quarta-feira, 22 de abril de 2009

ESTRANHA MENTALIDADE...

Na sequência de "Ao Paiva as culpas do Paiva", impõe-se apresentar pelo menos um caso concreto, que permita ver, claramente visto, como experiências pessoais colhidas lá longe proporcionam resultados bem mais proveitosos. Para isso, vamos recuar até aos anos 60 do século passado.
Tomar era então uma cidade onde se vivia bem, para os padrões médios da época. Tinha um comércio florescente, tinha alguma indústria, e era o polo aglutinador da região norte do distrito de Santarém. Além do funcionalismo administrativo e da área da educação, tínhamos então aqui o Quartel General, o Regimento de Infantaria 15, o Hospital Militar, a Messe de Oficiais, o Posto Rádio Militar, a Banda de Música, a Fanfarra, a Cooperativa Militar e a Farmácia Militar. Éramos uma "cidade de guarnição", vivendo sobretudo do aparelho militar.
Enquanto isto, aqui ao lado, o nosso vizinho concelho de Ourém, não tinha qualquer unidade militar, não tinha tribunal, não tinha ensino secundário e dispunha apenas de um modestíssimo hospital, mal equipado. Era por isso um concelho paupérrimo, dos mais atrasados da região centro, e com população inferior ao de Tomar. A situação económica era tão grave que, empurrados pela miséria, milhares de citadinos e rurais, sobretudo rurais, de Espite, Olival, Caxarias, Gondemaria, Freixianda, etc., passaram a fronteira a salto e foram procurar trabalho em França, na Bélgica, na Suiça, na Alemanha ou no Luxemburgo.
Cerca de 45 anos mais tarde, a situação alterou-se completamente nestes dois concelhos. Em Tomar já só resta o Regimento de Infantaria 15, agora reduzido a pouco mais que um batalhão, tendo-se conseguido entretanto boas instalações para um hospital, bem como um Instituto Politécnico, cuja absorção pelo de Santarém ou de Leiria deve ser uma questão de meses. As indústrias tradicionais fecharam na sua maior parte e as novas são raras e modestas.
Em contrapartida, no concelho de Ourém, quase tudo mudou. De tal forma que, segundo os últimos elementos estatísticos, já ultrapassou Tomar em todos os indicadores significativos. Tem mais automóveis, mais telefones, mais telemóveis, mais empresas, paga mais IRS e mais IRC, tem menos desemprego e menos gente a viver do rendimento mínimo. Até já tem mais eleitores que o nosso concelho.
É por causa do Santuário de Fátima, dirão os habituais entendidos. Mas não é bem assim. Claro que Fátima tem a sua importância, até porque se trata de actividades que não estão dependentes do Orçamento de Estado, mas Vilar do Prazeres, Olival, Caxarias, Freixianda e algumas outras, têm em conjunto centenas de micro-empresas florescentes, sobretudo nas áreas da construção civil, do mobiliário e da metalo-mecânica. Tudo isto porque uma parte dos que foram expulsos pela fome e pela miséria, entretanto regressaram, com outra visão do mundo e da vida. Aprenderam a "desenmerdar-se", como eles próprios dizem. A fazerem a sua vida contando com as suas capacidades. Sem estarem à espera que os outros, ou o Estado, ou o Governo, ou a Câmara, ou a Junta, os ajudem, lhes arranjem casa, ou emprego no funcionalismo. Fizeram sua a velha máxima cristã "Ajuda-te e Deus ajudar-te-á". Apenas pedem que os não atrapalhem com burocracias inúteis, com impostos exagerados, ou com exigências ridículas.
Exactamente a mentalidade inversa em relação à maioria dos tomarenses. Aqui cada qual pensa que só tem direitos, que não há obrigações nenhumas para com a comunidade. Julgam por isso ter direito ao alojamento, ao ensino gratuito, à saúde, ao emprego com direitos, à ocupação dos tempos livres, à cultura, às liberdades fundamentais e ao rendimento mínimo garantido. Tudo sem qualquer esforço ou contrapartida. Não interessa quem paga, ou que haja ou não recursos para tanto. São direitos adquiridos e não se fala mais nisso. Por isso Tomar já está como está e vai continuar a decair, se entretanto os tomarenses não mudarem.
Para agravar a situação, conforme já aqui foi escrito anteriormente, o analfabetismo em matéria de noções de economia é confrangedor. Tão acentuado que até impede muitos cidadãos, mesmo entre os eleitos e os militantes, partidários ou não, de perceber que não entendem a situação em que vivem. Daqui resulta que se candidatam ou, nalguns casos, exercem cargos políticos para os quais não têm qualquer capacidade, o que nas actuais circunstâcias pode vir a ser trágico para todos nós. É quase como irmos num autocarro a grande velocidade, com um motorista que não vê grande coisa...
Se ainda havia dúvidas a este respeito, dissiparam-se com uma notícia dada hoje nos jornais televisivos -De acordo com o Eurostat, o organismo europeu da estatística, num inquérito no âmbito dos 15 países que usam o euro, apurou-se que os portugueses são os mais descontentes com a moeda única. 62% dos interrogados, quase dois em cada três, afirmaram que com o escudo estaríamos mais protegidos contra a actual crise económica. Santa ignorância!!! Quando todos os indicadores disponíveis mostram exactamente o contrário, 62 em cada 100 portugueses ainda pensam que com o escudo é que era. Sete anos volvidos sobre a adopção da moeda única! Numa altura em que a Islândia, a Hungria, a Estónia ou a Polónia estão sob perfusão do FMI, com nós estivemos no século passado, precisamente por não fazerem parte da zona euro. Numa conjuntura em que, mesmo na zona euro, fazemos parte do grupo dos países muito doentes, em conjunto com a Irlanda, a Espanha, a Itália e a Grécia...
Não há pior cego que aquele que não quer ver, nem pior surdo que aquele que não quer ouvir. Por isso direi como a fadista -Cantarei até que a voz me doa!

