Na intervenção anterior considerou-se que é praticamente impossível uma ampla coligação de esquerda, pelo que o PSD dispõe de considerável vantagem à partida, visto não ter concorrentes no lado direito do leque político. Disse-se igualmente que, no actual contexto e salvo ocorrência de factos extraordinários, os resultados de Outubro próximo poderão beneficiar a actual maioria autárquica e os seguidores de Pedro Marques.
Trata-se apenas de uma previsão intuitiva, sendo todavia certo que não se antevê, neste momento, qualquer força política local capaz de vir a conseguir uma maioria absoluta. O PSD porque sem Paiva e desgastado por múltiplas trapalhadas e obras onerosas, sem utilidade evidente. Os IpT porque, quase em final de mandato, ainda ninguém percebeu ao que vieram, muito menos o que teriam feito se, por bambúrrio, tivessam ganho as eleições anteriores. O PS porque teima em não aprender com a experiência acumulada, designadamente por ter apresentado a lista que apresentou no escrutínio anterior. E mais não se escreve para não ofender ninguém. A CDU porque, mesmo com Rosa Dias e uma intensa acção de propaganda porta a porta, tasca a tasca, café a café, oficina a oficina, escritório a escritório, nunca conseguiu mais que um vereador -o próprio Rosa Dias, que depois desertou, em condições ainda por esclarecer. O BE, finalmente, porque por estas paragens, tirando os esquerdistas de estimação, nunca virá a conseguir, pelo menos tempos mais próximos, votos suficientes para eleger sequer um vereador.
Nestas condições, afinal pouco importa saber quem conseguirá eleger dois vereadores, sendo certo que a compita terá lugar apenas entre o PSD, os IpT e o PS, dependendo antes de mais de quem conseguir eleger três. O importante é procurar saber antes, ainda durante a pré-campanha ou no mínimo antes da votação, quem fará acordos com quem e sobre quê, pois para poder governar a autarquia tomarense será indispensável essa convergência. E aqui reside o nó da questão. Quer queira quer não, a próxima maioria autárquica vai ter de implementar políticas fortemente impopulares, que poderemos designar genericamente como de aumentro das receitas e compressão das despesas. Aumento das receitas significa aumento de impostos, taxas, preços, licenças, etc. Compressão de despesas é igual a redução de pessoal, de regalias, de horas extraordinárias, de consumíveis, etc. Alguma das formações vencidas aceitará partilhar o carácter odioso de tais medidas, a troco de um ou dois "pratos de lentilhas"? Eis a questão, que aqui fica para meditação, enquanto ainda não é tarde.
Os tradicionais inconscientes, também conhecidos como fantasistas pelos adversários, e por optimistas pelos correlegionários, argumentarão que não será inevitável a tal acção tendente a obter mais receitas e diminuição das despesas. Esperam pelo que aí vem. De acordo com as melhores previsões, só lá para o segundo semestre de 2010 a situação económica começará a melhorar na Europa, sendo Portugal dos últimos países a sair da crise. Nessa altura, o desemprego rondará, no mínimo, os 12% (neste momento é de menos de 8%) e o défice estará en tre os 6 e os 8% do PIB. Com a autarquia atascada em dívidas, com a arrecadação de impostos a diminuir, com menos transferências do poder central, quem ousa sustentar que tudo deve continuar sem grandes e substanciais alterações? Só quem realmente nem sequer perceba o b-a-bá da economia. O mau tempo vem aí. Preparem-se!
6 comentários:
Porque é que os partidos de esquerda em Tomar e pelo país fora não querem fazer coligações? Porque os partidos estão tomados por caciques, "pandillas" e "gangs" que estão lá só para defenderem as suas posições, os seus interesses particulares e familiares. Toda a gente vê que essas pessoas decidem tudo à margem das estruturas partidárias e as reuniões oficiais estatutárias para tomar as decisões servem apenas para oficializar o que foi decidido fora do sistema partidário, através de arregimentação de um certo número de militantes a quem garantem a estabilidade actual e prometem a outros qualquer coisa, Os votos decisivos foram assegurados na "clandestinidade". Com este procedimento vão-se perpetuando nas suas posições (na esfera estatal, já se vê). É só por isso, e depois respondem que este ou aquele é transfuga porque não foi nomeado para cargo nenhum, o que nalguns casos até é verdade, mas na maioria deles é uma atitude de revolta contra o golpismo que impera nas suas estruturas. Para eles, ganharem umas eleições é assegurarem ou ganharem uma posição paga pelo OE. É tão simples como isto. E o que é que se pode esperar de estruturas partidárias dominadas por funcionários públicos?
Não tenho nada contra os funcionários públicos, mas a realidade, quer se queira, quer não, é que o funcionário público, na sua maioria, sempre se assume "como símbolo de poder e relevância social e, de outro, alvo de críticas desabonadoras, porém sempre desejado nas várias camadas da sociedade, para quem o trabalho está associado à escravidão e à baixa condição social e as relações dos homens livres baseadas no favor, em que o emprego constituía-se numa das formas que permitia aos não-proprietários se integrarem à classe dos que o eram". Essa tradição cultural ainda tem peso no funcionalismo público actual, e não só em Portugal. Ora, esta cultura é avessa a coligações, a alianças. É mais propensa a servir hierarquias. O PS indicou o seu candidato Santarém e vejam de onde ele vem...
(Desconheço a fonte da parte que citei, faz parte de umas notas que guardei de algo que li sobre o assunto, mas não escrevi a fonte).
Isto passa-se no nosso sistema partidário. Nós somos governados por gente pouco ambiciosa, acomodada, mais adequada a ser governada que a governar.
Em Tomar a esquerda nunca se entendeu - mesmo após as eleições - porque o sectarismo cego de dirigentes do PS nunca o permitiu!
É uma triste realidade!
São sempre os gajos do ps a serem sectários. Claro. Eles que têm sempre muito mais votos do que os outros é que se deviam ir "oferecer" para integrar LISTA UNITÁRIAS de esquerda, sob a coordenação do controleiro local ou regional do pc ou dos trostkista do bloco. Está de ver!
E quem é que disse que o PS é de esquerda?
Há muitos anos - pelo menos desde 1978 - que não o é. Mas há sempre gente que vive noutro mundo.
Uma coisa é certa quaiquer 6500/7000 votos vão chegar para ganhar as eleições.
Há muitos hipoteses .
Consta que os Ipt vão desistir
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