Enquanto a imprensa regional nada traz de importante sobre Tomar, triste indício do estado a que a cidade outrora dinâmica já chegou, os dois semanários locais merecem leitura atenta. Fiel ao seu estilo, Cidade de Tomar puxou para manchete "Reformada com 236 euros deixa de receber um reembolso". Já na página três, o leitor fica a saber que, para receber o referido reembolso, a reformada tem de apresentar uma declaração do oftalmologista que a operou, o que este se recusa a fazer. É mais um caso do império da burocracia no nosso país. Mesmo com o tão propalado Simplex...
Na página 2, citando outra publicação, o semanário da Praça da República destaca a intenção de se construir mais um campo de golfe, que será o quarto no concelho. Mesmo tendo em conta que vários obras camarárias deram buraco, quatro campos é demasiado. Só buracos serão no mínimo 72. E água para regar aquilo tudo? Por muita que os políticos possam meter, não vai de certeza chegar.
Igualmente em Cidade de Tomar, algum relevo para a manifestação ordeira dos trabalhadores da IFM/Platex frente aos Paços do Concelho, bem como destaque de primeira página para a intervenção indignada do Arq. José Lebre na reunião camarária, assunto que será desenvolvido mais adiante.
O Templário apareceu esta semana com dois títulos de primeira página bem mais vivos que o habitual. Logo em cima "A revolta dos munícipes". Mais abaixo "Platex "a luta continua"". Nas páginas interiores um texto denso sobre o problema da IFM/Platex, actualmente de portões fechados por falta de matéria-prima, que não há dinheiro para comprar. Mas há encomendas. E gestão à altura das circunstâncias, haverá?
Sobre a anunciada "Revolta dos munícipes", ficamos s saber, após leitura das páginas 6 e 7 que alguns jornalistas são uns exagerados. Porque realmente não há nem houve revolta nenhuma. Nem simples indícios. Apenas alguns munícipes que resolveram expor os seus problemas na habitual reunião pública da edilidade. Mesmo se o fizeram com algum calor, limitaram-se ainda assim a exercer o seu normal direito de cidadania, que inclui, como é óbvio, o direito de reclamar e de se indignar, desde que se saiba manter um tom cordato e educado, como foi o caso.
Cansado de ser desconsiderado e não obtendo resposta às suas reclamações escritas, o arq. Lebre, que já foi ele próprio vereador, queixou-se asperamente de que alguns dos seus projectos não são despachados em tempo útil, sem que se compreenda muito bem porquê. Conhecedor de algumas manhas da casa, do tempo em que foi autarca, pretendeu saber quem é que na realidade manda na Câmara, alguns técnicos ou os eleitos? O presidente Corvêlo de Sousa bem lhe respondeu que são os eleitos, mas na reduzida assistência ninguém parece ter ficado muito convencido.
Este problema da liderança efectiva na área do urbanismo, das obras e do património, já se vem arrastando há anos, tendo surgido como particularmente grave durante os dois mandatos de Pedro Marques. Por essa altura, era óbvio e do conhecimento de todos os interessados que, por motivos fora do âmbito deste tema, outros que não os eleitos punham e dispunham a seu bel-prazer, tendo-se chegado ao cúmulo, em muitos casos, de arranjar dificuldades para depois vender facilidades. Outros tempos? É o que falta esclarecer cabalmente. Porém, de cada vez que aqui falamos de auditoria, curiosamente não há qualquer tipo de reacção. Ninguém parece ter lido. Estranho, não é?
Outro tópico abordado por José Lebre foi a requalificação do chamado "núcleo histórico", em cujas obras foram e estão a ser utilizados materiais estranhos à tradição local, o que contraria frontalmente legislação aprovada tanto pela autarquia como pelo governo nos anos 90 do século passado. Se a autarquia, com tantos e tão exigentes técnicos quando se trata de projectos particulares, não consegue, ou não pode, ou não quer respeitar as suas próprias posturas, estamos a caminhar para onde? É já o salve-se quem puder? O mandato só termina lá mais para o final do ano. Haja calma!
6 comentários:
Sr. barros, julgo que também deverá incluir nas suas remoções certas onomatopeias.
Agradecido pelos comentários certeiros aproveito para contar que quando o sr. arquitecto Lebre se lastimou de alguns funcionários criarem dificuldades e não darem andamento aos processos alguém ao meu lado murmurou "é gente a querer abotoar-se" só que depois não quis dizer mais nada só disse fica com os meus botões. Podem explicar melhor?
O longo comentário anterior, sobre a história do União de Tomar, cujo aniversário se celebra amanhã, foi removido por não ter qualquer relação com o texto a comentar.
Tal como Tomar a dianteira não se mistura em questões desportivas, salvo quando estão em jogo verbas pagas pelos contribuintes que somos, agradecemos que os nossos amáveis correspondentes procedam de igual forma. Há variados e largos espaços, tanto na imprensa como na blogosfera, onde podem escrever sobre desporto.Aqui não, salvo quando seja pertinente.
O União está agora onde está a cidade: mergulhado num atoleiro, pelo desinteresse das pessoas, pela incúria de alguns dirigentes, e pela sacanice de alguns políticos regionais dos quais destaco Paiva.
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