16 comentários:

Anónimo disse...

Por cá, nesta terra templária copmo lhe chamam os vaidosos, a mentalidade é aquilo que os factos têm demonstrado, de há décadas a esta parte.
Tenho a certeza que ainda há por aí muito bicho careto que até gostaria de ainda, nos tempos que correm, passear de cavalo pela Corredoura com os servos da gleba atrás a apanhar o esterco com pás e vassouras.
Isto apenas para ilustrar a mentalidade finada que ainda prevalece à volta do Nabão.
E por contraponto o que temos? Uma classezita neo-liberal, formada não se sabe bem onde, rudimentar, rude mesmo, que se pavoneia de fato e gravata, elas alouradas e lacadas, que até agora - e os factos estão aí indesmentíveis - nada trouxeram de mais-valia a esta terra. Quem diz esta terra diz outras, porque o mal é geral. Mas costuma dizer-se "com o mal dos outros podemos nós bem1".
Lamento é que a minha terra não distinga das outras pela positiva!

Anónimo disse...

Isto estava bom era quando o AR era o menino bonito do patrão fascista da terra.

Reciclado na quartelada dos covardes da guerra de áfrica, com 'entourage' assumida no devaneio do Maio68, quis 'fundar' a versão nabantina dos 'campagnons ded route', 'à la gauche', 'comme il fault'. Mas ingratos, assim que o viram fora no 'quartier latin', escolheram outros para tomarem conta da loja. Por isso Tomar ganhou um 'administrador colonial' para impôr em Tomar o socialismo dos não-fascistas, como ele AR o era. Por isso ele fez a Nabância e a electrificação do Concelho, como o padrinho de AR não fez, nem AR faria.

