segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Fátima é no concelho de Ourém...

Informa o vereador socialista Luís Ferreira (o único que lá vai procurando informar os eleitores sobre aquilo que se passa no executivo) que o fundo de maneio do município de Tomar é, desde há pelo menos três meses, negativo, atingido agora um défice de 5,2 milhões de euros = um milhão e 400 mil contos. Coisa pouca, a juntar aos 38 milhões de calotes vários = 7,6 milhões de contos. Somando os dois buracos, chega-se a 43,9 milhões = 8,78 milhões de contos. Para pagar como e quando?
Numa cidade ideal, perante semelhante abismo financeiro, que resulta de aselhices múltiplas ao longo dos anos, os actuais membros do executivo já teriam apresentado a sua renúncia, acto indispensável para a posterior nomeação pela tutela de uma comissão administrativa, encarregada de tomar as medidas impopulares, mas indispensáveis para o saneamento das contas municipais, que os senhores autarcas jamais virão a tomar por isso mesmo. Infelizmente, estamos em Tomar, numa daquelas terras com uma população tão certeiramente descrita, na primeira metade do século passado, por Miguel de Unamuno: um povo de suicidas. Escreveu-o em relação aos portugueses em geral, esclarecendo que não se suicidavam mais do que outros, mas eram teimosos, obstinados, casmurros. Caminhando para o abismo, apesar de várias vezes avisados, continuavam o seu caminho, como se nada fosse... Assim estamos neste ano de 2012. E não só na autarquia. Outras entidades locais se encontram em situação semelhante, ou mesmo pior, com os seus responsáveis a adiar, a protelar, a dilatar, sem que se compreenda para quê. À espera de milagres? Fátima é no concelho de Ourém, que pouco melhor está.

2 comentários:

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

Dizes tu, Rebelo, com uma ligeireza desconcertante, de quem não quer ir ao âmago da questão, que Unamuno descreveu os portugueses como....

...."um povo de suicidas, esclarecendo que não se suicidavam mais do que outros, mas eram teimosos, obstinados, casmurros. Caminhando para o abismo, apesar de várias vezes avisados, continuavam o seu caminho, como se nada fosse..."

Não seria melhor que dissesses que os portugueses são o mais sábio e experimentado povo europeu, que tem tido a infelicidade ao longo da história, ainda nos nossos dias, de...

parir, alimentar e pagar os estudos a elites que logo logo os traem da forma mais miserável?

Não te ocorre que o problema não está no nosso povo, nos trabalhadores, nos seus quadros médios e superiores, nos seus técnicos, mas nessas elites políticas, económicas e intelectuais?

És um idealista e um radicalista. As posições que defendes, neste ambiente negativo que vivemos, e a tua relação intelectual com o povo, configuram exatamente um idealista e um radicalista.

Tu és um idealista e um radicalista. Logo....., arrastado por posicionamentos perfeccionistas!

Estou certo ou estou errado?

(Cingi-me só à tua citação de Unamuno, na continuação de outras do mesmo quilate)

Anónimo disse...

Penso que o teu comentário se basta a si próprio.