quarta-feira, 16 de setembro de 2009

REALIDADE E PROGRAMAS ELEITORAIS

Como é natural, iniciada a campanha para as legislativas, a preparação das autárquicas passou para segundo plano, pelo menos em termos de comunicação social nacional. Convirá por isso tentar perceber em que ponto estamos, aqui pelas bandas do Nabão. Das sete forças políticas concorrentes, seis já apresentaram cada uma o seu programa eleitoral, no todo ou em parte. Falta portanto uma, exactamente a que neste momento ocupa o poder local, que já nas eleições anteriores se "esqueceu" de apresentar um programa consistente, contentando-se com frases bonitas e um candidato que, segundo as eleitoras, também não é nada de deitar fora. Está tudo dito e entendido.
Lidos com vagar e atenção todos os programas, ou excertos programáticos, já trazidos ao conhecimento dos eleitores, manda a verdade dizer que nenhum deles nos parece susceptível, no seu estado de elaboração actual, de poder vir a ser base de trabalho suficiente para começar a resolver a crise local. O que não significa de modo algum que sejam inúteis. Pelo contrário. Há em cada um deles, na nossa modesta opinião, material bastante útil para eventual uso futuro. Algum desse material possui até uma característica que não tem sido nada comum em programas eleitorais anteriores. Geralmente, todas as forças têm tendência para prometer as mesmas farturas, as mesmas maravilhas, as mesmas facilidades. Apenas se esquecem sempre de indicar como pensam financiar tudo isso.
Desta vez, porém, talvez por causa do acentuar da crise local, ou devido ao sensível aumento da contestação à actual maioria autárquica, parece haver muito mais realismo, pelo menos no estado actual das coisas. Acontece até, ignoramos se por mero acaso, se deliberadamente, que em vez de proporem todos as mesmas coisas, os agrupamentos concorrentes desta vez esmeraram-se. A maioria das propostas que lemos são não só diferentes, como até complementares e compatíveis nalguns aspectos.O mesmo é dizer que, no nosso entendimento, apontam na direcção correcta, conquanto estejam longe de constituir, por si sós, um adequado documento operacional, entendendo-se neste caso por operacional as instruções completas, não só para ler mas, sobretudo, para fazer.
Nesta altura do campeonato, não seria correcto da nossa parte divulgar tais propostas, pois isso iria quebrar a nossa propositada neutralidade, e provocaria a imediata cópia por todos os outros concorrentes. Assim sendo, que os eleitores tomarenses sosseguem um pouco. Há boas propostas em quase todas as listas, sendo que essas propostas, articuladas umas com as outras e adequadamente completadas, poderão vir a colocar-nos novamente na rampa do progresso. Cuidado porém! Nunca as coisas mudaram tão rapidamente à nossa volta, pelo que aquilo que agora é adequado, amanhã, dentro de uma semana, ou no próximo mês, poderá já estar irremediavelmente ultrapassado. Quer queiramos ou não, temos de aceitar que o tempo dos projectos com princípio, meio e fim, seguidos do tradicional repouso à sombra dos louros conquistados, esse tempo já foi. Agora é a evolução cada vez mais rápida e a forçada adaptação à realidade envolvente, numa constante caminhada rumo ao futuro. Sem escolha possível. Ou nos adaptamos constantemente, aperfeiçoando o que ainda for aperfeiçoável e abandonando o obsoleto, ou ficamos irremediavelmente para trás. Dado que o comboio do progresso nunca passa duas vezes na mesma estação, se nele não conseguirmos lugar quando passar, depois será o cabo dos trabalhos até que passe o próximo. E será, de qualquer modo, conveniente perceber quanto antes que a realidade envolvente nunca vai mudar de acordo com aquilo que nos convém. Nós é que temos de nos adaptar à realidade. E quanto mais tarde isso acontecer, pior!

1 comentário:

Pensamentos soltos disse...

Os homens andam cheios de "trabalho",a quemar os ultimos "cartuchos" vais ver que ainda aparece...