AUTO-ESTIMA E ALERGIA

É geralmente sabido, por essa Europa fora, que somos um povo assaz peculiar. Além de comermos sardinhas assadas, temos um curioso exclusivo -em nenhum outro país do mundo existem dois partidos social-democratas, um dos quais cada vez mais à direita. Não espantará, por isso, que numa pequena cidade como a nossa, que todavia se julga, pela boca de alguns responsáveis, um boa cidade média, haja duas candidaturas independentes e um total de sete forças concorrentes à autarquia. Se em relação aos dois grupos de independentes há mais dois exemplos -Amadora e Marvão- sete candidaturas julgamos ser caso único. Os jornalistas de Lisboa é que ainda não deram relevo ao assunto, que Tomar ainda fica fora de mão e costuma receber mal os profissionais da informação. E sem os conhecidos entraves legais, como por exemplo a necesidade de apresentar cerca de mil e novecentas assinaturas de proponentes, para cada lista de independentes, é muito provável que tivéssemos bem mais de 7.
Tudo isto porque a situação política local é de nítido desalento, conforme já aqui foi referido, o que aliado à tradicional carência de auto-estima e nítida alergia ao progresso e às necessárias alianças negociadas, determina desconfiança em relação a todos os candidatos. Daqui resulta igualmente que, em geral e neste momento, o eleitorado pode ser dividido em dois grandes grupos: 1 -os que já sabem em quem vão votar, mas não sabem porquê; 2 -os que não têm vontade nenhuma de ir votar, por considerarem que não há escolha.
Porque consideramos que é um dever cívico e uma obrigação de todos os democratas exercer o direito de voto, decidimos contribuir, na modesta medida das nossas capacidades, para o desvanecimento da presente nuvem de morosidade e descrença, que assola a cidade e o concelho.
De acordo ! Nenhum dos candidatos beneficia, pelo menos para já, de um consenso largamente maioritário. Uns por isto, outros por aquilo, todos parecem igualmengte longe do candidato ideal, que obviamente só existirá nalgumas cabeças, mais dadas a estas coisas da política. O que não significa de modo algum que os concorrentes em presença não tenham qualidades. Bem vistas as coisas, é muito provável que se conseguisse constituir uma boa câmara com os sete. O obstáculo é que todos eles se consideram galos para a mesma capoeira, pelo que haverá sempre seis que estarão a mais. Porque assim é, no sentido de ajudar os nossos concidadãos a decidir qual o seu voto, aqui vão as duas principais qualidades que até agora conseguimos detectar em cada um dos candidatos (por ordem alfabética do último nome):
António Godinho (BE) - Imaginação e poesia ecológica
Bruno Graça (CDU) - Organização e persistência
José Lebre (TPL) - Frontalidade e autoridade
Pedro Marques (IpT) - Experiência e peso específico
Ivo Santos (CDS) - Dinamismo e coragem
Corvelo de Sousa (PSD) - Sensibilidade e diplomacia
Becerra Vitorino (PS) - Elegância e Convencimento

Munidos destes primeiros elementos, das declarações dos próprios, dos respectivos programas e das campanhas eleitorais que aí vêm, dispõem os eleitores de abundante material de estudo aprofundado, antes de introduzirem o voto na urna, no dia 11 de Outubro próximo. Depois não digam que não tentámos ajudar!