Imaginem o que era esta 'bôlle' ter alguma (ir)responsabilidade na terra. XXX

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

Caríssimo António Rebelo,

É suposto que o tipo que escreveu o segundo comentário perfilhe ideias de esquerda, tal a ligeireza como utiliza o epíteto de fascista.

Pobre diabo, aparenta viver do ordenadito da câmara ou coisa assim parecida, quem sabe se tem formação académica cujo´grande objectivo foi arranjar um emprego no Estado - pobre e piedosa criatura. Tenhamos compaixão.

Não tenha dúvidas que tipos como estes há-os em quantidade em Tomar. Sempre houveram. Regra geral não sabem fazer a ponta de um corno, são maus colegas de trabalho, "putificam-se" com os seus chefes e andam noites seguidas com insónias se o seu grande chefe passou por ele e não o cumprimentou.

Ai de nós se algum dia tivéssemos de estar sob o poder/mando destes exemplares.

Continui AR, continui, parece que lhes está a dar mesmo no centro da testa. Não vê a preocupação dele? Anda à procura dos padrinhos dos outros, mas, coitado, julga que os outros não conhecem os seus que lhes garantem uma vidinha de subserviente, sempre a esboçar sorrisos e gargalhadinhas estridentes, reboliço, orelhas caídas, a investir na sopinha do próximo mês.

Acredite que há gentinha que se diz de esquerda como esta. Não lhes ligue. Continui a escrever sobre problemas locais. Eu aprecio-o e sou de esquerda.

Sebastião Barros disse...

Juro que quando estava a escrever (nunca me sirvo de rascunhos)disse para comigo: Como estou a abordar os tempos anteriores ao 25 de Abril, o habitual comuno-chupista vai outra vez atacar-me. Paciência!
Não me enganei. Tal como os cães quando lhes cheira a gatos, ele aí está, no seu melhor. E desta vez, sabe-se lá com que intenção, até respeita, no essencial, a verdade histórica. Só aquela da electrificação que AR não faria é que não lembraria ao diabo. É o que dá a herança estalinista. A propósito de tudo e de nada, vá de avançar com um processo de intenção. Haja saúde e paciência!

Anónimo disse...

Não se preocupe Rebelo. O segundo comentarista não tem peso (nem altura) para lhe fazer frente!

Anónimo disse...

É evidente que o saraiva continua com a conversa de comuna que sempre teve.

Aliás, ao fazer-se amigo do AR era só na tentativa de ter mais um a quem bajular e no caso de resultar garantir uma promoção.

É o que dá ser como é.
Como ele há aos milhares nesta cidade. Dejectos servilistas, sempre apostados em dizer mal e servirem-se do passado das pessoas para se levantarem perante elas.

Anónimo disse...

É pouco provável que o anónimo das 12:37 seja quem dizem. Há certos detalhes que não enganam e um deles indica claramente tratar-se de alguém mais idoso e mais caviloso, cujo intento ao escrever não é uma promoção eventual, mas a manutenção de um lugar de nomeação política. Acontece que esse lugar pode vir a ser dado a outro se o PS perder as legislativas, ou se ganhar as autárquicas em Tomar. Por isso escolheram um candidato que não tem qualquer hipótese, por muito que se esforce, mas também não pode desistir para não perder clientes e oportunidades. Ou será por mero acaso que no PS volta não volta desatam a reivindicar a revisão do PDM? O melhor é irem a uma livraria da zona e encomendarem "O príncipe", do tio Nicolau Maquiavel. O texto tem mais de cinco séculos mas está lá tudo explicado. É só ter paciência e capacidade cabeçal par o entender.

Anónimo disse...

disparate do princípio ao fim.

Anónimo disse...

QUE O AR É AÚNICA "CABEÇUDA" INTELIGÊNCIA CAPAZ DE ATINGIR, ESTÁ BOM DE VER...

Anónimo disse...

