUSAS.

Porque se fossem políticos de CAUSAS, ontem tinham "decapitado" o Polvo...


Com todo o respeito,

Virgílio Lopes

HC disse...

Sr. Virgílio,

aqui vou lendo quando calha os seus comentários, reconhecendo que aqui ou ali até concordo com eles, embora na provável maioria das vezes fique apenas admirado com a sua notável imaginação novelística, à qual tem obviamente direito.

A questão que me leva a dirigir-lhe este comentário é apenas esta, se efetivamente esteve na AM podia ter aproveitado para se apresentar.
Não fica nada mal as pessoas assumirem de frente as críticas que fazem, acho aliás que é isso que todos devem fazer, e eu como algumas vezes sou visado nos seus escritos, gostaria muito de o conhecer.
Isto se não o conhecer já, é que o jeito como escreve e os conteúdos presentes nesses comentários, lembram-me muito uma outra pessoa que também habita no seu espetro partidário...

Bom ano para todos!

Virgílio Lopes disse...

Sr. Hugo Cristóvão,


Está a dirigir as suas "baterias" na direcção errada.

Não se preocupe comigo. Preocupe-se com o ESSENCIAL. Deixe-se de "fait-divers"...

Estive lá, bem perto de si. Vi-o e ouvio-o bem, tal como aos restantes.

Não me apresentei, nem tenciono apresentar-me. Embora compreenda a sua ansiedade e curiosidade.

E para seu desencanto e tristeza, não tenho "rótulo" nem "marca".

Sou um atento "free-lancer", um "outsider" que comete o pecado de pensar pela sua cabeça e escrever fora do controle dos "políticos" modernos e da "moderna" política.

Debata ideias, políticas e projectos.

Pessoas, só enquanto fazedores de política, enquanto mentores e executantes de políticas que têm ou tiveram a ver com o nosso passado, o nosso presente e o nosso futuro colectivo.

E é tudo, por agora.

Com todo o respeito,

Virgílio Lopes