terça-feira, 7 de julho de 2009

SOBRE A ACTUAL SITUAÇÃO ECONÓMICA

E SE AINDA AGORA ESTIVÉSSEMOS NO INÍCIO DA CRISE ECONÓMICA?
Subscrita pelo seu chefe de redacção, Frédéric Lemaître, a edição de hoje do LE MONDE inclui uma análise económica com o título supra. Dado tratar-se de um texto assaz longo, dele decidimos publicar, com a devida vénia ao conceituado diário gaulês, apenas os excertos que nos pareceram mais significativos.
..."É realmente verdade. Há já, nos Estados Unidos, designadamente na área financeira, algumas vozes a garantir que o pior já passou. Que a crise de 2008 foi apenas o rebentar de uma bolha do crédito. Que a indispensável purga já está concluída e que os negócios vão retomar a normalidade anterior. Pois não é verdade que os bancos já reembolsaram as ajudas estatais? Que já há outra vez bancos a atribuir bonus aos seus empregados?
Os 150 intervenientes (entre os quais 60 estrangeiros), que usaram da palavra nos dias 4, 5 e 6 do corrente, por ocasião do 9º Encontro Anual de Aix-en-Provence, organizado pelo Círculo dos Economistas, foram no conjunto muito mais alarmistas.
Temos, para começar, os dados terríveis da OCDE. Entre Abril de 2008 e Abril de 2009, o desemprego aumentou 40% nos países mais ricos. Até 2010 podemos mesmo vir a ter 26 milhões de novos desempregados, um brutal salto de 80%, sem precedente em tão pouco tempo. "O mais grave em termos de deterioração do emprego ainda está para acontecer", avisou Martine Durand, responsável pelo sector do trabalho.
Segundo Patrick Artus (Banco Natixis) "Esses empregos foram perdidos para sempre, não são recuperáveis. Vão ser fabricados menos automóveis e menos bens duráveis. Onde criar os novos empregos de amanhã? Ninguém sabe." Mesmo Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Cetral Europeu, tem dúvidas: "Criámos um nova entidade, a economia mundializada, cuja fragilidade só agora começamos a descobrir... o futuro não está escrito em lado algum neste momento."
De acordo com as previsões de Patrick Artus, dentro de três ou quatro anos, a dívida pública dos países da OCDE vai ultrapassar os respectivos PIBs. Consequência: "Vão ser forçados a diminuir a protecção social [pensões, ajudas, subsídios, abonos diversos], reduzir o número de funcionários e aumentar os impostos."
Ainda ninguém ousou avançar com a ideia de um grande empréstimo público, excepto a
França. "É o mesmo que beber um conhaque bem forte para curar uma ressaca", alertou Denis Kessler, antigo dirigente do patronato francês, que mais adiante acrescentou: "os terceiros anos de crise caracterizam-se frequentemente pelo populismo, pelo proteccionismo e pelo patriotismo", tudo coisas perigosas."
... "Não há, portanto, qualquer razão para mantermos o optimismo? Há sim senhor. Três razões em vez de uma. A saber: 1 - A Ásia emergente continua a resistir galhardamente à crise; 2 - As necessidades são imensas, para acolher três biliões de novos habitantes até 2050; 3 - Sobretudo, os economistas estão muito longe da infalibilidade."
Para envir eventuais comentários, em francês ou inglês: lemaitre@lemonde.fr
Tradução e adaptação de António Rebelo lidiarrebelo@gmail.com

4 comentários:

Unknown disse...

Boa noite.

lidiarrebelo ou lidiarebelo?

Anónimo disse...

Os países mais ricos estão a sofrer um problema grave, que tem a ver com as políticas que andaram a fomentar de deixar que a China nos invadisse. Têm aí a resposta.
Os países têm que voltar a fechar fronteiras e a controlar o que sai e entra.
O MOdelo europeu está falido.
A solução de muitos é deixarem os grandes centros urbanos e voltarem para a sua terra, e lá lutarem por sobreviverem com dignidade.
Os paises que se dão ao luxo de terem as suas terras abandonadas
estão condenados`ao fracasso.
O nosso país tem recursos incríveis, mas as politiquices e os interesses de quem manda são mais importantes que o futuro económico do país.
Quanto a reformas e pensões,
arrepia-me ver gente nova e saudável reformada, alguns dos quais com boas reformas!
Resta perguntar: até quando??
Para terminar, sou daqueles que não acredita que a crise tem fim à vista.
A crise veio definitivamente para ficar. O Eldorado acabou. Chegou a hora do trabalho.
Arregacem as mangas!!!

Sebastião Barros disse...

É com dois R, amigo Caiano por expressa imposição da PT. Manias?

Saudações.

Unknown disse...

Bom dia.
Mania à parte acontece que o endereço (aquele com dois erres) reporta um erro de não existente.

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Daí a pergunta.