domingo, 9 de maio de 2010

OUSANDO, NEM SEMPRE CORRE MAL...

Foto 1 - Aspecto menos trivial do Mercado 1900. Fatos de época, bicicletas, uma medida para cereais, uma amassadeira e um fogareiro a carvão, com cafeteira de esmalte...

Foto 2 - Aspecto do certame, desta vez no Mouchão.

Foto 3 - Como era previsível, o açude feito à pressa e que por isso ficou aos SSS, remediou menos mal...

Foto 4 - ...mas aguentou pouco tempo. Para a próxima já estarão certamente de sobreaviso (?).

Esteve assaz composto de público visitante o Mercado 1900, usualmente feito na Praça do Município, de D. Manuel I ou da República. E, ao que nos disseram, os negócios até compensaram, apesar da crise e da chuva de ontem. (Ver fotos 1 e 2) Boa, portanto, a decisão do senhor vereador Luís Ferreira, que decidiu transferi-lo para o Mouchão. Por ser mais fresco e mais aconchegado, argumentação com a qual concordamos por inteiro. Quando e se, num futuro mandato, o Mouchão for devolvido ao seu figurino anterior, vai ser algo de maravilhoso. É para quando ?
Aproveitando a nossa passagem por ali, cumprimentou-se com cordialidade Luís Ferreira que, naturalmente, se lastimou da pancada que lhe temos arreado aqui no blogue. Foi-lhe respondido que os políticos devem ter uma certa dose de masoquismo, pois também são eleitos, entre outras coisas, para levarem trolha. E acrescentou-se que, se assim não fosse, para que serviria votar? O autarca socialista concordou. Foi então possível continuar uma conversa amena e animada, durante a qual até se alvitrou que o melhor será, no futuro, repartir o mercado entre os arcos dos Paços do Concelho e o Mouchão, fazendo-o todas as semanas, entre Abril e Setembro, primeiro com artesanato, bolos, produtos hortícolas e frutas, tudo com certificado de origem local; mais tarde, com garantia de origem local e biológica. O responsável pelo turismo municipal ficou de ir pensar na sugestão, que não lhe pareceu má, tanto mais que permitiria respeitar, ainda que minimamente, o local onde em 1900 se realizava o mercado da cidade.
Os menos conhecedores destas coisas da democracia (ou mais cínicos) dirão que, com amigos assim, Luís Ferreira não precisa de inimigos. Trata-se de uma opinião aceitável, à primeira vista. É, porém, nosso entendimento que os verdadeiros e leais amigos são aqueles que nos dizem frontalmente aquilo que pensam e nos mostram as coisas como elas são, mesmo que nada agradáveis. Pelo contrário, aqueles amigos que nos cantam sempre e só aquilo que sabem ser-nos agradável ao ouvido, não passam de falsos amigos e verdadeiros hipócritas, prontos a dizer exactamente o contrário nas nossas costas.
Dito isto, venham as luvas, para continuar o combate...de ideias, bem entendido!
Se o mercado foi um êxito, o Congresso da sopa não foi um malogro, mas pouco faltou. Choveu, não havia planeamento prévio, não havia, por isso, um Plano B, em caso de chuva. E choveu que se fartou, sendo indiscutível que o vereador responsável não pode ser culpado pelo estado do tempo, tanto mais que não é (ainda?) ele o manda-chuva local. Por enquanto tal função é exercida em part-time por dois eleitos (Relvas/Corvêlo) e um reformado político, reconvertido na indústria privada (Paiva).
O exemplo mais evidente de improvisação, de desenrascanço, de remedeio foi e é o açude de madeira. Feito a despachar, se calhar com pouca ou nenhuma vontade,(por via de certas ideias de boicote activo?), ficou torto, incompleto, com taipais em vez de erva, rama de pinheiro e areia, para que a roda andasse "para a fotografia". Trabalho tão atabalhoado que a velhinha nora árabe se limitou a um regime de pára-arranca, mais pára que arranca. Vinte e quatro horas depois, a estacaria cedeu do lado da Várzea Pequena (foto 4), tornando indispensável nova empreitada de construção. Desta vez em conformidade com as regras da arte, esperam os cidadãos atentos a estas coisas.
Com ou sem boa vontade, no sector público como no privado, com chuva ou com sol, de Verão como de Inverno, Tomar só conseguirá ultrapassar a crise de forma duradoura, e sair da cepa torta, se ousar e conseguir oferecer qualidade, variedade, honestidade e preços competitivos. Com exemplos tristes como este do Congresso da Sopa, em que os responsáveis máximos foram apanhados "com as calças na mão", o melhor será ter o passaporte em dia e ir procurando novos horizontes, mais vastos e risonhos. Ontem já era tarde!

2 comentários:

Anónimo disse...

Há coisas que eu não percebo, muito menos quando passadas em Tomar!
Então andam a promover arremedos de mercados estilo séc XIX e ao mesmo tempo querem acabar com o actual para erntregar o comércio alimentar ao lobby das grandes superfícies?
Não há dúvida que em Tomar tudo é virtual...

Anónimo disse...

Boa ideia transformar o Mouchão em mercado bisemanal já que para jardim deixou há algum tempo de ter condições. Há por aí até fundamentalistas que defendem que o mercado antigo devia ser composto com a presença de burros e mulas com as repectivas carroças, que seriam postos a pastar enquanto os seus donos vendem as batatas, cebolas, cenouras, nabos, couves, grelos, tudo produzido biologicamente em estufas à força debaixo da benção celeste na Andaluzia ou Estremadura espanholas.
Poder-se-ia contratar saltimbancos para alegrar (por que não os dreads papa-lume que costumam estar junto à igreja e S. João?), e, para não sermos acusados de sectarismo, incluir no pacote cultural os vendedores ciganos recorrendo à prata da casa...