sábado, 21 de novembro de 2009

INSÓLITOS TOMARENSES - 10

Três ilustrações à primeira vista sem qualquer relação. No entanto, pensando um bocadinho mais, conclui-se que estão estreitamente ligadas. No nosso entender, claro.
Esta primeira é um exemplo do visceral desprezo pelas leis e pelos outros, que muitos tomarenses gostam de praticar pela calada. Alguns até disso fazem ostentação. Apesar do sinal bem visível de estacionamento proibido, são muitos os veículos ali parados. Os seus proprietários e/ou condutores estão seguros da sua impunidade total. A polícia é pouca, nem sempre bem enquadrada e como se sabe bastante mal paga. Nestas condições, queriam que fossem diligentes e eficazes naquilo que lhes compete ?


Outro aspecto do usual desmazelo tomarense, que neste caso foi secundado pela falta de organização e por actos de vandalismo. Para a requalificação da envolvência da igreja de Santa Maria, o projecto inicial foi, quase de certeza, elaborado "à tomarense", que o mesmo é dizer "em cima do joelho". E aprovado por quem nem sequer o analisou devidamente. Ou nem sequer sabe "ler projectos". Também há autarcas assim. Seja como for, aconteceu que, já para o final das obras, os nossos ilustres representantes (ou pelo menos alguns deles), uma vez substituído o grande Paiva, o infalível, começaram a achar que o terreiro junto a Santa Maria não ficava bem todo coberto de gravilha. Seguiu-se a usual algaraviada, com uns a defenderem a gravilha, outros a calçada de pedra miúda, outros a calçada de paralelos, outros a calçada de cubos, outros ainda lajedo. Tudo "porque sim", como argumentação. O costume por estas bandas. Venceram os do lajedo. Encomendaram-se as lajes, que a câmara ficou de mandar assentar, porque não faziam parte do projecto adjudicado. Vieram as lajes, foram deixadas ao ar livre, junto à velha torre sineira, que já viu muita coisa mas é muda. Os habituais vândalos de serviço terão esfregado as mãos de contentes e partiram a maior parte delas. Nova encomenda de lajes e entrega das mesmas. Concluíu-se então, ali nos Paços do Concelho, que para o transporte e assentamento era necessário uma máquina, que a autarquia não tinha (ou a que tinha estava avariada). Coidados dos construtores do castelo e do convento. Foram forçados a edificar tudo aquilo sem máquinas. Apenas com carros de bois, para o transporte. Finalmente lá apareceu a máquina nova. Começou o assentamento, com aquele problema das juntas de dilatação, entretanto resolvido com a compra de uns centos de "cruzetas", como convinha. Agora parece ir tudo bem, até que surjam novos episódios da saga tomarense. Que não vão tardar. Os responsáveis pelo POLIS, decorrido tão pouco tempo, já se lastimam que os tais vândalos de serviço (ou outros, pouco importa) destruíram ou avariaram até agora cerca de 150 "bicos de rega". Em tão pouco tempo, até causa admiração como tiveram coragem para tanto trabalho, em prol da comunidade à qual pertencem. São umas máquinas, alguns jovens actuais.

É no viveiro de sumidades e raridades cívicas que temos vindo a procurar caraterizar, que apareceu este comentário. Embora anónimo, não é difícil identificar a sua autoria. O estilo é 100% tomarense e as ideias alinhadas são como aquele algodão do anúncio televisivo -não enganam ninguém. Trata-se naturalmente de um eleito, agastado com os palermas dos analistas e críticos locais. Se nós, os eleitos, não lhes ligamos importância nenhuma, porque será que continuam a perder tempo com coisas que não lhes dizem respeito ?!
Donde a frase "É uma pena que percam tempo com disparates", maneira encapotada e polida de solicitar aos visados que façam o favor de deixar de tentar arranhar as partes baixas de quem procura cumprir o seu mandato com um mínimo de sobressaltos.
Segue-se o habitual estilo tomarense de politicar: "A Festa dos Tabuleiros e as evocações históricas do Concelho podem não ser a principal questão, mas que o seu desenvolvimento é de grande relevo para o futuro de todos nós, disso ninguém duvide." Resumidamente: ainda que pudessem ter alguma razão, não vos adianta, porque eu afirmo que é assim e assim será. Porque sim !
Ganda povo ! Gandas políticos ! Por isso estamos como estamos. E com evidente tendência para acelerar o descalabro. Até quando ?

3 comentários:

Maria disse...

Palavras para quê? Já todos sabemos o que a casa gasta.

Leonel Vicente disse...

Fomos hoje surpreendidos com uma triste notícia: o falecimento de Jorge Ferreira...

Para além - necessariamente em primeiro lugar - da família e dos amigos, é também a comunidade blogosférica e a comunidade tomarense que ficam irreparavelmente mais pobres.

Caro António Rebelo, pode indicar-me um seu e-mail de contacto? Obrigado.

Anónimo disse...

Concordo inteiramente. Estamos mais pobres e de luto. Deixou-nos prematuramente um homem que não pensava como eu em termos políticos, mas era um cidadão comprometido com o seu tempo e com esta terra onde leccionava no IPT. Paz à sua alma !

António Rebelo
lidiarrebelo@gmail.com