Para anónimo das 17:07:

Você até poderá vir a estar cheio de razão. Mas para isso terá de se dar ao trabalho de explicar como chegou a essa brilhante conclusão. Se o não fizer, não fica nada bem na fotografia, que de palpites sem qualquer base estamos nós fartos.

Anónimo disse...

Para anónimo das 17:09:

Nunca ouvi dizer, ou me constou sequer, que a principal qualidade, ou mesmo uma das qualidades da generalidade dos tomarenses, fosse ou seja a inteligência. E estas coisas quando existem são do conhecimento geral. Que tal constatação não agrade, isso já é outro assunto. Afinal o Inverno também agrada a muito poucos, o que nunca provocou, até hoje, o desaparecimento dessa estação do ano. O melhor será ir-se habituando à ideia. E nunca esquecer que jamais um choupo dará nêsperas. Por muitas tentativas que se façam.

Anónimo disse...

retórica, Rebelo, retórica, só retórica e ainda acusas do camarada Vital Moreira do mesmo

tem dó, rebelo, deixa-te disso e ganha tino homem

Sebastião Barros disse...

Já um dia destes você apareceu com essa mesma música numa outra mensagem sobre outro assunto. Trate de mudar de disco, criatura! Ter dó de quê e de quem? Há alguma obrigação de vir aqui ler? Alguém impede de passar ao largo? Em relação a certas pessoas até se agradecia...
Sobre a acusação de retórica, uma vez mais se esclarece que não basta afirmar. É preciso justificar. Caso contrário fica-se sempre mal na fotografia.
Quanto à afirmação sobre o Vítal Moreira, não passa de suposição néscia. Nenhum residente do blogue escreveu até agora uma única linha sobre esse candidato a deputado europeu. Quando se não sabe o que escrever, o melhor é poupar tempo e abster-se. Combinado?

Anónimo disse...

e tu a dar-lhe. em vez de te andares aí a pavonear, qual endeusado representante dos espoliados da eleição autarquica, porque é que não concorres e te sentas no lugar para que fores eleito, ou não, para com os outros e com a representatividade que tiveres contribuires para melhorares alguma coisa, agora assim só a mandar bitaites, sinceramente, já chateia e começa-se a duvidar, com seriedade, da completa organização interna das duas massas, da branca e da cinzenta

Sebastião Barros disse...

Para anónimo das 8:54:

É exactamente como se repete muitas vezes nas boas escolas de jornalismo: "Os factos são sagrados. As opiniões são livres."

Sebastião Barros disse...

Pró anónimo das 8H54:

O seu comentário não tem jeito nenhum. Para ser uma poia só lhe falta a cor e o cheiro. Esperei que o visado lhe respondesse. Como isso não aconteceu, aqui vai.
Você pensa mesmo que qualquer crítico tem a obrigação de se apresentar aos eleitores? Então e a liberdade de expressão serve para quê? Alguém tem alguma culpa que você se chateie com isto ou com aquilo? Quem é que o obriga a vir ler e/ou escrever aqui no blogue? Ainda que a pessoa que você visa fosse realmente doida, ou estivesse "ché-ché", o que é que mudaria? Os doidos e equiparados não têm direito à vida e à liberdade de expressão? Olhe que o próprio Fernando Pessoa não enchia sempre bem a púcara. E do Vasco Pulido Valente nem vale a pena falar.
Para seu governo e eventuais actuações futuras, que a campanha vai ser dura, seguem duas observações. Uma para levar ao seu conhecimento que há a "dor de burro", a "dor de cotovelo" e a "dor de corno". Tudo indica que você padece de pelo menos uma delas. A outra observação é para o aconselhar da seguinte forma: Mesmo com rascunho prévio e a coberto do anonimato, nunca publique nada que não pudesse assinar com o seu nome e de forma legível. É que o mundo dá muita volta e a vida muitos trambolhões. Que Deus o ajude a ser melhor, que você bem precisa!

Anselmo Anjos