O recente episódio da Escola de Belgais, com a sua mentora, a consagrada pianista Maria João Pires, a declarar que ia renunciar à nacionalidade portuguesa e viver no Brasil, porque o governo português não tomou a seu cargo a continuação daquela iniciativa de índole artística, veio dar relevo a uma lamentavel mentalidade -aquilo que se pode designar por irmandade da gosma. Trata-se de um grupo social (talvez o mais numeroso e com mais peso político em Portugal), cujos membros consideram que é obrigação do estado subsidiar, ajudar, financiar, custear, assegurar, manter tudo e mais alguma coisa. Numa expressão sintética, o Estado Providência. Que a todos deve garantir e assegurar todos os direitos, sem exigir o que quer que seja em troca.
A coisa está de tal modo enraizada na sociedade portuguesa, que até os jovens pré-adolescentes já sabem a música. Todos os anos, quando os professores do 2º ciclo de ensino básico (e, se calhar, também nos outros ciclos), dizem aos alunos para completarem um questionário previamente distribuído, à pergunta "O que queres ser quando fores grande?" vários meninos e meninas respondem abertamente "Reformado". Por vezes até "Reformado porque não é preciso trabalhar".
E que mal tem?, interrogarão as almas caridosas. Pois até agora, a arte de viver à custa dos impostos dos outros, era aceite sem contestação nos países da Europa Ocidental, e só neles. Porém, com o andar dos tempos, mesmo naquelas nações mais avançadas socialmente (Países Nórdicos, Holanda, França) governam agora partidos da direita, cujos dirigentes vão manifestando a intenção de pôr cobro gradualmente ao que designam por "assistanato" ou "assistencialismo". Até na Suécia, arauto mundial da social-democracia, o governo conservador já declarou que vai agir no sentido de apenas manter as pensões aos reformados idosos, aos doentes e aos manifestamente inválidos. Os outros terão de aceitar formação profissional e os empregos que lhes forem facultados, desde que adequados à formação recebida. Quanto às várias agremiações privadas, terão de se autofinanciar ou desaparecer.
Aqui em Portugal é o que sabemos. O clima é bom, a vida é calma e agradável, e viver da segurança social, do rendimento mínimo, ou do subsídio de desemprego, salvo nos casos acima enumerados, evita ter de aturar patrões e chefes, respeitar horários ou gastar dinheiro em transportes. E trata-se de uma prática bem aceite e até admirada socialmente. Prova disso é a reacção do Nobel José Saramago. Questionado sobre o caso de Maria João Pires e sobre a eventual ida definitiva de Miguel Sousa Tavares para o Brasil, foi extremamente claro e politicamente coerente. Lamentou o sucedido com a célebre pianista mas manifestou indiferença, ou até algum desdém, por Miguel Sousa Tavares. Está no seu direito, bem entendido. Mas Miguel Sousa Tavares encara a hipótese de ir viver para o grande país irmão porque aqui lhe cobram a título de imposto (IRS) 42% dos seus direitos de autor e pouco ou nada lhe dão em troca. Inversamente, Maria João Pires, pelo menos no caso de Belgais, não pagava impostos e recebia financiamentos do Estado, naturalmente a fundo perdido, em nome da cultura.
É certo e sabido que esta nossa tomada de posição vai ser apodada de mais isto e mais aquilo. A realidade, porém, aí está. Já não se trata de ser a favor ou contra os subsídios para seja o que for, mas de interiorizar que, com cada vez mais pessoas e agremiações a viverem de cada vez menos impostos cobrados, a Irmandade da gosma tem os dias contados, a mais ou menos longo prazo. É só esperar para ver. Ou julgam que a subida eleitoral simultânea da direita e da extrema-esquerda nas recentes europeias aconteceu por mero acaso?
Infelizmente para os que votaram BE ou CDU, pouco ou nada há a esperar das promessas dessas formações políticas, porque se nem o PS (em Portugal e em Espanha), nem direita (nos outros países) têm capacidade orçamental para assegurar a perenidade e a constante expansão da Irmandade da gosma, não se vê onde a poderiam ir buscar os bloquistas ou os comunistas, se acaso alguma vez viessem a formar governo. É triste e duro para muitos, mas é assim. E quanto mais tarde resolverem mudar de vida, mais difícil vai ser.
7 comentários:
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Já agora, resta lembrar que a distinta pianista nunca tocou ou gravou música de compositores portugueses. Ao contrário do maior pianista português, Viana da Mota, que regressou a Portugal por espírito solidário e patriótico, MJP só regressou em busca de subsídios para si própria...
E ainda dizem que este senhor não presta honras ao seu PARTIDO SOCIALISTA.
è isto que faz de mim mais socialista: Achar que todos têm direito a tudo, o que têm direito, desde que para tal lutem e trabalhem e se não o poderem fazer, compete aos outros ajudarem. Mas chulice não!
Isto fora o que o genro da senhora tem roubado, e muitas outras histórias da casa de belgais...
As razões da senhora pianista tem mais a ver com fuga que outra coisa, o que aliás já vem de longe.
Porque será que acho a história parecida com a saida de Pedro Marques de Tomar em Janeiro de 1998.
Será pelo binómio ROUBOU / FUGIU?
pois é Rebelo é tudo uma gaita. foi tudo de férias e aqui facámos nós a carpir as máguas de uma terra que não quer saber de nada e de nada sabe mesmo. vamos mas é beber umas cervejas e ver se há por aí alguma das listas que nos queiram. acho que já há pessoal a mais a concorrer mas podia não ser má ideia nós metermo-nos por aí. tu já tentaste, ams também que raio, só aceitas o primeiro lugar. assim também é dificil. de qualquer forma não acredito na dita sondagem do ppd que dá os tipos a conseguirem maioria só com 36%. ra já acho que eles nem dos 30 passam. o becerra vá lá que consiga subir um bocadito até aos 25, mas nem sei se chega lá, que ele não tipo de muito trabalho. o pedro afunda aí pra metade do que teve, uns 11 e a miliciano ainda vai ser uma surpresa e conquistar um vereador que vai ter de discutir com o bruno. portanto camara 3psd, 2ps, 1pedro,1isabel ou bruno é bem possivel
O Rebelo cheira a chulé...perdão, a chulo!
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