ATMOSFERA DE CORTAR À FACA...

Durante a passada semana,foram-nos chegando ecos do clima cada vez mais insalubre que se vive no PSD local. Um militante social-democrata assaz importante chegou até a dizer-nos que a demissão do tesoureiro da secção era inteiramente justificada, sendo que a carta publicada na imprensa local é inteiramente verdadeira, mas fica muito aquém da realidade interna dos laranjas. Outra fonte credível, que também solicitou o anonimato, garantiu-nos que existe agora no partido um ambiente de revolta "contra o presidencialismo excessivo", contra a ausência de debate interno, contra o modo como foram escolhidos e seriados os integrantes da lista e contra a preferência mais uma vez dada a certos independentes, em detrimento dos militantes do partido. Segundo a mesma fonte, é tal a insatisfação que se pode agora dar como possível a alteração compulsiva da lista já alinhavada, ou até o abandono de algum membro da actual maioria.

Uma terceira fonte, que na altura nos pareceu algo exagerada, asseverou-nos que determinada maneira monárquica de apascentar o rebanho social-democrata tomarense tinha agora os dias contados, justamente quando seria mais necessária a coesão interna.

Embora sabendo tudo isto e algo mais, Tomar a dianteira entendeu nada avançar, por dois motivos poderosos. Por um lado, para evitar a possível identificação das fontes citadas, pois a cidade é humanamente cada vez mais pequena. Por outro lado e sobretudo, porque ainda não tínhamos conseguido qualquer confirmação incontestável. A publicação pelo nosso colega Nabantia de uma local relatando que se vive na autarquia um clima tão agitado, que alguns autarcas de topo resolveram ir gozar umas merecidas férias, foi o elemento que nos faltava. Se outros escreveram sem terem conhecimento dos elementos em nosso poder, deixou de haver razão para manter o silêncio sobre tal matéria.

Temos assim, a seis meses das autárquicas, uma situação original. Os sociais-democratas, que não têm competidores na sua área de centro-direita, começam a fazer por iniciativa própria aquilo que em boa lógica devia incumbir à oposição. Esta, por sua vez, praticamente alheia à crise, continua dividida e sem verdadeiras perspectivas, vindo agora alguns acenar com uma hipotética candidatura única de esquerda, liderada pelo cabeça de lista da CDU, o Eng. Bruno Graça, presidente da direcção da Filarmónica Gualdim Pais. Mesmo tratando-se apenas, na nossa opinião, de mera operação de pesca, não deixa de ser um sinal de que vamos ter seis meses bem animados, para quem goste de folclore político-eleitoral, vistoso mas praticamente sem qualquer hipótese razoável de ultrapassar a actual situação de progressiva decadência. Oxalá estejamos enganados, mas não é nada provável.