Além do já referenciado, o autor apresenta outras maleitas que nos são peculiares. Uma delas baseia-a numa tese das "Conferências de Harvard", de 1958, de acordo com a qual existem dois tipos de cidadãos -"De um lado ficaram "aqueles que seguiram o caminho da individualidade, que criaram e alargaram oportunidades para se comprometerem na realização de acções livremente escolhidas..." "Do outro lado, ficaram os "homens incapazes ou indispostos a fazerem escolhas por si próprios, homens esperando que lhes dissessem o que fazer e em que acreditar, e pedindo aos governos assistência, protecção e liderança." ..."Nalguns homens esta incapacidade... apenas provocou resignação; mas noutros gerou inveja, ciúmes, ressentimento."
Para Vítor Bento, os portugueses integram o segundo grupo, o dos "colectivistas". E acrescenta mais adiante: "A inveja, o queixume e o ressentimento , com que muitos portugueses embrulham a pequenez de espírito e a incapacidde de ousar e de assumir os riscos da sua individualidade, esgrimindo-os contra os que têm sucesso ou, mais simplesmente, contra os que se atrevem a sobressair da niveladora mediocridade, são outra emanações, limitadoras, desse "carácter" [colectivista]"
Noutra passagem, assinala-se que os nossos compatriotas "sendo confrontados com qualquer erro ou má prática, quase que instintivamente respondem que "não fui eu", apontam noutra direcção, ou apresentam um rol da de desculpas justificativas."
Há igualmente uma abordagem do nosso problema educacional que nos parece valer a pena destacar. É esta: "Para além da dificuldade de compreensão da informação escrita, e da dificuldade (também apurada no estudo da OCDE) de resolução de problemas, um outro campo onde muitos portugueses expressam uma manifesta dificuldade é na expressão oral. Esta dificudade é frequentemente percebida, de uma forma incontornável, quando as televisões recolhem opiniões espontâneas, na rua ou nos estúdios. ... ...O problema é sério, porque quem não sabe verbalizar articuladamente as ideias, também não sabe pensar articuladamente. E quem não sabe pensar..."
Poderíamos continuar "a bater na ceguinha". Preferimos ater-nos à conhecida tomada de posição do marechal Beresford, aquando das invasões francesas. Quando lhe disseram que as forças portuguesas eram bandos de cobardes, bêbados, assassinos, traidores, velhacos, labregos, etc. meditou uns momentos e respondeu -"Será verdade tudo o que me dizem. Mas é com eles que vamos ter de fazer e ganhar a guerra, porque não há outros." Assim acontece agora com os eleitores que temos. Restam 15 dias para ter a coragem de arranjar e entregar listas que não nos envergonhem ou nos façam rir. (O negrito é de Tomar a dianteira)
5 comentários:
Pequena provocação. Valerá a pena tentar compreender a crise, se ela, alega Vital Moreira, está a dar sinais da sua próxima extinção?
Ainda que respeite a opinião de Vítal Moreira, como aliás qualquer outra, gostaria de lembrar que há duas crises em Portugal -a internacional (ou mundial) e a nossa, que é crónica, por assim dizer. Vital Moreira está a falar de qual delas?
Só pode falar da Internacional.
Mas é só seguir o link.
Há três crises: a mundial, a nacional e a de Tomar. Em Tomar não se pode falar de crises, só de céu azul. Tomar está em crise há anos, e vai continuar pelos séculos dos séculos, mas não há crise. A crise nacional e mundial é lá longe. Os tomarenses são para levar a sério?
Não sei se Tomar vai continuar em crise por séculos.
Ao ritmo que estamos a deixar que destruam a cidade, somos bem capazes de ser engolidos pelos concelhos limítrofes em poucas décadas.
Nos últimos anos tem havido uma autentica sangria, acompanhada de uma passividade quase total das nossas gentes.
Porque à urbe Tomarense não há quem a arranque das esplanadas.
Enviar um comentário